Febre amarela: saiba quem não deve tomar a vacina e como a proteção é feita nesses casos

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 06/02/2017 às 10:15
Vacina é contraindicada para crianças menores de 6 meses, idosos acima dos 60 anos, gestantes, mulheres que amamentam crianças de até 6 meses, pacientes em tratamento de câncer e pessoas imunodeprimidas (Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem)
Vacina é contraindicada para crianças menores de 6 meses, idosos acima dos 60 anos, gestantes, mulheres que amamentam crianças de até 6 meses, pacientes em tratamento de câncer e pessoas imunodeprimidas (Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem) FOTO: Vacina é contraindicada para crianças menores de 6 meses, idosos acima dos 60 anos, gestantes, mulheres que amamentam crianças de até 6 meses, pacientes em tratamento de câncer e pessoas imunodeprimidas (Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem)

* Reportagem atualizada em 23 de janeiro de 2018

No momento em que o País passa pela explosão de casos de febre amarela, a procura pela vacinação tem aumentado pelas pessoas que moram em áreas de risco e para quem vai viajar a esses locais. Vale frisar que a imunização precisa ser feita com critério, especialmente por grupos específicos, como gestantes, idosos e mulheres que amamentam crianças até 6 meses de idade.

“É uma vacina de vírus vivo atenuado (enfraquecido) e que, aplicada em mulheres grávidas, poderia causar teratogenicidade (capacidade de produzir malformações congênitas) no bebê. Mas pode ser usada se a gestante for para uma área de alto risco, desde que avaliados risco e benefício da imunização”, esclarece o médico Eduardo Jorge da Fonseca Lima.

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O especialista destaca que um estudo feito com 480 gestantes em Campinas (SP), que tomaram a vacina inadvertidamente durante campanha em massa feita pelo município em 2000, mostrou que não foram observados casos de malformação nem de aborto. De qualquer forma, a vacina continua contraindicada na gestação, exceto nos casos em que o médico ateste que os benefícios da imunização são maiores do que os riscos. Além disso, o Ministério da Saúde lembra às mulheres que precisam tomar a vacina no período em que amamentam bebês com até 6 meses devem suspender o aleitamento materno por 28 dias após a imunização.

Os cuidados também precisam ser estendidos aos idosos. “Acima dos 60 anos, a vacina é comprovadamente mais reatogênica (em comparação a outras faixas etárias). Ou seja, dá mais efeito colateral. Antes da aplicação, é preciso uma avaliação com muita cautela”, orienta Eduardo Jorge.

Pessoas com mais de 60 anos que comparecem ao Centro de Orientação ao Viajante da Policlínica Lessa de Andrade, no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife, devem apresentar prescrição do médico para profissionais da unidade de saúde liberarem a aplicação da vacina. “Especialmente os idosos debilitados, que têm doenças crônicas como diabete e hipertensão, podem apresentar alguma complicação se for imunizado”, esclarece a enfermeira Priscila Ferraz, gerente da policlínica.

Outro detalhe é que as pessoas doentes e com febre devem adiar a imunização até ficarem recuperadas, a fim de não atribuírem à vacina as manifestações da doença. As doses também não devem ser aplicadas no mesmo momento em que a vacina tríplice viral (que protege contra sarampo, rubéola e caxumba) ou tetraviral (contra todas as doenças da tríplice, além da varicela).

OUTROS GRUPOS

Segundo o Ministério da Saúde, além de ser contraindicada para crianças menores de 6 meses, idosos acima dos 60 anos, gestantes e mulheres que amamentam crianças de até 6 meses, a vacina contra febre amarela não tem indicação para pacientes em tratamento de câncer e pessoas imunodeprimidas. O ministério reforça que, em situações de emergência epidemiológica, vigência de surtos, epidemias ou viagem para área de risco, o médico deverá avaliar o benefício e o risco da vacinação para esses grupos, levando em conta o risco de eventos adversos.

SAIBA MAIS

Quais as medidas de proteção para pessoas com contraindicação de vacinação contra febre amarela?

- Usar repelente de insetos. Devem ser aplicados em toda a área de pele exposta respeitando os intervalos orientados pelos fabricantes e após contato com a água. Existem no mercado formulações próprias para crianças entre 6 meses e 2 anos de idade, para gestantes e também para aplicação em tecidos

- Proteger a maior extensão possível de pele através do uso de calça comprida, blusas de mangas compridas e sem decotes, meias e sapatos fechados. O uso de roupas claras facilita a identificação de mosquitos e permite que eles sejam mortos antes de picarem o indivíduo

- Passar o maior tempo possível em ambientes com portas e janelas protegidos por telas mosquiteiras

- Dormir sob mosquiteiros corretamente arrumados para não permitir a entrada de mosquitos (abas de abertura sobrepostas e barras inferiores embaixo do colchão)

- Usar repelentes ambientais (sprays, pastilhas e líquidos em equipamentos elétricos) no quarto de dormir

- Crianças menores de 6 meses de idade, que não podem receber a vacina e nem usar repelentes de aplicação direta na pele, devem ser mantidas o tempo todo sob mosquiteiros e/ou em ambiente protegido por telas. Crianças maiores de 6 meses e adultos que, por contraindicação clínica, não possam ser vacinados (ou que por qualquer motivo ainda não tenham recebido a vacina), devem seguir as mesmas orientações descritas para os 10 dias após a vacinação enquanto durar o surto de febre amarela.

* Fonte: Ministério da Saúde