Estudo aponta que alimentos sem glúten têm composição nutricional deficiente

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 11/05/2017 às 18:04
Produtos sem glúten não são substitutos suficientes de equivalentes com glúten, levando cientistas a solicitarem formulação de alimentos mais saudáveis (Foto: Pixabay)
Produtos sem glúten não são substitutos suficientes de equivalentes com glúten, levando cientistas a solicitarem formulação de alimentos mais saudáveis (Foto: Pixabay) FOTO: Produtos sem glúten não são substitutos suficientes de equivalentes com glúten, levando cientistas a solicitarem formulação de alimentos mais saudáveis (Foto: Pixabay)

Um estudo, apresentado nessa quarta-feira (10) na 50ª edição do Congresso Anual da Sociedade de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (ESPGHAN - Society for Pediatric Gastroenterology, Hepatology and Nutrition), apontou que os produtos do mercado intitulados como 'sem glúten' possuem um conteúdo significativamente mais alto de energia e composição nutricional diferente de seus equivalentes que contêm glúten. As variações, segundo os pesquisadores, podem ser nocivas para os consumidores celíacos.

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Muitos dos produtos que continham glúten – especialmente pães, massas, pizzas e farinhas – também continham até três vezes mais proteínas do que seus substitutos sem glúten. Os produtos sem glúten não podem ser considerados como substitutos suficientes de seus equivalentes com glúten, levando os cientistas a solicitarem a reformulação dos alimentos sem glúten com matérias primas mais saudáveis, para assegurar alimentação saudável na infância. As desigualdades destacadas no estudo podem afetar o crescimento das crianças e aumentar o risco da obesidade infantil.

"Quando os valores nutricionais dos produtos sem glúten variarem de forma significativa dos seus similares que contêm glúten, as rotulagens necessitam indicar isso claramente. Os consumidores deveriam também receber orientação para melhorar seu conhecimento sobre as composições nutricionais dos produtos, para que possam fazer compras mais fundamentadas e garantir que uma dieta mais saudável seja seguida", ressaltou o médico pesquisador Martinez-Barona, co-pesquisador líder do estudo.

Para Daciana Sarbu, membro do parlamento europeu e vice-presidente do Conselho do Comitê sobre Meio Ambiente, Saúde Pública e Segurança Alimentar, o processo de embalagem desses produtos também devem ser levados em consideração. "Os produtos sem glúten que não são pré-embalados não estão sujeitos às mesmas exigências de rotulagem que os produtos pré-embalados. Nesse caso, os consumidores podem estar menos conscientes das importantes diferenças nutricionais com significativos efeitos potenciais na saúde. Sempre apoiei rótulos chamados de "sinais de trânsito" que facilitam a comparação entre os produtos para os principais nutrientes, incluindo proteínas, gordura e açúcares", pontua.

O levantamento

O estudo avaliou mais de 1.300 produtos e descobriu que: os pães sem glúten tinham conteúdo mais alto de lipídios e ácidos graxos saturados; as massas sem glúten tinham conteúdo significativamente mais baixo de açúcar e proteínas;

os biscoitos sem glúten tinham conteúdo significativamente mais baixo de proteínas e conteúdo significativamente mais alto de lipídios.

"Na medida em que cada vez mais pessoas estão seguindo dietas sem glúten, para efetivamente controlar a doença celíaca, é fundamental que os alimentos comercializados como substitutos sejam reformulados para assegurar que eles verdadeiramente possuam valores nutricionais similares. Isso é especialmente importante para crianças, já que uma dieta bem equilibrada é essencial para crescimento e desenvolvimento saudáveis", defenda o médico especialista Joaquim Calvo Lerma, pesquisador líder da ESPGHAN.