"Hoje temos essa onda conservadora na sociedade e na política", diz Leandra Leal

Mirella Martins
Mirella Martins
Publicado em 20/06/2017 às 12:30
Leandra Leal (Foto: Divulgação)
Leandra Leal (Foto: Divulgação)

Leandra Leal deu uma entrevista ao jornal O Globo, em que fala sobre o seu novo trabalho, o filme Divina Divas, que mostra a trajetória de oito travestir pioneiras no Brasil. A atriz, diretora da produção, afirmou que o Brasil vive uma onda de conservadorismo e intolerância.

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"Quando elas começaram no palco, viviam numa ditadura. Existia menos liberdade. Não podiam andar montadas na rua, por exemplo, mas havia o teatro e um público interessado nelas. Naquela década, a palavra 'travesti' nem sequer era conhecida, mas era cercada de glamour e gerava curiosidade. Hoje temos essa onda conservadora na sociedade e na política. Vivenciamos a intolerância e o ódio, a falta de conhecimento e de capacidade de se colocar no lugar do outro", disse Leandra.

"Não sei se dá para ficar pior do que já está"

 

Questionada sobre a política, ela apontou: "Não sei se dá para ficar pior do que já está. Estamos numa situação muito punk, no fundo do poço mesmo. Mas meu filme é a minha contribuição para os tempos de hoje". Leandra Leal ainda comentou em relação às travestis.  "Vejo pessoas sem contato nenhum com a cena das travestis saindo do cinema transformadas, dizendo: 'Nunca mais vou olhar a travesti da mesma forma'. Um senhor me disse que chorou, que havia descoberto um travesti dentro dele. Respondi que não era isso. A verdade é que todos nós passamos por histórias semelhantes, de sonhos e de problemas", disse.

 

Parada LGBT

Sobre a Parada LGBT, que movimentou São Paulo esse domingo, Leandra Leal destacou: "Não tenho o lugar de fala delas. Não sou L, G, B nem T. Ao menos até hoje, não. Não é um filme sociológico ou sobre identidade de gênero. Pode até ter se tornado uma bandeira agora, mas não nasceu com esse objetivo. De qualquer forma, os direitos LGBT são uma conquista de toda a sociedade. Um mundo mais tolerante é benéfico para todos. O Brasil é o país que mais mata trans no mundo, e isso é vergonhoso. Todas as causas que se relacionam com liberdade me tocam. Isso vem da minha criação".

 

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