Rede pública não oferece medicamento de referência para tratar doença que pode acometer humanos e gatos

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 10/03/2017 às 19:32
Lacen/PE confirmou 45 casos de esporotricose em animais e 5 em humanos em 2016. O Estado reconhece que esses números são subnotificados (Foto: Diego Nigro/JC Imagem)
Lacen/PE confirmou 45 casos de esporotricose em animais e 5 em humanos em 2016. O Estado reconhece que esses números são subnotificados (Foto: Diego Nigro/JC Imagem) FOTO: Lacen/PE confirmou 45 casos de esporotricose em animais e 5 em humanos em 2016. O Estado reconhece que esses números são subnotificados (Foto: Diego Nigro/JC Imagem)

O medicamento de referência para tratar a esporotricose, micose subcutânea causada por fungo e que pode afetar humanos e animais, é o antifúngico itraconazol, cujo preço varia entre R$ 80 e R$ 300 (caixa com 30 comprimidos). Não é disponibilizado gratuitamente na rede pública de saúde, mesmo após Pernambuco ter anunciado, no último dia 7, a implementação da vigilância da doença. No ano passado, o Laboratório Central de Pernambuco (Lacen/PE) confirmou 45 casos em animas e 5 em humanos. O próprio Estado reconhece que esses números são subnotificados.

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Em nota, a Gerência Geral de Assistência Farmacêutica do Recife informa que, para o tratamento da esporotricose, só é distribuído o fluconazol 150 mg. “Não é o agente que se usa para tratar os pacientes, que não respondem a essa medicação”, diz a dermatologista Cláudia Ferraz, que integra a Comissão Científica da Sociedade Brasileira de Dermatologia/Regional Pernambuco (SBD/PE). A médica está à frente do ambulatório no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, inaugurado no último dia 9, para tratamento de pacientes com suspeita de esporotricose.

Ainda segundo a Gerência Geral de Assistência Farmacêutica do Recife, o itraconazol (assim como outro antifúngico, a anfotericina B) consta na relação estadual de medicamentos para micoses sistêmicas e pode ser obtido em alguns hospitais da rede, como o Agamenon Magalhães e o Barão de Lucena.

Em nota, contudo, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informa que esses medicamentos são para pacientes de alta complexidade – normalmente usados no tratamento de doenças oportunistas para pessoas que vivem com HIV/aids ou micoses sistêmicas (casos em que outros órgão do corpo, além da pele, são atingidos). Para a esporotricose, segundo a SES, o paciente deve procurar um posto de saúde, onde ainda não há o medicamento de referência.