Estamos trabalhando com nossa capacidade máxima de produção, diz Fiocruz sobre vacina contra febre amarela

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 30/03/2017 às 15:29
Cerca de 6 milhões de doses de vacina contra febre amarela produzidas no Instituto Bio-Manguinhos são destinadas por mês ao Ministério da Saúde (Foto: Ricardo B. Labastier / JC Imagem)
Cerca de 6 milhões de doses de vacina contra febre amarela produzidas no Instituto Bio-Manguinhos são destinadas por mês ao Ministério da Saúde (Foto: Ricardo B. Labastier / JC Imagem) FOTO: Cerca de 6 milhões de doses de vacina contra febre amarela produzidas no Instituto Bio-Manguinhos são destinadas por mês ao Ministério da Saúde (Foto: Ricardo B. Labastier / JC Imagem)

Até a quinta-feira passada (23), o Brasil havia registrado 492 casos confirmados de febre amarela. Dos 277 óbitos notificados, 162 foram confirmados para a doença até o momento. Minas Gerais é o estado brasileiro com mais casos confirmados: 375 pessoas foram diagnosticadas com a doença. Seguido do Espírito Santo (109) e São Paulo (5). O Rio de Janeiro também entrou na lista, com 6 casos de febre amarela confirmados até a última terça-feira (28). Mesmo com a intenção do governo do Rio de vacinar toda a população até o fim do ano, o Ministério da Saúde (MS) ressalta que as doses da vacina contra a doença são enviadas para cada estado em conformidade com as necessidades de cada região.

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Para intensificar a imunização e evitar a transmissão da doença, o Ministério da Saúde já distribuiu cerca de 21,1 milhões de vacinas contra febre amarela para todo o país neste ano. Para Pernambuco, foram encaminhadas 24,2 mil vacinas. Vale lembrar que o Estado não está entre as localidades com recomendação de imunização contra a doença. Por isso, o Ministério da Saúde reforça, em nota enviada para o Casa Saudável, que "as pessoas que não vivem ou não irão viajar para as cidades prioritárias, não devem buscar a vacina neste momento".

O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos Bio-Manguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), principal fornecedor de vacinas contra a febre amarela para o Ministério da Saúde (MS), opera atualmente com a capacidade máxima de produção para atender aos pedidos da pasta federal. "Não existe nenhum problema em termo de produção da vacina, pelo contrário. Nós estamos trabalhando com a capacidade máxima de produção. Paramos uma linha de produção e dedicamos todo o efetivo para a febre amarela", reforça o diretor do Instituto, Artur Roberto Couto. O custo da vacina contra febre amarela fornecida pela Fiocruz/Biomanguinhos é de R$ 3,03 por unidade.

Ainda segundo Couto, o Ministerio da Saúde demanda, anualmente, do Bio-Manguinhos cerca de 25 milhões de dose da vacina contra febre amarela. Porém, de novembro passado até este mês, o Instituto já entregou ao órgão um número em torno de 30 milhões de doses. Cerca de 8,5 milhões de dose são produzidas por mês no Instituto. Deste quantitativo, em torno de 6 milhões são destinados ao Ministério da Saúde.

"É uma quantidade significativa, mas não para atender o Brasil de uma só vez. Se o País resolver vacinar todo mundo agora, não vai ter jeito. O objetivo do Rio é vacinar toda a população ao longo de todo este ano. Nem o Rio nem qualquer outro estado tem capacidade para vacinar em apenas um mês, por exemplo. E nós achamos que essa não é nem a melhor estratégia. O Ministério (da Saúde) tem toda uma estratégia de distribuição e não está deixando de mandar (doses da vacina) para ninguém. Alguns estados estão recebendo a quantidade de rotina, outros estados estão recebendo mais por causa dos casos confirmados", acrescenta.

Segundo o Ministério da Saúde, a vacinação de rotina para febre amarela é ofertada em 19 estados (Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Bahia, Maranhão, Piauí, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) com recomendação para imunização. Além das áreas com recomendação, também está sendo vacinada neste momento, de forma escalonada, a população do Rio de Janeiro e Espírito Santo.

Além das vacinas produzidas pela Fiocruz/Bio-Manguinhos, o Ministério da Saúde solicitou outras 3,5 milhões de doses do Grupo de Coordenação Internacional (GCI), composto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Federação Internacional da Cruz Vermelha e Sociedades do Crescente Vermelho (IFRC), Médicos Sem Fronteiras (MSF) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com secretariado da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS). O quantitativo vai reforçar o estoque estratégico da pasta e atender a demanda do país.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), não há registro de casos da doença em humanos e primatas em Pernambuco desde a década de 1930. O Estado também não é área de recomendação para a vacina, indicada apenas para pessoas que irão viajar para áreas com recomendação.