Até a manhã desta quarta-feira (31), Pernambuco vacinou apenas 427.711 das crianças menores de 5 anos, o que corresponde a 68% dos 628.742 que precisam se imunizar contra gripe. Os números preocupam: entre a população que faz parte do público-alvo para a vacinação, o grupo das crianças nessa faixa etária é o que tem a menor cobertura vacinal até o momento: 22% ainda precisam se imunizar. Considerando todos os grupos prioritários, Pernambuco vacinou, até agora, 1.920.134 pessoas contra a gripe - ou seja, 82,4% do total de 2.329.874 de pessoas que estão entre o público-alvo. A meta é imunizar, no mínimo, 90% dessa população.
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Esse cenário preocupa porque as crianças abaixo de 5 anos são as que têm maior risco de apresentar complicações pelos vírus da gripe. Até o dia 20 de maio, Pernambuco registrou 782 casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), com 55 casos com resultado laboratorial positivo para influenza A(H3N2), sendo 27 (49,2%) em crianças menores de 4 anos.A síndrome, que é uma das complicações mais delicadas da gripe, é caracterizada por febre, tosse ou dor de garganta, associado à dispneia ou desconforto respiratório. Há necessidade de os pacientes serem internados.
As crianças realmente são vistas como prioridade para a vacinação, pois podem manter a transmissão dos vírus quando não imunizadas. Os outros grupos (como idosos e gestantes) também não devem relaxar.
Proteção
A vacina contra gripe também é valiosa para oferecer proteção contra pneumonia na infância, segundo mostra a tese de doutorado do pediatra Eduardo Jorge da Fonseca Lima, presidente da Sociedade de Pediatria de Pernambuco. “A conclusão é que a chance de internamento por pneumonia foi 3,7 vezes maior nas crianças menores de 2 anos que não tinham tomado a vacina de gripe, quando comparadas com as que tinham se imunizado”, destaca o pediatra, que é coordenador-geral das residências médicas do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), em Pernambuco.
Em Pernambuco, entre os casos de síndrome respiratória aguda grave associados ao vírus influenza A(H3N2), metade foi registrado em crianças com menos de 4 anos (Foto: Guga Matos/JC Imagem)
Ele vê o vírus influenza como um agente que pode facilitar a infecção bacteriana. “A infecção pelo influenza destrói a defesa e favorece uma bactéria, especialmente o pneumococo”, ressalta Eduardo Jorge.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 1,2 bilhões de pessoas apresentam risco elevado para complicações da influenza (popularmente conhecida como gripe). Dentro desse universo, 140 milhões são crianças. Outros 700 milhões são crianças e adultos com doença crônica mais 385 milhões de idosos acima de 65 anos de idade.
Até 9 de junho
A campanha de vacinação contra gripe segue até o dia 9 de junho em todo o Brasil. Devem ser vacinados idosos, crianças de 6 meses a menores de 5 anos, gestantes, puérperas (até 45 dias após o parto), indígenas, portadores de doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas, população privada de liberdade e funcionários do sistema prisional, professores dos ensinos básico e superior de escolas públicas e privadas e profissionais de saúde.
Importante ressaltar que quem tomou a vacina no ano passado e continua dentro dos grupos prioritários também deve ser imunizado.
