Mães de bebês com microcefalia aprendem a confeccionar kits para atividades de estimulação

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 10/06/2016 às 12:51
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No Espaço Terapêutico José Berrocal da Fundação Altino Ventura, famílias aprendem a confeccionar objetos que ajudam na estimulação precoce dos bebês com microcefalia (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem) No Espaço Terapêutico José Berrocal da Fundação Altino Ventura, famílias aprendem a confeccionar objetos que ajudam na estimulação precoce dos bebês com microcefalia (Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem)

A cada quinta-feira, no Centro Especializado em Reabilitação (CER) da Fundação Altino Ventura (FAV), no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife, os bebês com microcefalia participam de atividades com brinquedos multissensoriais que encorajam o desenvolvimento da visão, da audição, de habilidades motoras e cognitivas. Agora, muitos dos objetos usados nas terapias passarão a ser criados pelas mães dos bebês, que têm aprendido a confeccionar os produtos no Espaço Terapêutico José Berrocal da instituição, inaugurado ontem. “É um espaço de multiplicação da intervenção precoce. Tudo aquilo que as famílias aprendem aqui, ao lado dos seus bebês, poderá ser continuado em casa com os kits de estimulação multissensorial”, diz a presidente da FAV, Liana Ventura.

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Os brinquedos confeccionados pelas mães durante as oficinas ajudam a estimular vários órgãos do sentido (visão, audição, tato, olfato e paladar) e, dessa maneira, os bebês entram em contato com um leque amplo de sensações que ativa o cérebro para transformar cada experiência terapêutica em aprendizado. Tábuas cobertas com fitas de cores vibrantes e garrafinhas pet preenchidas com grãos de arroz e enfeitadas com fitas coloridas ou preta e branca potencializam a reabilitação, estimulam a visão pelas cores, contrates e luz, como também o tato, o aprendizado e a audição. E dessa maneira, todo o kit multissensorial usado nas terapias realizadas na instituição e em casa encoraja o cérebro a compreender melhor os estímulos.

“Em muitos casos, temos observado que as lesões oculares acometem a porção central da retina, chamada de mácula. E essa visão central é fundamental para o nosso dia a dia. Com a estimulação precoce, os bebês conseguem selecionar involuntariamente outra área da retina para desenvolver a visão próxima àquela que seria dada pela mácula”, explica a oftalmologista Camila Ventura.

Além de passarem por atividades de estimulação visual, os bebês com microcefalia acompanhados pelo centro da FAV participam de sessões de terapia ocupacional e fisioterapia, além de atendimentos com fonoaudiólogos, que estimulam a coordenação das funções de sucção, deglutição e respiração, como também a comunicação e a audição.