Com 1.215 pacientes na fila de espera por órgão ou tecido, Pernambuco promove curso para ampliar doações

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 13/03/2017 às 15:33
Dos 1.215 pacientes que aguardam por um órgão ou tecido em Pernambuco, o maior quantitativo é para rim (805 pacientes), seguido de córnea, com 284 (Foto: Free Images)
Dos 1.215 pacientes que aguardam por um órgão ou tecido em Pernambuco, o maior quantitativo é para rim (805 pacientes), seguido de córnea, com 284 (Foto: Free Images) FOTO: Dos 1.215 pacientes que aguardam por um órgão ou tecido em Pernambuco, o maior quantitativo é para rim (805 pacientes), seguido de córnea, com 284 (Foto: Free Images)

Pernambuco é terceiro lugar no Brasil e primeiro no Norte e Nordeste no número de transplantes de coração e de medula óssea. Na região, o Estado ainda é o primeiro nos procedimentos de rim e pâncreas, segundo a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Ainda assim, Pernambuco possui 1.215 pacientes aguardando por um órgão ou tecido. O maior quantitativo é para um rim, com 805 pacientes, seguido de córnea (284), fígado (84), medula óssea (26), coração (12) e rim/pâncreas (4).

Para ampliar as doações, Pernambuco inicia, nesta terça-feira (14), no auditório do Hospital Barão de Lucena, no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife, curso de atualização para residentes sobre diagnóstico de morte encefálica e de seguimento de todas as etapas necessárias até a doação.

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Durante o curso, que terá carga horária de oito horas, serão abordados critério e protocolo de diagnóstico de morte encefálica, manutenção do potencial doador de órgãos, validação do potencial doador de órgãos e tecidos, comunicação de más noticias e entrevista familiar para doação de órgãos e tecidos.

"Nosso Estado é referência nacional em transplantes. Temos equipes capacitadas na captação dos órgãos e tecidos e para a realização dos procedimentos. Para continuarmos nesse caminho, é imperativo o investimento intensivo em treinamento e capacitação das equipes envolvidas no processo de doação e do quadro funcional dos hospitais com perfil notificante bem estabelecido, além da sensibilização de toda a população para a causa, já que precisamos da autorização dos familiares para efetivar esse ato de solidariedade com o próximo", afirma a coordenadora da Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE), Noemy Gomes.

Dados

Em 2016, Pernambuco realizou 38 transplantes de coração. Apesar de ser o terceiro no número de procedimentos no Brasil, o quantitativo foi 16% menor do que o mesmo período de 2015, com 45 transplantes. Em relação à medula óssea, foram 187, 20% a menos do que 2015 (233).

Já no caso do rim, Pernambuco é primeiro no Norte e Nordeste, e sexto no Brasil, com 287 transplantes, número 17% menor do que 2015 (344). No caso de pâncreas, foram 6 - 100% maior do que 2015 (3). Outro dado é o de transplantes de córnea, segundo do Norte e Nordeste, e quinto do Brasil, com 827 procedimentos, quantitativo 39% maior do que o mesmo período de 2015 (594).

"Tivemos um aumento de 8,7% no número de transplantes gerais, em relação a 2015. Contudo, houve um decréscimo de 13,8% nos transplantes de órgãos sólidos: coração, fígado, rim e pâncreas. Por isso, iniciamos neste mês de março uma série de cursos de atualização com os residentes de enfermagem e multiprofissionais do primeiro e segundo ano", afirma Noemy.

A doação de órgãos e tecidos nas unidades hospitalares, segundo a coordenadora da CT-PE, é um processo complexo e composto por várias etapas, que começa com a identificação precoce de potenciais doadores, a realização do diagnóstico de morte encefálica, a adequada manutenção hemodinâmica do possível doador e a entrevista de seus familiares. "Quanto mais pessoas capacitadas para seguir todas as normas necessárias para efetivar esse ato, maior nossas chances de possibilitarmos a doação e, com isso, diminuir a fila de espera", afirma Noemy.

Curso

O primeiro curso de atualização com residentes será nesta terça-feira (14), a partir das 8h30, no auditório do Hospital Barão de Lucena. As atividades envolverão residentes de enfermagem da unidade e do Hospital Getúlio Vargas, além dos preceptores. Ao todo, cerca de 30 pessoas assistirão à aula. As atividades fazem parte de parceria da CT-PE com a Coordenação de Residência Multiprofissional da Universidade Federal de Pernambuco (Coremu/UFPE) e a diretoria Geral de Educação em Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (SES).

"Neste momento, iniciamos a primeira turma junto à UFPE, mas a proposta é atingir o maior número possível de residentes médicos e multiprofissionais do Estado, reconhecendo a importância do tema para a formação desses novos especialistas, bem como para a qualificação da assistência à saúde", diz a diretora geral de Educação em Saúde da SES, Juliana Siqueira.

No dia 4 de abril, o curso será voltado para os residentes multiprofissionais do Hospital das Clínicas (HC) e seus preceptores, com 40 vagas; no dia 11, para os residentes de enfermagem do HC, com 30 vagas.

Saiba mais

Em 2016, foram realizados 1.465 transplantes em Pernambuco, um crescimento de 8,7% em relação a 2015, com 1.348 procedimentos. O maior destaque foi para os procedimentos de córnea. Durante todo o ano passado, foram realizados 827 transplantes de córnea em Pernambuco. O quantitativo é 39% maior do que os procedimentos realizados em 2015, que totalizam 594.

Em relação aos órgãos sólidos (coração, fígado, rim e rim/pâncreas), houve uma queda de 13,8%, saindo de 516, em 2015, para 445, em 2016.

E nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, foram realizados 246 transplantes em Pernambuco, um a mais do que o mesmo período de 2016. O destaque fica por conta dos transplantes de coração, que passaram de 4 nos primeiros dois meses de 2016 para 10 em 2017, uma ampliação de 150%.