Gigantes de internet querem melhorar a reputação após serem acusadas de espionagem

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 12/06/2013 às 9:04

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Foto: Reprodução via IntoMobile

Google, Microsoft e Facebook querem se distanciar das notícias que as colocam como colaboradoras da espionagem para a agência de inteligência dos EUA. As três gigantes divulgaram um relatório em horários bastante parecidos pedindo permissão ao governo norte-americano para tornar público os pedidos de dados que recebem das agências de segurança.

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Com isso querem provar que não precisam esconder nada de seus usuários e que falaram a verdade quando afirmaram na semana passada que não sabiam de nenhum programa de ciberespionagem. Em um documento vazado pelo Guardian e Washington Post, essas empresas foram apontadas como parte de um esquema que coletava dados de estrangeiros fora dos EUA, em um programa secreto chamado Prism.

O Google foi o primeiro a pedir para divulgar seus pedidos para informação, argumentando que assim poderá provar que "não concede acesso irrestrito aos dados dos usuários", como foi acusada. "Afirmações na imprensa que nossas atitudes diante dessas solicitações concedem ao governo dos EUA acesso irrestrito aos dados de nossos usuários são simplesmente falsas", escreveu o diretor jurídico do Google, David Drummond, em carta ao secretário de Justiça, Eric Holder, e ao diretor da polícia federal (FBI), Robert Mueller, publicada no blog público do Google nesta terça-feira.

Prism

A Microsoft fez o mesmo: "Permitir maior transparência sobre o volume agregado e o escopo das solicitações de segurança nacional, incluindo os pedidos sob o FISA, ajudaria a comunidade a entender e debater essas importantes questões". Por fim, o Facebook: "Receberíamos bem a oportunidade de fornecer um relatório de transparência que nos permita compartilhar com aqueles que usam o Facebook ao redor do mundo um quadro completo dos pedidos do governo que recebemos e como respondemos a ele", disse o advogado-geral do Facebook, Ted Ullyot, em comunicado enviado por e-mail, citado pela Reuters.

É péssimo para essas empresas estarem atreladas ao escândalo. Com o crescimento de usuários fora dos EUA, uma mancha na reputação poderia afetar diretamente os negócios. O Brasil é o país com maior crescimento dentro do Facebook.

Antes admiradas, empresas são vistas com desconfiança

Ironicamente, as empresas acusadas de fazer parte deste gigantesco Big Brother começaram com ideais nobres, como o do Facebook de tornar o mundo "mais aberto e conectado", ou do Google de "organizar a informação do mundo e torná-la universalmente mais acessível e útil". "Quando as companhias ganham bilhões de dólares, provavelmente, não são mais tão idealistas", disse à AFP Roger Kay, analista da Endpoint Technologies Associates, que acompanha o setor desde os primórdios da internet. "Tiveram que tomar decisões para ganhar dinheiro ao invés de proteger os direitos dos usuários."

Segundo Joseph Hall, do Centro para a Democracia e a Tecnologia (CDT, na sigla em inglês), com sede em Washington, empresas como Google, Facebook e Apple acabaram abrigando grande quantidade de dados para tentar "capitalizar" suas grandes bases de dados e, portanto, se tornaram alvos importantes para as forças de ordem.

[Com Reuters, AFP e ABC]