Estudo revela que aves já cantavam na era dos dinossauros

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 13/10/2016 às 11:28
Paleontólogo argentino Fernando Novas. Foto: AFP PHOTO / TELAM / FLORENCIA DOWNES
Paleontólogo argentino Fernando Novas. Foto: AFP PHOTO / TELAM / FLORENCIA DOWNES FOTO: Paleontólogo argentino Fernando Novas. Foto: AFP PHOTO / TELAM / FLORENCIA DOWNES

AFP

O Tiranossauro rex acordava com o canto dos pássaros, assim como acontece conosco, estabelece um novo estudo publicado nesta semana e que demonstra que as aves já eram capazes de piar e, portanto, se comunicar há 70 milhões de anos.

"Nosso estudo prova que as aves podiam se comunicar acima da cabeça dos dinossauros", explicou à AFP Julia Clarke, pesquisadora da Universidade do Estado da Carolina do Norte, em Raleigh, coautora do estudo publicado na revista britânica Nature.

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A cientista baseia sua afirmação no estudo de um Vegavis iaai, a ave "moderna" (tal como a conhecemos hoje) mais antiga conhecida. Ela se assemelhava aos gansos e patos da atualidade e já existia no Cretáceo, há 70 milhões de anos.

Reconstrução da siringe do Vegavis iaai. Foto: AFP PHOTO / NATURE / J. Clarke/UT Austin Reconstrução da siringe do Vegavis iaai. Foto: AFP PHOTO / NATURE / J. Clarke/UT Austin

O fóssil do animal foi encontrado na Antártica ocidental e teria 66 milhões de anos. O exemplar já tinha permitido a Julia Clarke afirmar que as aves modernas eram contemporâneas dos dinossauros, quando se acreditava que haviam surgido muito mais tarde. Mas daí a pensar que as primeiras aves "modernas" tivessem a capacidade de cantar, era algo bem diferente.

Um estudo mais aprofundado do fóssil, usando uma técnica de geração de imagens médicas em 3D muito potente, a tomografia assistida por computador, permitiu aos cientistas descobrir a presença de uma siringe, órgão que permite às aves emitir sons, assim como a laringe nos seres humanos.

Os autores do estudo observaram que as características gerais do órgão são similares às dos patos e dos gansos atuais. "A siringe fóssil mostra uma assimetria igualmente presente nos patos e que permite assobiar e grasnar", explica a pesquisadora. Estes sons teriam permitido a eles se comunicar e estabelecer vínculos.