Tire suas dúvidas sobre a febre amarela e saiba como se proteger em regiões silvestres, rurais ou de mata

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 11/01/2017 às 11:23
A febre amarela é transmitida pela picada de mosquitos silvestres ou do Aedes aegypti no meio urbano (Foto: Rodrigo Lôbo/Acervo JC Imagem)
A febre amarela é transmitida pela picada de mosquitos silvestres ou do Aedes aegypti no meio urbano (Foto: Rodrigo Lôbo/Acervo JC Imagem) FOTO: A febre amarela é transmitida pela picada de mosquitos silvestres ou do Aedes aegypti no meio urbano (Foto: Rodrigo Lôbo/Acervo JC Imagem)

Neste mês, o Ministério da Saúde comunicou a Organização Mundial de Saúde sobre suspeita de um surto de febre amarela no País. Considerada uma doença sazonal, com maior incidência entre dezembro e maio, a medida mais importante para prevenção e controle da febre amarela é a vacinação.

Leia também:

Ministério da Saúde orienta população a se vacinar contra febre amarela

Na segunda-feira (10), o Ministério da Saúde informou que, em Minas Gerais, 10 municípios registraram 23 casos, sendo 16 prováveis e 7 em investigação. Entre os 23 casos, 14 mortes foram registradas. A suspeita de surto faz o ministério alertar que a população que reside ou que se desloque para regiões silvestres, rurais ou de mata de áreas com recomendação de vacina deve se imunizar.

Tire as dúvidas sobre o assunto:

- Como a febre amarela é transmitida?

A febre amarela é uma doença grave, com dois ciclos epidemiológicos distintos de transmissão: silvestre e urbano, que acomete tanto homens quanto macacos, e que é transmitida pela picada de mosquitos silvestres (febre amarela silvestre) ou do Aedes aegypti (febre amarela urbana). No Brasil, desde 1942, não há registro da febre amarela urbana, mas há surtos e casos esporádicos de febre amarela silvestre, como os recém-registrados em São Paulo, que têm sido acompanhados pelo Ministério da Saúde. O órgão também enviou equipes a Minas Gerais para apoiar a investigação de casos suspeitos da doença.

- Quais os sintomas?

Os sintomas iniciais incluem febre, calafrios, dor de cabeça, dores nas costas, dores no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Em casos graves, a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Cerca de 20% a 50% das pessoas que desenvolvem doença grave podem vir a óbito.

- O que se deve fazer caso alguém apresente alguns desses sinais?

Às pessoas que identifiquem alguns destes sinais, o Ministério da Saúde recomenda procurar um médico na unidade de saúde mais próxima e informar sobre qualquer viagem para áreas de risco nos 15 dias anteriores ao início dos sintomas. Essa orientação é importante, principalmente para aqueles que realizaram atividades em áreas rurais, silvestres ou de mata como pescaria, acampamentos, passeios ecológicos, visitação em rios, cachoeiras ou mesmo durante atividade de trabalho em ambientes silvestres.

- Qual a importância da vacina contra febre amarela?

Toda pessoa que reside ou vai viajar para regiões silvestres, rurais ou de mata, que são Áreas com Recomendação da Vacina contra febre amarela, deve se imunizar (o Ministério da Saúde listou os municípios com recomendação para imunização). A vacina é altamente eficaz e segura para o uso, a partir dos 9 meses de idade, em residentes e viajantes a áreas endêmicas ou, a partir de 6 meses de idade, em situações de surto da doença. Todos os Estados, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), estão abastecidos com a vacina contra febre amarela, e o País tem estoque suficiente para atender toda a população nas situações recomendadas.

Imagem de vacinação (Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil) Ministério da Saúde alerta para a importância da vacinação contra a febre amarela (Foto ilustrativa: Marcelo Camargo / Agência Brasil)

- Como é a proteção oferecida pela vacina?

Com eficácia acima de 95%, o imunobiológico é reconhecidamente seguro e deve ser tomado no mínimo 10 dias antes da exposição a situações de risco, já que os anticorpos protetores aparecem entre o 7º e 10º dia após a aplicação.

- Quantas doses da vacina é preciso tomar?

A Organização Mundial da Saúde considera que apenas uma dose da vacina já é o suficiente para a proteção por toda a vida. No entanto, como pode haver queda na imunidade com o tempo de vacinação, o Ministério da Saúde definiu a manutenção de duas doses da vacina Febre Amarela no Calendário Nacional de Vacinação, conforme abaixo:

* 9 meses - 1 dose

* 4 anos - Reforço

* 2 a 59 anos - Duas doses

- Só a vacinação protege?

Além da vacinação, as pessoas que planejam turismo rural, pescaria, visitação de reservas naturais, parques ecológicos, cachoeiras, rios, florestas, parques urbanos, bem como aqueles que praticam atividades laborais relacionadas ao extrativismo, à fauna e à flora em ambientes rurais e silvestres, devem adotar outras medidas de prevenção, como: utilização de roupas que protejam todo o corpo (sapato fechado, camisa de manga longa e calça comprida) e uso de repelentes. Também é preciso evitar ou reduzir a exposição no horário de maior risco (9h às 16h).

- Qualquer pessoa pode se vacinar?

Apesar da alta eficácia do imunobiológico, o Ministério da Saúde alerta que nos casos de pacientes com imunodeficiência, a administração da vacina deve ser condicionada a avaliação médica individual de risco-benefício e não deve ser realizada em caso de imunodepressão grave. Pessoas com história de reação anafilática relacionada a substâncias presentes na vacina (ovo de galinha e seus derivados, gelatina e outros produtos que contêm proteína animal bovina), assim como pacientes com história pregressa de doenças do timo (miastenia gravis, timoma, casos de ausência de timo ou remoção cirúrgica), também devem buscar orientação de um profissional de saúde.

- Quais as contraindicações da vacina?

* Crianças com menos de 6 meses de idade

* Gestantes

* Pacientes com imunossupressão de qualquer natureza, como:

Pacientes infectados pelo HIV com imunossupressão grave, com a contagem de células CD4 <200 células/mm3 ou menor de 15% do total de linfócitos, para crianças com menos de 6 anos de idade;

Pacientes em tratamento com drogas imunossupressoras (corticosteroides, quimioterapia, radioterapia, imunomoduladores);

Pacientes submetidos a transplante de órgãos;

Pacientes com imunodeficiência primária;

Pacientes com neoplasia

- Qual é o tratamento para a doença?

O tratamento é apenas sintomático, com cuidadosa assistência ao paciente que, sob hospitalização, deve permanecer em repouso, com reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicado. Nas formas graves, o paciente deve ser atendido em unidade de terapia intensiva (UTI) para reduzir as complicações e o risco de óbito. Devem ser evitados AAS e Aspirina, já que o uso pode favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas. O médico deve estar alerta para indicação de um agravamento da doença.

Fonte: Ministério da Saúde