Sarampo: cobertura de 95% com duas doses da vacina não foi atingida por nenhuma das unidades federativas

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 07/12/2018 às 12:43
A vacina tríplice viral está disponível nos postos de saúde e deve ser aplicada em duas doses para a faixa etária de 12 meses a 29 anos, e uma dose para adultos de 30 a 49 anos (Foto: Diego Nigro/JC Imagem)
A vacina tríplice viral está disponível nos postos de saúde e deve ser aplicada em duas doses para a faixa etária de 12 meses a 29 anos, e uma dose para adultos de 30 a 49 anos (Foto: Diego Nigro/JC Imagem) FOTO: A vacina tríplice viral está disponível nos postos de saúde e deve ser aplicada em duas doses para a faixa etária de 12 meses a 29 anos, e uma dose para adultos de 30 a 49 anos (Foto: Diego Nigro/JC Imagem)

A campanha de vacinação contra sarampo, doença altamente contagiosa, terminou há quase três meses, mas as ações de sensibilização sobre a importância da imunização contra a doença não podem parar. O aviso vem de entidades médicas, que disparam uma luz vermelha e preocupação: a cobertura vacinal de 95% com duas doses da vacina tríplice viral (protege contra sarampo, caxumba e rubéola) é considerada ideal, mas não foi atingida por nenhuma unidade federativa. Para a proteção efetiva, são necessárias duas aplicações, com intervalo mínimo de um mês, aplicadas a partir dos 12 meses de idade. Em Pernambuco, a cobertura da primeira dose está em 90,1% este ano; a da segunda, permanece muito baixa: 58,2%.

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Presidente da Sociedade de Pediatria de Pernambuco (Sopepe), Eduardo Jorge Fonseca vê com preocupação os indicadores, no Estado. “Sabemos que o vírus do sarampo apresenta disseminação muito rápida”, diz. Uma nota técnica conjunta, emitida quarta-feira (5) pelas Sociedades Brasileiras de Pediatria (SBP) e de Imunizações (Sbim), alerta os pediatras para a situação do sarampo no Brasil. São médicos que “têm papel fundamental na orientação da população, no combate a falsas notícias e devem estar envolvidos com as ações públicas de controle da doença”, frisa a presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva.

Desde o início do ano, até 21 de novembro, foram confirmados 9.898 casos no Brasil. O País enfrenta dois surtos de sarampo: no Amazonas (9.477 confirmações) e em Roraima (347 confirmações). Pernambuco é um dos oito Estados onde foram identificados registros isolados (4 casos confirmados) relacionados à importação, já que o genótipo do vírus (D8), que está circulando, é o mesmo da Venezuela, com surto da doença desde 2017.

"Para garantir uma segurança de se evitar a transmissão, é necessário garantir coberturas altas de vacinação. O mais preocupante é que, além da tríplice viral, todas as vacinas após o primeiro ano (de vida) estão com baixas coberturas", destaca Eduardo Jorge Fonseca, presidente da Sopepe (Foto: Sérgio Bernardo/JC Imagem)

“A situação é muito séria, pois Amazonas e Roraima são logo ali. Estamos às vésperas do período de férias, quando mais pessoas se deslocam. E o vírus está circulando. Então, corre-se o risco de um novo processo de maior risco de adoecimento”, avisa a coordenadora do Programa Estadual de Imunização da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Ana Catarina de Melo. Ela reforça que esse contexto emerge a necessidade de as famílias não deixaram de vacinar as crianças. O cuidado se justifica pela alta taxa de incidência do sarampo e do risco para complicações e óbitos nessa faixa etária. Só este ano, são mais de 13 mortes por sarampo no Brasil – e quase todas em crianças menores de 5 anos.

“Durante a campanha de vacinação deste ano, Pernambuco atingiu a meta (99% das crianças com 1 ano foram imunizadas), mas esse dado não entra nas taxas de coberturas da rotina. E de qualquer forma, foi aplicada uma dose, que pode ter sido a primeira em alguns casos. Como existe a chance de falha primária, recomenda-se a segunda dose”, esclarece Ana Catarina. A tríplice viral está disponível nos postos de saúde e deve ser aplicada em duas doses para a faixa etária de 12 meses a 29 anos, e uma dose para adultos de 30 a 49 anos.

"Nos municípios onde a cobertura vacinal está baixa, percebemos que há uma mudança na percepção de risco (de adoecimento e complicações da doença) pela população. Quando as pessoas não veem casos nem óbitos, infelizmente tendem a não procurar a imunização”, acredita Ana Catarina de Melo, da SES (Foto: Miva Filho/SES/Divulgação)