Coqueluche: baixa cobertura vacinal entre gestantes alerta sobre riscos da doença em bebês

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 11/03/2019 às 10:56
Ao ser vacinada, a gestante zela pela própria saúde e transfere anticorpos ao bebê, que fica protegido nos primeiros meses de vida até que possa completar o esquema vacinal (Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem)
Ao ser vacinada, a gestante zela pela própria saúde e transfere anticorpos ao bebê, que fica protegido nos primeiros meses de vida até que possa completar o esquema vacinal (Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem) FOTO: Ao ser vacinada, a gestante zela pela própria saúde e transfere anticorpos ao bebê, que fica protegido nos primeiros meses de vida até que possa completar o esquema vacinal (Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem)

Do calendário da gestante, fazem parte três vacinas. Entre elas, uma tem especialmente acendido a luz vermelha em Pernambuco: a dTpa (tríplice bacteriana acelular que protege contra difteria, tétano e coqueluche), exclusiva para grávidas na rede pública. A cobertura, no ano passado, ficou em 66,3% no Estado, enquanto a meta é atingir 95% desse público. Ao ser imunizada, a gestante zela pela própria saúde e transfere anticorpos ao bebê, que fica protegido nos primeiros meses de vida até que possa completar o esquema vacinal. “Em todas as gestações, a partir da 20ª semana, é necessário tomar a vacina, mesmo nas situações em que a mulher já tenha tomado a dose anteriormente”, esclarece a coordenadora do Programa de Imunização da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Ana Catarina de Melo.

Os municípios também apresentam baixa adesão à vacinação dTpa. Em 2018, as coberturas foram de 65% no Recife, 35% em Olinda e 38% em Jaboatão dos Guararapes, segundo os dados disponíveis no sistema do Programa Nacional de Imunizações. “Essas taxas são inexplicáveis”, acentua o médico Eduardo Jorge da Fonseca Lima, presidente da Sociedade de Pediatria de Pernambuco.

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A representante comercial autônoma Manacelly Barros, 33 anos, está grávida e protegida contra difteria, tétano e coqueluche. “Acredito que é fundamental manter a caderneta de vacinação atualizada ao longo da vida. Por isso, também não perco a oportunidade de levar meus filhos aos postos para a prevenção contra doenças”, conta Manacelly, que foi recentemente à Policlínica Lessa de Andrade, no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife, para o filho, Nicolas Pereira, 11, receber os reforços da meningocócica C, além da vacina contra difteria e tétano. “Daqui a uns dias, voltamos para a primeira dose contra HPV.” A filha, Nicole, 7, também acompanhou a mãe e o irmão, mas não precisou se imunizar, pois está com o cartão atualizado.

Ainda para a gestante, as vacinas contra gripe e hepatite B (administrada caso não tenha se imunizado anteriormente) também devem ser aplicadas nessa fase da vida da mulher. “A gripe tem uma particularidade para as grávidas, que têm redução da capacidade pulmonar e diminuição da imunidade natural. Por isso, elas se tornam um grupo de alto risco para complicações graves decorrentes da influenza, caso não sejam imunizadas”, alerta Eduardo Jorge.

O médico acrescenta que, ao ser vacinada, a gestante protege também o feto, pois os anticorpos ultrapassam a barreira placentária. Isso faz com que o bebê fique protegido até seis meses após o nascimento, quando está liberado para se imunizar contra influenza. “Estudos ainda revelam que, no primeiro ano de vida, há uma queda na internação por pneumonia de bebês cujas mães se vacinaram quando estavam grávidas.” A imunização contra a influenza é eficaz e segura para mãe e bebê. A dose é única e está recomendada no período da sazonalidade do vírus, mesmo no primeiro trimestre de gestação.