Seu Wilson e alunos da escolinha no Ipsep. Foto: Acervo Pessoal
Entre o alcoolismo e o futebol, seu Wilson preferiu ficar com o esporte - revelando novos craques formados no Ipsep. E foi no bairro localizado na Zona Sul do Recife que ele fundou a própria escolinha há dezesseis anos. Hoje, o núcleo é parceiro do Náutico e conta com cerca de 300 jovens no quadro. Vinte e seis deles integram o time Jovem IABV Náutico, que participa da segunda edição do Recife Bom de Bola. A equipe se classificou no último sábado para a final da RPA-6 e garantiu uma das vagas para a Copa dos Campeões.
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Wilson de Lago Lyra Júnior, hoje com 60 anos, atuou pela base do clube alvirrubro dos 12 aos 19 anos, mas precisou parar de jogar antes de chegar ao time profissional por problemas no joelho. Depois começou a trabalhar no ramo bancário, quando se tornou viciado em bebidas alcoólicas. O "véi", como é conhecido no bairro depois de ser assim batizado pelo filho Wellison chegou a fechar as portas de uma escolinha própria por causa do vício e entrou para o grupo dos Alcoólicos Anônimos (do qual faz parte até hoje). "Não tenho vergonha do meu passado. A sociedade tem o costume de pensar que alcoolismo é fraqueza, mas é uma doença que te desmoraliza antes de matar", diz seu Wilson.
Escolinha montada por seu Wilson já completou 16 anos. Foto: Reprodução/Internet
Depois, a convite de um amigo do trabalho, começou a treinar a categoria infantil do América. Três anos depois, saiu do Mequinha para reabrir o próprio espaço, destinado a jovens de seis a dezessete anos. Lá no Ipsep, revelou jogadores conhecidos no futebol pernambucano como o atacante Esquerdinha, que passou pelo Santa Cruz e agora joga pelo Goiás, e os volantes Sandro Manoel, do Tricolor, e João Ananias, do Timbu. "Lembro que eles começaram aqui e quando chegavam a uma certa idade e eu via que eles poderiam se destacar, os levava aos clubes, assim como fiz com o meu próprio filho", explica.
Sandro Manoel e João Ananias são alguns jogadores revelados por seu Wilson. Fotos: Arquivo JC Imagem
Na escolinha, além de jogadores são formados médicos, policiais federais e profissionais de tantas outras áreas. O motivo? Estudo é essencial para quem quer trabalhar com seu Wilson. "Acho que futebol também é cidadania e digo a eles que estudar é fundamental. Cobro isso de cada um", conta. Agora, através do Recife Bom de Bola, considerado o maior campeonato de várzea do mundo, o véi espera contribuir para a revelação de mais craques pernambucanos - meninos que, além da diversão, encontram no futebol possibilidades de crescimento e superação.
