COLETIVA Marcelo Ferraz, Rogério Leão e Felipe Chaves apresentaram as novidades arquitetônicas do mais novo espaço cultural do Recife (Fotos: Dayvison Nunes/JC Imagem)
Inovação. Essa é a palavra de ordem que vai nortear a arquitetura do Cais do Sertão Luiz Gonzaga. Pelo menos, foi isso que garantiu o arquiteto Marcelo Ferraz, na tarde desta terça (20), durante a coletiva de apresentação do projeto arquitetônico do museu.
Localizado no antigo Armazém 10 do Porto do Recife, o espaço cultural pretende oferecer aos visitantes uma visão ampla e mais aprofundada da cultura popular nordestina, através da obra do velho Gonzagão, que será o fio condutor da história contada pelo Cais do Sertão.
Dividido em duas edificações, o museu "foi desenhado para ser uma referência e, acima de tudo, uma construção a serviço de seu conteúdo", disse Ferraz, responsável pela assinatura do projeto de criação do museu, juntamente com Francisco Fanucci. Dentre os destaques arquitetônicos do primeiro módulo do Cais do Sertão, o arquiteto evidenciou a inovação das seguintes estrututuras: uma grande marquise em concreto protendido, que forma um vão livre de aproximadamente 25m, com uma abertura circular na sua parte central, onde está plantada um enorme Juazeiro; um sulco tortuoso no piso, preenchido por seixos e com iluminação especial, que representa o Rio São Francisco; e uma estrutura metálica em forma elíptica revestida de chapas de aço, o Útero, que chama a atenção pelas suas dimensões. De acordo com Marcelo, também foram projetados mezaninos de concreto armado, com grandes vãos livres e balanços, que possibilitarão manter o nível térreo aberto para exposições e circulação dos visitantes. O primeiro módulo será finalizado em dezembro deste ano.
JUAZEIRO "Árvore, típica da caatinga, foi transplantada para dar as boas vindas aos visitantes", explicou Marcelo Ferraz
SULCO Com água passando pelo meio, a estrutura representará o Rio São Francisco
Já no segundo módulo, previsto para ser entregue no final do próximo ano, haverá um vão livre, com 56 metros de extensão, que, quando finalizado, será uma das maiores estruturas do gênero no Nordeste. Outro destaque é a máscara de cobogós, criados especialmente para o equipamento, com linhas livres que representam ao mesmo tempo a renda, a terra trincada e a visão do sertanejo da galhada na caatinga. Ao todo, serão usadas 2.200 peças de concreto branco.
CURADORA A diretora de criação, Isa Grinspum, acompanhou a coletiva
Como o Cais do Sertão está sob um terreno portuário, durante as escavações, foi encontrado um dos mais importantes achados arqueológicos do Recife: o Cais da Lingueta, edificado na cidade para embarque e desembarque de cargas e passageiros. Além das ruínas do Cais, foram resgatadas também correntes que possivelmente atracavam navios em outras épocas, um canhão de ferro e uma âncora com cerca de quatro metros, pesando quase quatro toneladas, garrafas, tinteiros, louças inglesas e francesas.
RESGATE Durante as escavações do terreno foram encontradas as ruínas do Cais da Lingueta
Confira como ficará o Cais do Sertão:
https://youtu.be/pOXO2xxdqcM
