Eleições e redes sociais: Humor e ataques predominam no Brasil

Letícia Saturnino
Letícia Saturnino
Publicado em 25/09/2012 às 19:58
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SÃO PAULO - As redes sociais tornaram-se parte importante das eleições para prefeito este ano. Mas, nem sempre a repercussão de um candidato e nos números de curtidas que possui no Facebook, determinam seu desempenho online. Pensar em como engajar o eleitorado e fazer a repercussão nas redes ser positiva é um desafio para quem trabalha com mídias sociais nas campanhas. Uma mesa do Social Media Week, que aconteceu em São Paulo, nesta quarta levantou a questão da importância (e influência) do debate eleitoral na web.

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"No Brasil, os vídeos de humor relacionados a políticos são mais compartilhados que os que tentam descontruir o outro candidato com questões sérias. Mas, claro que o humor também tem seu lado político. É uma característica nossa. As pessoas querem ver sangue. Vejo nos comentários as pessoas pedindo que um prefeiturável ataque o outro", diz Eden Wiedemann, pernambucano que é coordenador de social media da campanha de José Serra.

"Serra é o ser mais 'memético' do Brasil. Ele é muito 'mugangueiro', como dizemos na minha terra", conta. Wiedemann lembra os diversos tumblrs que repercutem a imagem do candidato em posições constrangedoras. Mas, isso nem sempre é ruim. "Criaram uma página "Springfield 45" colocando Serra como o Sr. Burns, dos Simpsons. Depois, percebemos que, apesar de fazer chacota, aquilo estava fixando o número dele. Falei com minha equipe: 'será que é tão ruim assim vincular a imagem de Serra ao personagem?"

Já Jader Rosseto, criador e estrategista digital da campanha de Fernando Haddad, a maior dificuldade é engajar o público na rede além da militância. "Estamos tendo um bom retorno dos internautas, com uma taxa alta de visitação. Isso para um candidato que está passando por um momento difícil", contou. "Também tivemos problemas em convencer celebridades a participar da campanha, a dar depoimentos". Já para Wiedemann, o maior problema hoje é que as estratégias de mídias sociais nas eleições não conseguem falar para nichos. "Está tudo muito solto. Nem tudo que você fala tem o mesmo alcance dependendo de quem lê".

E a viralização? Chegar aos TTs é mesmo relevante para um candidato? Wiedemann acredita que não: "tenho vergonha quando alguém ameaça fazer um tuitaço. Ninguém vai deixar de votar por que alguém está nos Trending Topics. Hoje em dia, no Brasil, você divide espaço no TT com Justin Bieber, Restart. Não há relevância". Ao fim da palestra, um espectadora fez uma colocação interessante. Nos EUA, a internet é usada como uma ferramenta de mandato, e não de campanha. Por isso, é criado um relacionamento ao longo de quatro anos. "Nossa intenção é continuar com esse relacionamento", diz Rosseto. "Mas, é difícil. No Brasil, a questão do baixo investimento na internet ainda é determinante".