Quando as baterias explodem

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 08/10/2016 às 11:15
Samsung Galaxy Note 7 que explodiu, na Coreia do Sul. AFP PHOTO / GWANGJU BUKBU POLICE STATION
Samsung Galaxy Note 7 que explodiu, na Coreia do Sul. AFP PHOTO / GWANGJU BUKBU POLICE STATION FOTO: Samsung Galaxy Note 7 que explodiu, na Coreia do Sul. AFP PHOTO / GWANGJU BUKBU POLICE STATION

No caso mais recente registrado, um avião americano foi evacuado antes da decolagem depois que o celular Samsung Galaxy Note 7 de um passageiro pegou fogo, envolvendo novamente a companhia de eletrônicos sul-coreana em uma controvérsia. A empresa está realizando a convocação para recall de 2,5 milhões de unidades do Galaxy Note 7 em dez países (o Brasil não está na lista) devido a relatos de explosão de baterias, mas o aparelho que pegou fogo aparentemente já havia sido substituído.

O dono do aparelho, Brian Green, declarou ao site de notícias tecnológicas The Verge que o telefone havia sido substituído e que o recebeu em 21 de setembro. Além disso, mostrou a imagem da caixa, que indicava que havia sido substituído. Cerca de 60% dos consumidores americanos trocaram seus aparelhos pelos substitutos no fim do mês passado. Green ainda havia desligado o telefone no momento da decolagem.

Samsung Galaxy Note7. AFP PHOTO / JUNG YEON-JE Samsung Galaxy Note7. AFP PHOTO / JUNG YEON-JE

Os danos sofridos pelo dispositivo eram de tal magnitude que um responsável do corpo de bombeiros não pôde verificar de forma independente o modelo do telefone, segundo a ABC News. A Samsung disse em comunicado que estava trabalhando para recuperar o aparelho e entender a causa. "Até que possamos recuperar o aparelho, não podemos confirmar que este incidente envolve o novo Note 7", afirmou.

Maior fabricante de smartphones do mundo, a marca anunciou um recall global por causa das baterias defeituosas que faziam com que os aparelhos pegassem fogo. “As baterias de íons de lítio têm muita potência em um pequeno volume. Quando superaquecem e explodem, as consequências podem ser graves”, afirmou a Comissão de Segurança de Produtos do Consumidor (CPSC) dos Estados Unidos, em comunicado.

Só nos EUA, a CPSC registrou 92 casos de baterias superaquecidas, incluindo 26 que causaram queimaduras e 55 danos à propriedade, como incêndios em veículos e estacionamentos.

De acordo com o analista da Hyundai Securities, Jeff Kim, “erros técnicos nos módulos ou em outras partes dos smartphones têm acontecido com certa frequência, geralmente no primeiro mês após o lançamento". As baterias possuem placas positivas e negativas, que são geralmente mantidos separados por um material não condutor.

Samsung Galaxy S7. AFP / Kirill KUDRYAVTSEV Samsung Galaxy S7. AFP / Kirill KUDRYAVTSEV

Durante o carregamento, os íons de lítio se movem de uma placa para a outra, enquanto o movimento oposto ocorre quando o celular está em uso. Dentro da bateria, produtos químicos ajudam esses íons a se mover mais rapidamente entre as duas placas. O superaquecimento – e eventual explosão – ocorre quando essas duas placas entram em contato e um curto-circuito é criado e toda energia da bateria é concentrada naquele ponto, o que causa o incêndio e a fumaça tóxica.

Baterias de íon-lítio, como as dos smartphones modernos, são geralmente muito seguras. Porém, não estão livres de defeitos de fabricação, como depósitos de lítio metálico entre as placas, ou rachaduras que causam sobrecarga no aparelho.

A Samsung usa baterias fabricadas por várias companhias, entre elas sua filial Samsung SDI. Até o momento, a empresa tem se negado a identificar a fabricante das baterias defeituosas. Mas nem nem sempre é necessariamente a bateria que está com defeito: tudo o que faz com que o aparelho seja superaquecido pode causar uma falha que leve o smartphone a pegar fogo.

Isso inclui carregadores e acessórios que não são os originais. Uma medida de segurança é usar somente o carregador que veio com o aparelho (ou que foi comprado separadamente, mas que seja da mesma marca) ou, pelo menos, evitar marcas desconhecidas ou genéricas.

Os próprios celulares também têm ferramentas para evitar superaquecimento. Geralmente, quando um problema desses é detectado, o smartphone se desliga sozinho – quando, por exemplo, ele é deixado ligado, no sol. No caso dos Galaxy Note 7, a própria Samsung disponibilizou uma atualização que não permitia que o celular tivesse uma carga de bateria maior do que 60%, para evitar explosões enquanto os clientes ainda não tinham trocado seus aparelhos.