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Jogador do Sport denuncia ofensas racistas: 'pensei que nunca aconteceria comigo'

Gabriela Máxima
Gabriela Máxima
Publicado em 11/11/2019 às 11:23
Em publicação em sua rede social, o carioca e lateral-direito do Sport admite que nunca imaginou que o caso de racismo aconteceria com ele. Foto: Foto: Reprodução / Twitter
Em publicação em sua rede social, o carioca e lateral-direito do Sport admite que nunca imaginou que o caso de racismo aconteceria com ele. Foto: Foto: Reprodução / Twitter

Por Katarina Moraes

O jogador da categoria sub-20 do Sport, Rafael Luiz Santos da Costa, de 17 anos, denunciou nas redes sociais nesse domingo (10) que sofreu injúria racial durante partida pelo Campeonato Estadual no último sábado (9), contra o Barreiros Futebol Clube. O time rubro-negro venceu a partida disputada no Estádio Municipal Luiz Brito Bezerra De Melo por 3x0.

O episódio aconteceu um dia antes do brasileiro Taison ser expulso do jogo entre Shakhtar Donetsk e Dínamo de Kiev, pelo Campeonato Ucraniano, por responder às ofensas de torcedores que imitaram macacos em referência a ele.

PENAS

Há uma diferença entre os crimes de racismo e de injúria racial. A principal consiste no fato de que o crime de racismo é cometido a toda uma coletividade indeterminada, sendo considerado inafiançável e imprescritível, segundo determina a Constituição Federal. Já o crime de injúria racial é cometido quando se ofende uma pessoa determinada em razão de raça, etnia, cor, religião, etc., e tem pena prevista de reclusão de um a três anos, além de multa. Injuriar, de maneira geral, trata-se de ofender a dignidade de alguém, por causa de sua raça, de sua cor, de sua religião, por sua deficiência física ou idade avançada. Foi este último crime, portanto, que foi cometido contra Taison e Rafael.

Segundo o Código Brasileiro de Justiça Desportiva da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), para 'comportamentos antidesportivos como preconceito em razão de origem étnica, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência', é atribuída uma pena de suspensão de cinco a dez partidas, caso praticada por atleta, ainda que suplente, treinador, médico ou membro da comissão técnica; e suspensão pelo prazo de cento e vinte a trezentos e sessenta dias, se praticada por qualquer outra pessoa submetida ao código, além de multa que pode ir de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 100.000,00 (cem mil reais).

O agressor estava na torcida, e não foi identificado por autoridades, também não tramita um processo de forma oficial sobre o caso.

A reportagem entrou em contato com a Federação Pernambucana de Futebol (FPF-PE) para obter esclarecimentos sobre o caso de injúria racial contra Rafael, mas não obteve sucesso.

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Em publicação em sua rede social, o carioca e lateral-direito do Sport admite que nunca imaginou que o caso racista aconteceria com ele, e que acabou se desligando da partida após o acontecimento.

Em entrevista ao Jornal do Commercio, o jovem natural do Rio de Janeiro conta como se sentiu e como lidou com a situação.

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ENTREVISTA // RAFAEL LUIZ

JORNAL DO COMMERCIO - Como o caso aconteceu?

RAFAEL - Eu estava na ponta esquerda, quando ouvi alguém gritar: ‘Pega o macaco do 11’, aí olhei para trás para ver quem foi e identifiquei. Quando o segundo tempo ia começar eu falei com o treinador, que disse para eu avisar caso acontecesse de novo e, então, ele pararia o jogo, mas o ele (o agressor) não me chamou mais assim.

JORNAL DO COMMERCIO - A ofensa te desestabilizou de alguma forma?

RAFAEL - A gente se desestabiliza um pouco. Durante o jogo, eu me peguei pensando nisso por algum tempo, mas foi rápido, depois passou.

JORNAL DO COMMERCIO - Como você se sentiu ao ver a repercussão do caso de injúria racial contra o Taison?

RAFAEL - Vi ontem que isso aconteceu e me senti mal, porque quando acontece com a gente, a gente fica mal.

JORNAL DO COMMERCIO - Teus colegas de equipe e o clube te deram suporte?

RAFAEL - Deram sim. Até o nosso coordenador mandou áudio falando, dando apoio. O clube também.

JORNAL DO COMMERCIO - Qual é a sua mensagem para os jogadores que já sofreram ou possam, eventualmente, sofrer racismo em campo?

RAFAEL - Eu diria para não se abalar. Sempre vai ter alguém para criticar, mas temos que levantar a cabeça e seguir em frente, porque Deus é por nós.

O jogador conta, ainda, que se sente aliviado para competir na próxima partida contra o Ceará, estado para qual a equipe rubro-negra já está a caminho na manhã desta segunda-feira (11). O Sport Club do Recife publicou, em suas redes sociais, uma nota em solidariedade aos atletas que foram vítimas do preconceito.

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