"Educação inclusiva não é moda, é necessidade", diz professor espanhol durante congresso em PE

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 20/05/2017 às 20:26
Conceito do Projeto Roma cria uma relação entre desenvolvimento e aprendizagem (Foto: Free Images)
Conceito do Projeto Roma cria uma relação entre desenvolvimento e aprendizagem (Foto: Free Images) FOTO: Conceito do Projeto Roma cria uma relação entre desenvolvimento e aprendizagem (Foto: Free Images)

Por Juliana Preto/Especial para o blog Casa Saudável

Na manhã deste sábado (20), o 1º Congresso Internacional Inclusion, realizado em Porto de Galinhas, no município de Ipojuca (Litoral Sul de Pernambuco), contou com a participação do educador espanhol Miguel Lopez Melero, um dos criadores do Projeto Roma. Em 1990, em parceria com outros educadores, Melero criou uma proposta pedagógica na qual a melhor maneira de educar pessoas com síndrome de Down seria em salas de aula regulares.

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O Projeto Roma, realizado em Málaga, na Espanha, evoluiu ao longo do tempo para uma proposta pedagógica; não apenas para pessoas com alguma deficiência (que o educador prefere chamar de pessoas com peculiaridades), mas para todas as pessoas, sem exceção. O projeto busca soluções conjuntas às dificuldades de ensino e aprendizagem das pessoas com deficiência, nos seus diversos contextos (família, escola, sociedade).

"O aprendizado nunca é individual. Eu aprendo com o outro. E a consequência do aprendizado é a transformação social", acredita Miguel Lopez Melero (Foto: Osvaldo Neto/Divulgação)

A proposta pedagógica do Projeto Roma sustenta-se na ideia de desenvolvimento próximo. Esse conceito cria uma relação entre desenvolvimento e aprendizagem, demonstrando que a aprendizagem estimula o desenvolvimento. Mudando completamente a palestra, Melero iniciou um debate, informando que tinha preparado vários slides, mas que preferia uma troca com os congressistas, estimulando a fala de todos.

A maioria das perguntas versou sobre o tema inclusão. Como incluir todas as crianças na educação? "Educação inclusiva não é moda, é necessidade. Seria uma maravilha transformar a diversidade em potencial. A natureza é diversa. Educação inclusiva não é questão de gene, é questão de oportunidade", afirmou com veemência Melero. De acordo com ele, a genética não determina o que a pessoa vai ser, e todos podemos aprender e nos desenvolver.

Ainda segundo com Miguel Lopez Melero, a única forma de mudar o mundo e fazê-lo mais inclusivo é através da educação e da cultura. "O aprendizado nunca é individual. Eu aprendo com o outro. E a consequência do aprendizado é a transformação social. Escola é um lugar para pensar e conviver. Todas as crianças – peculiares ou não – são capazes de aprender”. O educador foi ovacionado pelos congressistas.

Outros temas

A programação do 1º Congresso Internacional Inclusion, na tarde deste sábado, trouxe também palestras e oficinas sobre microcefalia, tecnologia assistiva, lei de cotas, inclusão de pessoas com deficiência na mídia e entretenimento, entre outros temas.

O evento, aberto na sexta-feira (19), foi criado para disseminar conhecimentos para as demandas das pessoas com deficiência e articular um debate com a sociedade e gestores públicos, grupos organizados e demais interessados quanto à acessibilidade, empregabilidade, empreendedorismo, tecnologias assistivas, reabilitação e inclusão social desse segmento.