Cinema São Luiz lotado, na noite de sexta (29), para a pré-estreia de Entre Irmãs, filme de Breno Silveira, diretor de Gonzaga - De Pai pra Filho e 2 Filhos de Francisco, entre outros títulos. Nomes de peso do elenco compareceram: Nanda Costa - que é protagonista junto com Marjorie Estiano -, Letícia Colin, Júlio Machado (o Clemente, de Velho Chico), Rômulo Estrela (Chalaça, de Novo Mundo) e os pernambucanos Lívia Falcão, Cláudio Ferrário, Mônica Feijó e a pequena Lissa Marie, que interpreta a mesma personagem que Nanda, sendo que na infância.
A roteirista Patrícia Andrade, os atores Rômulo Estrela, Nanda Costa, Júlio Machado e Letícia Colin mais a pequena Lissa Marie, o diretor Breno Silveira e Frances de Pontes Peebles, que escreveu livro em que o filme é baseado - Foto: Dayvison Nunes / JC Imagem
Letícia Colin, devido ao sucesso recente no papel de Leopoldina, em Novo Mundo, foi a mais assediada pelo público de convidados. Fez muitas selfies. Nanda Costa, que está ótima em cena - aliás, todo o elenco brilha na telona -, lembrou que naquela mesma rua do cinema, a Aurora, no Centro do Recife, há sete anos, gravava cena com Irandhir Santos para Febre do Rato, filme de Cláudio Assis. A tomada, num 7 de setembro, ficou polêmica por "ter dado" polícia, devido à nudez dos atores. "Eu amo o Recife! Sou completamente apaixonada por essa cidade", declarou ao Social1.
O Recife, reconstituído nos anos 1930, aparece belo. Vê-se o Lincoln 1933, carro oficial do Governo do Estado, emprestado para as gravações que também passaram por locações em Olinda, Buíque (PE) e no Sertão de Alagoas. Assistiram à sessão a atriz Fabiana Karla, o secretário de Cultura do Estado, Marcelino Granja, a presidente da Fundarpe, Márcia Souto; Cláudio Assis, Dona Carmem Virgínia, André Brasileiro e Tadeu Gondim...
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O filme
Entre Irmãs estreia nos cinemas do País no feriado de 12 de outubro. O roteiro é de Patrícia Andrade, a partir de livro publicado nos Estados Unidos por Frances de Pontes Peebles, pernambucana radicada lá. Apesar de o universo não ser novo, o filme vai bem além da aridez sertaneja e do fascínio pelo cangaço: as irmãs Luzia (Nanda Costa) e Emília (Marjorie Estiano) são personagens ricas. É bom o espectador prestar atenção na complexidade e nos desejos (sobretudo, os não ditos) de cada uma. No entorno delas, outros temas aparecem em camadas, mas fluem junto com a história principal, que é o amor entre as duas irmãs, seus destinos opostos e, quanto a esses, as expectativas e frustrações fora da curva.
Naquele Recife de 1930, a homossexualidade é assunto, ainda que encoberto, com os personagens Degas (Rômulo Estrela) e Felipe (Gabriel Stauffer, o Cláudio de A Força do Querer). Degas se casa com uma mulher para dar satisfação à família e à sociedade pernambucana da época. "É muito atual...", comentou uma convidada, durante a sessão. Na verdade, como não é uma tendência, mas uma orientação sexual, não é que seja atual - sempre existiu, mas agora, sim, fala-se sobre. Rolou um riso estranho do público quanto à não correspondência do casal fake, embora a construção dos personagens - desde o roteiro ao trabalho dos atores e da direção - seja delicada: mostra-se drama; o quão perverso é assumir para a sociedade quem você não é, e ainda tornar outra pessoa vítima.
O riso estranho do público também foi ouvido quando se referiam a Luzia com apelido jocoso devido a uma deficiência física da personagem. Em todas as vezes em que o apelido é dito, a personagem está numa situação de humilhação, ainda que a vítima seja a mais forte daquela história... Nitidamente não faz sentido! É a exposição do quão ridículo é esse tipo de tratamento, ou seja, mais faz a gente repensar atitudes do que achar graça. É óbvio que um filme é visto por olhares diferentes, e que uma obra artística desperta interpretações e emoções distintas em cada pessoa. Mas é importante fazer o exercício de espremer o cinema, mesmo quando entretenimento, e tirar dele algum sumo para a vida. Entre Irmãs oferece essa oportunidade.
