Por Juliana Preto/Especial para o blog Casa Saudável
Na manhã deste sábado (20), o 1º Congresso Internacional Inclusion, realizado em Porto de Galinhas, no município de Ipojuca (Litoral Sul de Pernambuco), contou com a participação do educador espanhol Miguel Lopez Melero, um dos criadores do Projeto Roma. Em 1990, em parceria com outros educadores, Melero criou uma proposta pedagógica na qual a melhor maneira de educar pessoas com síndrome de Down seria em salas de aula regulares.
Leia também:
Síndrome de Down: Quando o amor supera limitações e promove qualidade de vida
Gestação: entenda o que acontece com você e o bebê em cada fase
O Projeto Roma, realizado em Málaga, na Espanha, evoluiu ao longo do tempo para uma proposta pedagógica; não apenas para pessoas com alguma deficiência (que o educador prefere chamar de pessoas com peculiaridades), mas para todas as pessoas, sem exceção. O projeto busca soluções conjuntas às dificuldades de ensino e aprendizagem das pessoas com deficiência, nos seus diversos contextos (família, escola, sociedade).
"O aprendizado nunca é individual. Eu aprendo com o outro. E a consequência do aprendizado é a transformação social", acredita Miguel Lopez Melero (Foto: Osvaldo Neto/Divulgação)
A proposta pedagógica do Projeto Roma sustenta-se na ideia de desenvolvimento próximo. Esse conceito cria uma relação entre desenvolvimento e aprendizagem, demonstrando que a aprendizagem estimula o desenvolvimento. Mudando completamente a palestra, Melero iniciou um debate, informando que tinha preparado vários slides, mas que preferia uma troca com os congressistas, estimulando a fala de todos.
A maioria das perguntas versou sobre o tema inclusão. Como incluir todas as crianças na educação? "Educação inclusiva não é moda, é necessidade. Seria uma maravilha transformar a diversidade em potencial. A natureza é diversa. Educação inclusiva não é questão de gene, é questão de oportunidade", afirmou com veemência Melero. De acordo com ele, a genética não determina o que a pessoa vai ser, e todos podemos aprender e nos desenvolver.
Ainda segundo com Miguel Lopez Melero, a única forma de mudar o mundo e fazê-lo mais inclusivo é através da educação e da cultura. "O aprendizado nunca é individual. Eu aprendo com o outro. E a consequência do aprendizado é a transformação social. Escola é um lugar para pensar e conviver. Todas as crianças – peculiares ou não – são capazes de aprender”. O educador foi ovacionado pelos congressistas.
Outros temas
A programação do 1º Congresso Internacional Inclusion, na tarde deste sábado, trouxe também palestras e oficinas sobre microcefalia, tecnologia assistiva, lei de cotas, inclusão de pessoas com deficiência na mídia e entretenimento, entre outros temas.
O evento, aberto na sexta-feira (19), foi criado para disseminar conhecimentos para as demandas das pessoas com deficiência e articular um debate com a sociedade e gestores públicos, grupos organizados e demais interessados quanto à acessibilidade, empregabilidade, empreendedorismo, tecnologias assistivas, reabilitação e inclusão social desse segmento.