CPRecife4: Campuseiras programadoras driblam preconceito e marcam presença

Felipe Silva
Felipe Silva
Publicado em 24/07/2015 às 21:25

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Gláucia lida diariamente com o preconceito dos colegas de trabalho Gláucia lida diariamente com o preconceito dos colegas de trabalho

A Campus Party já é, naturalmente, um evento que conta com um público mais masculino. As áreas de exatas e que envolvem tecnologia de modo geral são, em sua larga maioria, redutos para os rapazes. Apesar disso, o número de campuseiras vem crescendo e as programadoras, meninas que desenvolvem e fazem manutenção de softwares - vieram marcar presença e mostrar que são boas naquilo que fazem como forma de driblar os preconceitos dos meninos.

Gláucia Lins, 21 anos, estuda Gestão da Informação na Universidade Federal de Pernambuco. Em sua sala, por exemplo, tem cinco meninas - para um grupo de 15 meninos. A situação se agrava em seu trabalho, quando para um grupo de aproximadamente 25 profissionais, ela é a única mulher.

"O mercado de trabalho nessa área precisa de mulheres e não percebeu isso ainda. Nós somos mais pacientes na hora de revisar, somos mais detalhistas. Posso dizer isso baseada na minha rotina de trabalho", conta Gláucia. A divisão entre homens e mulheres é tão clara que se tem um problema de programação a ser resolvido, os homens preferem chamar um amigo que senta longe a ela, mesmo ela estando na cadeira ao lado.

11798599_10206163863069465_417706899_n A potiguar Danielle acredita que o fato das mulheres serem minoria é algo cultural

Em contrapartida, Danielle Montenegro, 34, acha que a falta de mulheres na área não é por ser "coisa de homem", e sim uma questão cultural: "Quando criança nós temos quartos de boneca, enquanto que os meninos tem brinquedos eletrônicos, o que acaba influenciando nas nossas escolhas futuras". Ela afirma que não há distinção entre ela e seus colegas de trabalho, especialmente no salário, que é igual. A potiguar, que é analista de sistemas, faz também mestrado em computação.

CODE GIRL

O code girl é um projeto que estimula a participação feminina no Mercado de Tecnologia da Informação (TI). Para Cláudia Ribeiro, representante do projeto e professora de computação da IFRN (Instituto Federal do Rio Grande do Norte), a ideia principal do projeto é mostrar as diversas áreas que existem neste nicho: programação, gerência de projetos, análises, tudo isso para incluir as meninas neste nicho.

Integrantes do Code Girl. Da esquerda para a direita: Gabriel Lau, Cláudia Ribeiro e Nayara Rocha Integrantes do Code Girl. Da esquerda para a direita: Gabriel Lau, Cláudia Ribeiro e Nayara Rocha

"Estamos preocupados com a pouca participação feminina. Nós mulheres usamos as tecnologias, mas não estamos fazendo parte da concepção e design dos softwares e precisamos mudar isso", comenta a professora.

Technovation é só para meninas

O Technovation é uma competição mundial exclusiva para meninas de 10 a 18 anos que tem como objetivo criar um aplicativo para resolver algum problema social. As ganhadoras da competição nacional deste ano são todas recifenses e estavam também na Campus Party Recife.

Ganhadoras do Technovation. Da esquerda para a direita: Jacqueline Alves (17), Gabrielle Lopes, Leonor Vitória e Jaqueline Rodrigues, todas de 16 anos Ganhadoras do Technovation. Da esquerda para a direita: Jacqueline Alves (17), Gabrielle Lopes, Leonor Vitória e Jaqueline Rodrigues, todas de 16 anos

O aplicativo criado por elas era sobre economizar água e tinha também um game. Para Gabrielle Lopes, 16, a competição mostra que não só tem homens envolvidos nas novas tecnologias: "A partir deste programa os próprios homens passam a nos enxergar como parte desta área também", comenta. O grupo de quatro meninas conta com três designers e uma programadora.

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