Conheça as condições em que são ofertadas vacinas em calendário diferenciado

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 12/03/2019 às 9:53
Pacientes que apresentam algum tipo de imunodeficiência, doenças crônicas (como câncer) e autoimunes podem receber atendimento no Crie, desde que sejam encaminhados pelo médico e apresentem a solicitação do imunobiológico (ou vacina) com justificativa para receber as doses (Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem)
Pacientes que apresentam algum tipo de imunodeficiência, doenças crônicas (como câncer) e autoimunes podem receber atendimento no Crie, desde que sejam encaminhados pelo médico e apresentem a solicitação do imunobiológico (ou vacina) com justificativa para receber as doses (Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem) FOTO: Pacientes que apresentam algum tipo de imunodeficiência, doenças crônicas (como câncer) e autoimunes podem receber atendimento no Crie, desde que sejam encaminhados pelo médico e apresentem a solicitação do imunobiológico (ou vacina) com justificativa para receber as doses (Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem)

O último dia da série, iniciada domingo (10), destaca o calendário diferenciado seguido por pessoas com imunidade comprometida

Faz pouco mais de um ano que o gráfico aposentado Fernando de Albuquerque Melo, 73 anos, foi submetido ao transplante autólogo de medula óssea (procedimento em que o paciente recebe o próprio tecido que fica no interior dos ossos responsável por fabricar células sanguíneas) como parte do tratamento do mieloma múltiplo – câncer das células plasmáticas, um tipo de glóbulo branco na medula óssea. Após o transplante, Fernando perdeu a memória imunológica das vacinas realizadas ao longo da vida, assim como acontece com milhares de pacientes que passam por algum procedimento do mesmo tipo. Para ter de volta a proteção, ele segue um calendário diferenciado num dos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (Crie). Dezenas de unidades do serviço estão espalhadas pelo Brasil e são vinculadas ao Programa Nacional de Imunização (PNI).

No Recife, o Crie fica no Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), no bairro de Santo Amaro, área central da cidade. “Depois do transplante, precisei tomar todas as vacinas novamente, seguindo orientação médica. Já recebi aplicações de várias doses”, conta Fernando, que esteve no centro, na última sexta-feira (8), acompanhado da esposa, Marilurdes Melo, para continuar a rotina de imunização contra doenças. “Ela está comigo em todos os momentos e sempre me acompanha no dia em que venho atualizar o cartão de vacinas.”

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Chefe do Setor de Infectologia Pediátrica do Huoc, a infectopediatra Angela Rocha explica que pacientes que apresentam algum tipo de imunodeficiência, doenças crônicas (como câncer) e autoimunes podem receber atendimento no Crie, desde que sejam encaminhados pelo médico e apresentem a solicitação do imunobiológico (ou vacina) com justificativa para receber as doses.

São mais de 50 indicações para receber vacinas contra hepatite A, varicela e pneumococo, entre outras. “São pacientes que precisam de um acompanhamento, para fazer as imunizações, diferente do que é ofertado na rotina das Unidades Básicas de Saúde. Em alguns casos, por exemplo, é preciso tomar uma segunda dose da vacina contra hepatite A (no calendário comum, é dada uma aplicação aos 15 meses de vida) e uma terceira dose contra HPV (normalmente são duas aplicações). Já as pessoas que passaram pelo transplante de medula óssea refazem todo o calendário vacinal a partir de quatro meses após o procedimento. Elas começam do zero, como se nunca tivessem se imunizado”, frisa Angela Rocha.

A médica acrescenta que, para os pacientes submetidos a transplantes de órgãos sólidos (como coração, fígado e rins), é necessário analisar cada caso individualmente. “Geralmente as medicações administradas após o procedimento, para evitar a rejeição do órgão, podem baixar a imunidade. Assim, é preciso analisar se novas vacinas devem ser aplicadas”, diz Angela Rocha. Ela ressalta ainda a importância de os pacientes acompanhados pelo Crie não deixarem de se proteger. “A nossa orientação é que o médico avalie o melhor momento em que as vacinas devem ser aplicadas para que o paciente com baixa imunidade alcance benefícios para a saúde”, acrescenta.