Palestra online esclarece dúvidas e mitos sobre o Aedes aegypti

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 08/01/2016 às 17:56
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Imagem de larvas do Aedes aegypti (Foto: Alexandre Gondim / JC Imagem) Repelentes, formas de transmissão, sintomas das doenças transmitidas pelo vetor e outras questões sobre o Aedes aegypti foram tratadas em seminário online (Foto: Alexandre Gondim / JC Imagem)

Eficácia dos repelentes disponíveis no mercado, diferenças entre as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, formas de proteção contra os mosquitos. Esses foram os principais assuntos tratados no seminário online e gratuito promovido pelas marcas SBP e Repelex na tarde desta sexta-feira (8). As principais dúvidas dos internautas foram respondidas pelo infectologista Jean Gorinchteyn, mestre em doenças infecciosas, e pela dermatologista Adriana Salgado, mestre em dermatologia pela Universidade de São Paulo (USP).

Com mediação da jornalista Tamara Foresti, a palestra teve duração de pouco mais de uma hora, sem intervalos. Entre as perguntas respondidas pelos especialistas, questões enviadas pelo público das blogueiras Shirley Hilgert (do blog Macetes de Mãe) e da recifense Anandas Urias (do Mãezice, em parceria com o blog da Tia Mari) e outras enviadas diretamente pelos participantes do debate no endereço virtual.

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Para abrir a palestra, o infectologista Jean Gorinchteyn, do Instituto Emílio Ribas, traçou um panorama sobre o histórico da dengue no País. "A dengue ganhou notoriedade porque a forma de transmissão é através de um vetor, o Aedes, que tem fácil adaptação no meio urbano e a partir disso faz suas deposições dos ovos por onde passar. É uma doença que, infelizmente, não está sob controle. Porque nós conseguimos fazer o controle na nossa casa, mas não conseguimos fazer o controle na casa do vizinho. É por isso mesmo que nós temos que fazer nossa parte", ressaltou o Gorinchteyn.

Já a dermatologista Adriana Salgado pontuou a importância do uso de repelentes cosméticos para se proteger do mosquito, além de citar as outras diversas maneiras de proteção. "Os repelentes cosméticos presentes no mercado e regularizados pela Anvisa são armas muito importantes contra a picada do Aedes. É necessário sempre observar a orientação do fabricante sobre a maneira que o repelente deve ser usado. Além dos repelentes cosméticos, temos também os repelentes de tomadas e os inseticidas para a casa. Todo esse arsenal ajuda a nos protegermos", explicou.

A dermatologista respondeu diversas questões sobre o uso de repelentes, tanto em bebês, quanto em crianças e adultos. Segundo a médica, os produtos disponíveis no mercado apenas são liberados pela Anvisa para crianças a partir de dois anos. Pequenos com idades inferiores devem ser protegidos de outras maneiras, como as barreiras físicas (roupas longas, telas, mosquiteiros) e produtos extras (repelentes de tomada, inseticidas).

Aqueles que usam o repelente diversas vezes ao dia deve tomar cuidado e evitar o hábito. "A recomendação da maioria dos repelentes é que se passe o produto no máximo três vezes ao dia. Extrapolar esse número pode trazer riscos de sensibilidade, alergia, intoxicação e até problemas respiratórios", alertou a dermatologista. Receitas caseiras de repelentes também foram tratadas no seminário. "Há que ter muito cuidado com essas receitas caseiras, aqueles produtos ditos naturais. Não tem nenhum estudo científico que comprove a eficácia dessas substâncias. Alguns, inclusive, podem causar queimaduras, bolhas e outras alergias", alertou a médica.

E a clássica dúvida sobre se há algum problema em dormir com repelente? Também foi respondida no debate. "É mais sensato deixar o repelente cosmético nas áreas expostas no período em que você estiver fora de casa. Quando for dormir, o ideal é utilizar as outras armas de proteção. Isso porque a duração do repelente pode não ser o suficiente para o período em que estivermos dormindo", explicou.

Sobre o mito de que o mosquito Aedes voa a baixas alturas e que picaria mais as pernas e os pés, Gorinchteyn explicou a questão enviada pelos internautas. "O mosquito consegue voar até 1m30 de altura, mas ele tem uma facilidade de atingir alturas maiores, ao chegar em andares de edifícios altos pelos elevadores ou escadas, por exemplo. Ele também, uma vez dentro do apartamento, pode voar de sacada a sacada", explicou.

O receio de que o zika vírus possa ser transmitido pela amamentação foi contestada pelo médico no seminário. "A única transmissão de vírus através do leite é o do HIV", atestou. Transmissão via relação sexual também foi rebatida pelo infectologista, que discorreu sobre casos pontuais registrados e falta de evidência comprovada.

Também foi assunto do seminário online a aprovação do registro da primeira vacina contra a dengue no Brasil. A internauta questionou se a vacina eliminaria o risco do paciente contrair a doença. "Estamos vivendo, em algumas cidades do Brasil, verdadeiras epidemias. Apesar da vacina não ter 100% de eficácia, ela diminuiria um terço de casos de dengue. Mas, mesmo com a eficácia menor, ela reduziu, no grupo estudado, 95% dos casos mais graves da doença. Neste cenário, é uma vacina que vem para nos ajudar", defendeu Gorinchteyn.

Os internautas que não tiveram suas dúvidas esclarecidas pelos especialistas durante a palestra online podem ficar tranquilos. A organização do debate afirmou que as perguntas pendentes serão respondidas individualmente pelos especialistas e enviadas para os emails dos participantes ou divulgadas nos sites das blogueiras convidadas. A iniciativa fez parte da campanha Todos juntos contra a dengue: proteção dentro e fora de casa.