iPhoneX e outros smartphones fazem preços disparar

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 14/09/2017 às 14:45
(Foto: AFP/ Josh Edelson)
(Foto: AFP/ Josh Edelson) FOTO: (Foto: AFP/ Josh Edelson)

Depois da Samsung, agora é a vez da Apple de lançar um celular com preço superior a mil dólares, o iPhoneX, um "supersmartphone" que se apoia tanto no rendimento tecnológico quanto no posicionamento da marca no setor de luxo.

O lançamento acontece em meio a um contexto de alta dos preços de todas as categorias de smartphones. A consultoria GFK calculou que o preço médio aumentou 7% no mundo no primeiro semestre deste ano, em uma nota publicada neste mês, no encerramento do IFA de Berlim, a principal feira de eletrônicos para consumo da Europa.

Com os preços do iPhoneX podendo chegar a 1.400 euros (1.650 dólares), a Apple se colocou bem acima dos demais concorrentes, pois o preço médio de um smartphone novo, em escala global, é de 278 euros, segundo a GFK.

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Uma das justificativas para o preço pode ser a necessidade da Apple de "reafirmar sua posição no mercado de alta qualidade, diante da alta do conjunto do setor" e da redução de sua participação de mercado, segundo o diretor de Telecomunicações na Monitor Deloitte, Jean-Charles Ferreri.

"O preço está na mesma linha que os outros telefones dessa faixa. O Samsung Galaxy Note 8 está na mesma situação", afirma a diretora de Pesquisa na Gartner, Roberta Cozza. "Mas a questão é saber se os consumidores vão achar que vale a pena", acrescentou.

Para justificar o preço, defensores da Apple destacam a importância das pesquisas para melhorar qualquer aparelho novo, e o iPhoneX, com seu sistema de reconhecimento facial, Inteligência artificial e integração da realidade aumentada, traz muitas inovações.

O escritório BMI Research concorda. Em nota, considerou que "mais do que os iPhones", o que terá "verdadeiro impacto" será o novo sistema operacional iOS11, "porque inclui a realidade aumentada". "Acreditamos que a realidade aumentada será o principal diferencial para a Apple", avalia.

E será o bastante para justificar o aumento do preço? Não necessariamente, pois a versão 11 do iOS poderá ser baixada em todos os produtos compatíveis da marca. "Trata-se de uma alta de 40% para o modelo mais caro. Isso não pode estar relacionado com pesquisa e desenvolvimento. Há uma falta de correlação entre o preço e a chegada de novas funções", avalia Stéphane Dubreuil, presidente da Stallych Consulting.

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- Luxo -

Especialistas também indicam que o iPhoneX inclui componentes caros que podem se esgotar, como a tela OLED, o que leva a Apple a aceitar comprá-las por um valor alto para evitar surpresas no futuro. "Há escassez de alguns componentes, de algumas matérias-primas que são sensíveis às mudanças geopolíticas. Então, os fabricantes tentam garantir que vão ter as peças necessárias", confirma Stéphane Dubreuil.

É, no mínimo, a aposta de um grupo que sempre assumiu a possibilidade de perder parte do mercado enquanto mantém, ou até aumenta, sua margem de lucro: a da Apple supera em 20 pontos a da maior parte de seus concorrentes. "A margem (de lucro) do mercado de celulares está muito concentrada na Apple, cuja margem é bem superior a 50%. É considerável", insiste Ferreri.

"Sempre vai ter gente disposta a dar um salário-mínimo neste tipo de dispositivo. A Apple não é regida pelos códigos da tecnologia, mas pelos do luxo e da moda. Muitas pessoas têm uma fixação irracional neste objeto, que tem toda nossa vida", enfatiza Stéphane Dubreuil.