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Union-Hertha, um derby histórico à sombra do Muro de Berlim

Karoline Albuquerque
Karoline Albuquerque
Publicado em 01/11/2019 às 17:44
Fotos: AFP
Fotos: AFP

Da AFP - Com o primeiro derby de Berlim na Bundesliga, os fãs de futebol da capital alemã viverão um dia histórico no sábado (2), quando ou será renovada a eterna rivalidade esportiva ou dominará o espírito fraternal da Reunificação.

"Será uma partida muito especial, ainda mais por acontecer 30 anos depois da queda do Muro", disse à AFP Elmar Werner, de 65 anos e torcedor desde 1979 do Union, clube da Berlim Oriental, cujas arquibancadas recebiam na época vários opositores do regime comunista.

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Já o Hertha é o grande clube da Berlim Ocidental, e sua história é muito diferente.

A história do Berlim não se parece com a do Liverpool, Glasgow, Sevilla ou Roma, cidades europeias que contam com dérbis especialmente tensos e emblemáticos. "Não temos nada contra o Hertha", avalia Elmar Werder, para quem esta partida é "uma bonita oportunidade para a unidade".

Outro torcedor histórico do Union de Berlim, Andreas Cramer (60 anos), endossa essas palavras: "Naquele tempo, alguns torcedores do Union até torciam pelo Hertha, principalmente quando jogava nas competições europeias. Mas quando o Muro caiu nos tornamos competidores".

Grande festa

Os torcedores mais velhos lembram do primeiro jogo entre as duas equipes, um amistoso em janeiro de 1990 que acabou virando uma festa popular, dois meses e meio depois da queda do Muro.

As duas equipes se enfrentaram depois em quatro oportunidades, todas elas na segunda divisão (temporadas 2010-2011 e 2012-2013).

Berlim Oriental teve sua dose de rivalidade futebolística e política com os duelos do Union e o Dinamo, a equipe apoiada pela Stasi, a polícia secreta do regime da República Democrática Alemã (RDA).

Nos dérbis contra o Dinamo (que agora está na quarta divisão), a torcida do Union costumava gritar "O Muro tem que desaparecer!" quando os jogadores adversários formavam uma barreira nas faltas.

Trinta anos depois, os torcedores de Hertha e Union, que durante os anos da divisão confraternizaram tanto, se perguntam como será essa nova rivalidade nos próximos anos.

"Fiquei muito feliz quando subiram para a primeira divisão" no final da última temporada, conta Manon Düring, uma torcedora do Hertha de 55 anos.

"Cresci com o Muro, Berlim tem muito a oferecer, mas a cidade precisa de uma cultura futebolística forte. É uma chance para que a gente se livre dessa divisão política Leste-Oeste e de unificar a cidade", acrescenta ela.

Torcedores voluntários

"Não acredito que o derby vá se transformar em algo pesado", diz Daniel Rossbach, de 29 anos e torcedor do Union. "Mas haverá rivalidade", aponta.

Para Timo Dobbert, um torcedor do Hertha, temos a chance de criar uma cultura diferente, como Berlim tem feito em outros campos que vão além do esporte: "Acho que seria formidável se Berlim se tornasse a única cidade da Europa onde os clubes da primeira divisão e seus torcedores são solidários entre eles".

"Berlim, o Hertha e o Union, poderão se tornar o símbolo vivo da história desta cidade, que ficou dividida e depois se reunificou. Algo que a gente não vê em outro lugar", sentencia.

A partida de sábado será disputada no pequeno e pitoresco estádio do Union, o Alten Försterei, onde os 22.000 espectadores são conhecidos por seu entusiasmo e o barulho que produzem.

Além disso, o estádio pertence de certa forma aos torcedores, já que eles acumularam 140.000 horas de trabalho voluntário para sua reconstrução na temporada de 2008-2009.

O futuro do derby dependerá também do Union de Berlim, que está na parte baixa da tabela e que terá que lutar para continuar na elite.

Três décadas depois da queda do Muro, o pequeno clube é o único dos que existiam na extinta Alemanha Oriental a jogar na primeira divisão. Outros dois sobrevivem na segunda divisão: o Dynamo Dresden e o Aue.

Os outros caíram para divisões inferiores, prejudicados pela falta de uma estrutura econômica de apoio e sem capacidade para reter seus melhores jogadores.

O RB Leipzig é uma exceção. Foi fundado 20 anos depois da queda do Muro em uma cidade que ficava na Alemanha Oriental, impulsionado pelo dinheiro da multinacional Red Bull.

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