Facebook retira do ar contas de membros ligados ao MBL

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 25/07/2018 às 12:20
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AFP PHOTO / Christophe SIMON FOTO: AFP PHOTO / Christophe SIMON

Com Estadão Conteúdo

O Facebook retirou do ar cerca de 196 páginas e 87 contas no país nesta quarta-feira (25). O motivo é que, segundo a rede social, as contas e páginas faziam parte de "uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook".

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Algumas destas contas são de usuários que pertencem ao Movimento Brasil Livre. Em nota, o grupo afirmou que vários coordenadores do movimento tiveram as contas retiradas do ar pela empresa.

Segundo o MBL, as contas estavam "em dia" com a rede social. "Muitas dessas contas possuíam dados biográficos estritos, [...] informações verificáveis tornando, portanto, absurda a acusação de que se tratavam de contas falsas".

O grupo também comentou sobre a série de páginas que foram excluídas sob a alegação de propagaram fake news. O MBL afirmou que as páginas não divulgavam notícias falsas, mas expunham ideias conservadoras. "O Facebook também desativou algumas páginas de alcance nacional, as quais, comandam meio milhão de seguidores, entre informar e divulgar ideias liberais e conservadoras - o que não é crime". O grupo ainda atacou o Facebook dizendo que a empresa é "alvo de atenção internacional, por conta do viés político e ideológico".

De acordo com a empresa, as contas e páginas "escondiam das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação". O comunicado do Facebook não identificou as páginas ou usuários envolvidos, mas, de acordo com a agência Reuters, as contas eram de membros do grupo MBL.

Líder do MBL comenta o caso

O líder do MBL e pré-candidato a deputado federal pelo DEM, Kim Kataguiri, admitiu que apenas uma das páginas retiradas do ar pelo Facebook nesta quarta-feira (25), Brasil 200, é ligada ao MBL. Ele negou as acusações de fake news e disse que vai entrar na Justiça.

A página Movimento Brasil 200 é do empresário Flávio Rocha, que desistiu de concorrer à Presidência na semana passada. Ele era apoiado pelo MBL na disputa pelo Planalto.

"Tinha uma que era, sim, ligada à gente, que é a Brasil 200. Mas a do Diário Nacional e do Jornal Livre não, são parceiros nossos", disse Kim, após participar na plateia do Fórum Reconstrução Brasil, promovido pelo grupo Estado.

"São infundadas as acusações", completou. O jovem, que participou das manifestações pró impeachment, disse ainda que o grupo vai entrar na Justiça contra a ação.

Segundo Kim, perfis de membros do MBL que não administravam a página Brasil 200 também foram tiradas do ar. Ele alega ainda que o Facebook não avisou que tiraria as páginas do ar por alegação de fake news.

"Quebra contratual a partir do momento que promete tratar os usuários de maneira isonômica. Tem uma violação de direito privado patente", completou.

Confira o posicionamento oficial do Facebook:

"O Facebook dá voz a milhões de pessoas no Brasil, e queremos ter a certeza de que suas conversas acontecem em um ambiente autêntico e seguro. É por isso que nossas políticas dizem que as pessoas precisam usar suas identidades reais na plataforma.

Como parte de nossos esforços contínuos para evitar abusos e depois de uma rigorosa investigação, nós removemos uma rede com 196 Páginas e 87 Perfis no Brasil que violavam nossas políticas de autenticidade. Essas Páginas e Perfis faziam parte de uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação.

As ações que estamos anunciando hoje fazem parte de nosso trabalho permanente para identificar e agir contra pessoas mal intencionadas que violam nossos Padrões da Comunidade. Nós estamos agindo apenas sobre as Páginas e os Perfis que violaram diretamente nossas políticas, mas continuaremos alertas para este e outros tipos de abuso, e removeremos quaisquer conteúdos adicionais que forem identificados por ferir as regras.

Nós não queremos este tipo de comportamento no Facebook, e estamos investindo fortemente em pessoas e tecnologia para remover conteúdo ruim de nossos serviços. Temos atualmente cerca de 15 mil pessoas trabalhando em segurança e revisão de conteúdo em todo o mundo, e chegaremos ao fim do ano com mais de 20 mil pessoas nesses times.

Contamos com as denúncias da nossa comunidade a respeito de conteúdos que possam violar nossas políticas e usamos tecnologia como machine learning e inteligência artificial para detectar comportamento ruim e agir mais rapidamente."

Confira na íntegra a nota do Movimento Brasil Livre: