Náutico em jogo de seis pontos na Segundona
No jornalismo, o conceito de ângulo permite que se enxergue o mesmo fato por prismas diferentes, às vezes contraditórios.
Dizer que o Náutico vem de dois empates não é mentira, assim como dizer que por duas vezes consecutivas o time saiu atrás do placar e teve que correr em busca do resultado.
Mas em ambas as afirmações, o ângulo escolhido talvez distorça um pouco a verdade total.
Afinal, o Náutico vem de dois empates, sim, e também levou dois gols em jogadas de escanteio, fato. Mas o jornalismo também deve observar o contexto: foram duas partidas fora de casa, uma delas com um time de uma divisão acima, e em curto espaço de tempo.
Eu prefiro olhar pelo ângulo que o Náutico conseguiu nesses dois jogos superar as adversidades e não sair de campo derrotado. Que em ambas as partidas chegou a ser melhor que o adversário e teve chances, sim, de abrir o placar.
O que é muito, mas muito mesmo do que o time vinha fazendo no Pernambucano ou Copa do Nordeste.
Há erros?
Vários, um deles atende pelo nome de Bruno Alves, outro por Rogerinho, que pecam tanto pelo excesso de chances perdidas, quanto pela ausência total de oportunidades criadas. Fardos da demasia e da escassez que a falta de critério ou de orçamento - ou dos dois - o torcedor é obrigado a carregar.
Paciência.
Um outro ângulo permite tirar uma terceira conclusão: a ausência de Lisca.
Pode ser coincidência ou não, mas desde que o treinador deixou a beira do gramado para cumprir a suspensão que ele mesmo irresponsavelmente cavou, o "novo-experiente" Náutico não venceu, talvez se ressentindo do treinador ao pé do ouvido, orientando, reclamando e até frescando.
Não há nada de errado em se enxergar os fatos por ângulos diferentes, mas a gente tem sempre que ter em mente que o retrato ideal é pintado sempre quando se abre espaço para a maioria de ângulos possíveis.
E que certamente você também tem o seu.
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