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Crise no Central é mais um reflexo da desigualdade no Brasil

Karoline Albuquerque
Karoline Albuquerque
Publicado em 06/04/2017 às 16:08
O zagueiro Sanny, do Central, revelou que os jogadores não jantaram antes do jogo com o Náutico. Foto: Guga Matos/JC Imagem.
O zagueiro Sanny, do Central, revelou que os jogadores não jantaram antes do jogo com o Náutico. Foto: Guga Matos/JC Imagem.

Por Wladmir Paulino

Twitter: @Wladmir_Paulino

O vexame de entrar num jogo de uma competição profissional sem uma refeição adequada é muito maior do que uma má administração - ou uma sequência delas - aliada a uma crise econômica do País. O Central foi mais um exemplo, distante de índices complicados mas bastante próximo de nossas peles, do tamanho da desigualdade brasileira. Ninguém aqui pretende absolver dirigentes, mas aprofundar a análise. A Patativa abatida não é um fato isolado. É apenas o fruto de um fruto. O futebol brasileiro segue a 'linha de raciocínio' vigente: muito para poucos, pouco para a maioria. Duvida, vamos aos números.

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A cota televisiva para o Campeonato Pernambucano deste ano é de 3,84 milhões. São 12 equipes, sendo três carros-chefe de audiência: Santa Cruz, Sport e Náutico. Cada um abocanha R$ 950 mil. Isso representa 74,2% do montante. A cada um dos nove representantes do interior, os ditos intermediários, restam míseros R$ 110 mil. A lógica do Trio de Ferro da capital se inverte nos primeiros quatro meses do ano. De minoria oprimida por uma divisão desigual do dinheiro no Brasileiro, tornam-se os primos ricos. Rubro-negros, alvirrubros e tricolores ganham 8,6 vezes mais que seus companheiros de pires nas mãos.

Não seria o Brasileirão a fazer diferente. A distribuição da renda deste ano mais uma vez deixa a dupla mais popular do País, Flamengo e Corinthians, com pouco mais de um quarto do bolo, 26,2%, o que dá R$ 170 milhões para cada um. São sete faixas de renda, com o único pernambucano, o Sport, no sexto patamar, R$ 35 milhões. No futebol espanhol essa desigualdade era tão brutal que o governo entrou na jogada com um decreto em 2015 para deixar a situação menos desigual. Metade do valor seria dividido igualmente entre os 20 times da primeira divisão. A outra metade levaria em conta os resultados esportivos e outros indicadores como número de sócios.

Jogadores

O que acontece entre clubes, repete-se nos atletas. Um estudo da CBF do ano passado sobre os salários dos atletas profissionais mostrou que 82,4% dos jogadores com contratos registrados ganhavam até R$ 1.000 (o salário mínimo em 2016 era de R$ 880, hoje está em R$ 927). O percentual cai à medida que o valor dos vencimentos aumenta até chegar em um atleta que ganhava mais de R$ 500 mil. Lembrando que esse estudo foi feito em cima do salário registrado no contrato. Atletas de grandes clubes têm como vencimento total a soma do contrato mais direitos de imagem.

salarios Fonte: Confederação Brasileira de Futebol.

O Brasil

É cruel? Sim. Mas não estranho quando se trata do Brasil. O maior país da América Latina (em extensão territorial) é o décimo mais desigual do planeta, com um índice de desigualdade de 37%. Número superior ao da própria AL, hoje em 34%. E o detalhe é que esses são os índices mais recentes, defasados em dois anos, data do último diagnóstico divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Mundo

Um futebol desigual, num país desigual. E também num planeta desigual. Para quem não lembra, em janeiro deste ano a ONG britânica Oxfam divulgou um relatório com o levantamento da concentração de riqueza no mundo. O diagnóstico mostrou que apenas OITO pessoas possuem a mesma riqueza que metade da população mais pobre da Terra. Em 2016 a mesma entidade já divulgara que o patrimônio do 1% mais rico superava os 99% do restante - incluindo todas as fatias da população. Em todo planeta, atualmente, uma em cada grupo de dez pessoas vive com menos de US$ 2 por dia.

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