SXSW: blockchain e a reinvenção da internet

Maria Luiza
Maria Luiza
Publicado em 18/03/2018 às 9:30
Joseph Lubin,, criador da ConsesSys, empresa que está ajudando a construir a lockchain. Foto: Mike Jordan/WireImages FOTO:

"Blockchain é como se o mundo estivesse fazendo um upgrade na internet". A frase de efeito, dita em uma das dezenas de palestras sobre o tema no festival South by Southwest (SXSW), realizada em Austin (EUA) até este fim de semana, sintetiza o potencial que essa tecnologia tem de transformar todas as áreas das relações humanas. Para Andrey Keys, um dos palesstrantes da SXSW, 2018 será para o blockchain o que meados da década de 90 do século  passado foi para a web.

Confundida por muita gente com o bitcoin (primeira moeda virtual criada, baseada nesse tipo de tecnologia), a blockchain, embora ainda em desenvolvimento, tem aplicações muito além do setor financeiro, sua face mais visível, muitas nem imaginadas ainda.

Exagero? Basta dar uma olhada em alguns dos títulos dos painéis e conferências do SXSW sobre o assunto: Transformando a cadeia mundial de fornecimento de alimentos; Oportunidades da blockchain na cadeia da mobilidade e da logística; Blockchain para refugiados; Blockchain e liberdades civis; Os efeitos da blockchain no mercado da música; Como a Blockchain pode resolver a crise no setor de saúde; Contratos Inteligências: Será que vamos nos ver livres dos advogados? e muito mais.

Como e quando tudo isso vai acontecer? Ainda não se sabe ao certo, mas neste exato momento há desenvolvedores trabalhando nesse código aberto, além de computadores de alta performance no mundo inteiro exatamente tentando resolver os entraves tecnológicos para que o blockchain gere uma nova internet. Explicando de forma simplificada, blockchain é uma cadeia descentralizada de certificações, onde cada operação é validada (ou não) e criptografada por aqueles que integram a comunidade interessada naquela transação. É um munto onde inexiste autoridade central e onde as fraudes são praticamente impossíveis, visto que cada elo da cadeia guarda consigo uma cópia de todas as certificações.

A perspectiva é que todos os aspectos da nossa vida sejam transformados em tokens, uma espécie de registro virtual de terminado bem ou serviço. Veja na foto abaixo como seria um token de um imóvel, exemplo apresentado na palestra de Andrew Keys, co-fundador da empresa ConsenSys:

Exemplo de token com os dados de um imóvel, incluindo as coordenadas geográficas

 

Foi nesse conceito que nasceu o bitcoin, uma criptomoeda que não surgiu de nenhuma autoridade monetária nem depende de Casa da Moeda para ser impressa. Ela só existe no mundo digital e sofreu forte ataque especulativo recentemente, alcançando valorizações e desvalorizações quase instantâneas. (Veja aqui a história do seu criador).

Mas não é a única. Há várias outras criptomoedas e uma delas, a Ethereum, atualmente a grande aposta do investidor canadense Joseph Lubin. Na semana da SXSW, a comercialização do Ethereum correspondia a mais da metade de todas as transações com criptomoedas no mundo e quase o dobro da bitcoin.

Lubin, além de ajudar a criar a ethereum, também fundou uma companhia que tem por propósito desenvolver a tecnologia capaz de fazer a blockchain deslanchar. O projeto é  em código aberto, o que significa que qualquer desenvolvedor pode participar. Há várias posições abertas, muitas delas com possibilidade de trabalhar remotamente. Se você é desenvolvedor e quer se candidatar, dá uma olhada nesse link.

Lubin descreve a blockchain como uma sistema confiável de base de dados, numa infraestrutura compartilhada de atores confiáveis. Ele prevê que no furuto viveremos numa criptoeconomia. "Esta é a primeira vez na história que vemos um sistema financeiro construído de forma completamente descentralizada das pessoas, pelas pessoas e para as pessoas.  Mas ainda existe vários gaps a serem preeenchicos. A velocidade de processamento, por exemplo, já que todas as transações têm que ser criptografadas.

A rede da ethereum já tem hoje uma plataforma de conteúdo, a Ujo Music, onde artistas podem se registrar e fazer o upload de seu conteúdo, sem necessidade de intermediário e com a segurança de que não será copiado. A vida com blockchain tende a ser uma vida completamente desintermediada. Isso deve tornar várias operações mais simples (mais ou menos o que o Uber fez  com o transporte público), mas tem o podencial de deixar uma imensa quantidade de gente fora do mercado.