Desvendando a saúde pela língua: projeto busca entender organismo pelos hábitos alimentares

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 13/06/2016 às 11:48
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foto-600 Projeto espanhol ‘Saca La Lengua’, que busca entender como hábitos alimentares e de higiene influenciam o microbioma bucal, foi apresentado em simpósio promovido pela Fapesp (Imagem: Saca La Lengua / Reprodução)

Da Agência Fapesp de notícias

Entender como os hábitos alimentares e de higiene influenciam o microbioma bucal dos indivíduos e desvendar as consequências desse processo para a saúde são objetivos de um projeto de pesquisa espanhol intitulado “Saca La Lengua” (Mostre a Língua), coordenado pelo Centre for Genomic Regulation (CRG) de Barcelona. Os primeiros resultados foram apresentados pela pesquisadora do CRG Julia Ponomarenko, no dia 7 de junho, durante a programação do FAPESP/EU-LIFE Symposium on Cancer Genomics, Inflammation & Immunity. O evento de três dias realizado na sede da FAPESP teve como objetivo fomentar a colaboração entre cientistas do Estado de São Paulo e da Europa.

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“Coletamos amostras de saliva de 1.502 crianças entre 15 e 16 anos, de 25 cidades espanholas. Pensamos que seria divertido para elas cuspir em um tubinho”, comentou Ponomarenko em entrevista à Agência FAPESP. Os pesquisadores extraíram e sequenciaram o DNA contido nas amostras. Para facilitar o processo de identificação dos organismos presentes, o grupo usou como alvo o gene 16S rRNA, que é encontrado em todas as espécies de bactéria com pequenas variações.

“Nosso método de análise permite construir um perfil das bactérias presentes na boca de cada criança. Mas conseguimos chegar até o nível do gênero. Não foi possível aprofundar a análise para identificar todas as espécies”, contou a pesquisadora.

Os gêneros mais abundantes nas amostras analisadas foram Streptococcus, Prevotella, Haemophilus, Neisseria, Veillonella, Rothia, Porphyromonas, Actinomyces, Fusobacterium e Gemella. “Bactérias do gênero Streptococcus foram encontradas em 100% das amostras e, em 68% dos casos, foi o grupo de bactérias mais abundante”, contou Ponomarenko.

Com base nesses dados e também em questionários respondidos pelas crianças, nos quais elas comentaram seus hábitos alimentares, de higiene e outros fatores relacionados ao estilo de vida, como contato com animais de estimação e tipo de moradia, o grupo do CGR tem feito correlações.

“Essas análises nos permitem ver, por exemplo, quais bactérias tendem a estar mais presentes na boca de crianças que consomem bebidas açucaradas, bebidas energéticas ou salgadinhos. Agora vamos começar a analisar as informações mais profundamente e estreitar as correlações. No futuro, podemos aumentar nossa amostra para estudar um aspecto específico, como consumo de refrigerante, e concluir quais são os efeitos desse hábito”, explicou.

Confira a matéria completa no site da Agência Fapesp de notícias.