Guarda-sol não oferece proteção contra raios ultravioleta e favorece queimadura solar, diz estudo

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 11/12/2017 às 10:53
Guarda-sol não é eficiente para proteger o corpo dos danos causados pelo sol (Foto: Divulgação)
Guarda-sol não é eficiente para proteger o corpo dos danos causados pelo sol (Foto: Divulgação) FOTO: Guarda-sol não é eficiente para proteger o corpo dos danos causados pelo sol (Foto: Divulgação)

Uma cena muito comum nesta temporada de sol: chegar à praia e perceber que esqueceu o protetor solar. Mas tem o guarda-sol para oferecer proteção e blindar o corpo contra os raios solares, ok? Não, nada ok. "Ir para a praia é como entrar em uma cama de bronzeamento gigante. A radiação não vem apenas na exposição direta ao sol, mas a areia e a água também refletem os raios ultravioleta A e B (UVA e UVB), além do corpo sentir o infrared (ou radiação infravermelha, que pode ser percebida como calor por terminações nervosas especializadas da pele)", afirma a farmacêutica Luisa Saldanha, diretora-técnica da Pharmapele.

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O depoimento dela está em sintonia com os achados de um recente estudo americano, que destacar que o guarda-sol oferece uma proteção solar quase nula. O artigo Sun Protection by Umbrellas and Walls foi publicado em outubro deste ano na revista Photochemical & Photobiological Sciences.

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Além de reforçar que o guarda-sol não é eficiente, o estudo ressalta que a falsa proteção (proporcionada pelo acessório) pode aumentar o risco de queimaduras. Afinal, quando alguém está descansando à sombra do guarda-sol, sente menos calor. Isso não significa, contudo, que a radiação não esteja presente. "Isso dá às pessoas uma falsa sensação de proteção que leva a uma exposição excessiva à radiação ultravioleta nociva", afirma Luisa, que destaca a importância do uso diário do fotoprotetor.

De acordo com os pesquisadores, a quantidade de proteção FPS (sigla para fator de proteção solar) que uma pessoa recebe depois de se refugiar sob um grande guarda-sol é de, no melhor dos casos, FPS 7. A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), inclusive, orienta o uso de filtro solar com, no mínimo, FPS 30. "Quando falamos em envelhecimento fotoadquirido, estamos falando da formação precoce de rugas, manchas e mudança na textura da pele, entre outras alterações. E mais: para quem não usa o filtro solar adequado, durante as estações mais quentes, existe uma queda do sistema imunológico da pele, e isso favorece o dano celular que pode desencadear um processo de cancerização”, ressalta a especialista.

Com a proximidade do verão, a radiação solar começa a incidir com mais intensidade, aumentando risco de queimaduras, câncer da pele e outros problemas. Por isso, vale seguir cuidados para não colocar a saúde em risco (Foto: Arnaldo Carvalho/JC Imagem)

Outros achados da pesquisa

No estudo, vários fatores com relação à cobertura do guarda-sol foram avaliados: o tamanho, propriedades de transmissão UV (o que significa a quantidade de luz que o tecido realmente permite passar), tempo do dia e localização (os quais afetam o total de radiação UV total dispersa), posição das pessoas sob o guarda-sol, sua orientação e os ângulos de proteção.

A quantidade de reflexão da areia também foi avaliada. “Nesse caso, a sombra do guarda-sol não garante proteção, pois a luz é refletida na areia. Além disso, o infrared é sentido através do calor ou mormaço. É uma radiação que acomete num comprimento de onda suficiente para atingir a derme profunda, em que estão as fibras de ancoragem e sustentação da pele. Isso provoca um dano muito importante, com menor elasticidade e uma piora no aspecto geral da pele.” A especialista explica que, para evitar a flacidez e rugas, é importante o uso do bloqueio físico solar e antioxidantes que diminuam o processo inflamatório causado pelo infrared.

Imagem de chapéu e sandálias na areia da praia e mar ao fundo (Foto: Pixabay) Cuidados simples adotados no cotidiano podem ajudar a prevenir queimaduras solares e outros danos à pele, principalmente no verão (Foto: Pixabay)

Ainda segundo Luisa Saldanha, a pesquisa serve como um reforço para o uso do filtro solar, aliado a chapéus ou bonés com FPS. “O protetor solar deve ir além dos ativos de proteção: ele deve ser multibenefícios com elementos de ação antioxidante para imediatamente reparar o processo inflamatório formado”, destaca. Esse protetor, lembra a farmacêutica, deve conter, de preferência, filtro químico e físico. “Os filtros físicos são ativos bloqueadores à base de dióxido de titânio, óxido de ferro e zinco”, sugere. “Os filtros físicos são como uma parede de tijolos onde a luz bate e volta”, diz. A reaplicação do protetor também deve ser feita a cada duas horas em exposição direta ao sol.