O calorão incomoda até 80% das mulheres na menopausa; ginecologista tira dúvidas sobre o tema

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 28/05/2017 às 21:09
Rosiane Viana, 48 anos, não tem dúvidas de que as ondas de calor são o pior dos sintomas enfrentados pelas mulheres que estão para entrar na menopausa (Foto: Guga Matos/JC Imagem)
Rosiane Viana, 48 anos, não tem dúvidas de que as ondas de calor são o pior dos sintomas enfrentados pelas mulheres que estão para entrar na menopausa (Foto: Guga Matos/JC Imagem) FOTO: Rosiane Viana, 48 anos, não tem dúvidas de que as ondas de calor são o pior dos sintomas enfrentados pelas mulheres que estão para entrar na menopausa (Foto: Guga Matos/JC Imagem)

O calorão, também batizado de fogacho, é um sinal clássico na vida da maioria das mulheres que está perto da menopausa (última menstruação), que ocorre geralmente entre 45 e 55 anos. O grau com que as ondas de calor afetam o universo feminino é variado. Certo mesmo é que até 80% das mulheres nessa fase vivenciam esse sintoma, segundo Consenso Brasileiro de Terapêutica Hormonal da Menopausa, da Associação Brasileira de Climatério (Sobrac).

Verdadeiro também é dizer que são diferentes os comportamentos experimentados durante o climatério – fase que antecede a menopausa, caracterizada por irregularidade menstrual e sinais (além dos fogachos) que se intensificam com o declínio dos níveis dos hormônios sexuais femininos.

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“As mulheres geralmente ficam apreensivas por causa das mudanças físicas e psicológicas relacionadas à baixa hormonal. Assim como as ondas de calor, o choro fácil, o ressecamento vaginal, a diminuição da libido, a irritabilidade e, em alguns casos, a depressão podem aparecer”, esclarece a ginecologista Cinthia Komuro, diretora-médica do Hospital da Mulher do Recife.

Sem tabu

Todas essas pistas que o organismo dá exigem que o climatério torne-se um tema relevante nos consultórios médicos – e não só durante as consultas com os ginecologistas. Pelos múltiplos sintomas associados à menopausa, é essencial que essa fase da vida seja mote de conversa com cardiologistas, endocrinologistas, geriatras, psiquiatras e psicólogos. Esse time é capaz de ajudar a driblar os efeitos da queda dos hormônios, capazes de comprometer qualidade de vida, autoestima, produtividade, vida social e familiar. Também são profissionais fundamentais para controlar fatores de risco que devem ser melhor vigiados nesse período.

“Paralelamente ao declínio dos hormônios, há a redução da massa óssea, o que aumenta a chance de desenvolvimento de osteoporose e fraturas. Nesse período, também se eleva a chance de aparecimento de problemas cardiovasculares, como angina e infarto”, destaca Cinthia.

A ginecologista Cinthia Komuro frisa que as mulheres devem reforçar, no climatério, adoção de hábitos saudáveis, como prática de exercício e dieta balanceada. "Quando os sintomas do climatério são exacerbados, analisamos se a paciente pode ser tratada com a terapia hormonal. Em alguns casos, é um tratamento que deve ser evitado, como nas mulheres que têm histórico de câncer de mama na família (parentes de primeiro grau) e trombofilia (predisposição ao desenvolvimento de trombose)”, frisa a ginecologista Cinthia Komuro.

Sob controle

A supervisora administrativa Rosiane Viana, 48, que começou a lidar com os sintomas que antecedem a menopausa há três anos. Ela conta que sabe como é vivenciar os sinais descritos pela medicina. “Primeiro, veio irregularidade menstrual. Em seguida, crise de ansiedade. Depois, apareceram irritabilidade, indisposição e choro fácil”, conta.

Ela não tem dúvidas de que as ondas de calor são o pior dos sintomas. “É um calor diferente. O corpo tem a impressão de aumento máximo da temperatura, seguido de um esfriamento. Sabe quando tomamos um susto e o sangue parece correr pelos pés? É uma sensação muito parecida com isso”, relata Rosiane, que optou por não fazer uso da terapia de reposição hormonal. Ela preferiu seguir as orientações da ginecologista que a acompanha: não abre mão do exercício físico nem de técnicas para controlar a respiração a cada vez que o calorão teima em aparecer.