Abril Lilás: período alerta para a prevenção e combate ao câncer de testículo

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 25/04/2017 às 16:28
Embora considerado raro, câncer de testículo representa 5% dos tipos de tumores que afetam os homens, principalmente aqueles em idade reprodutiva (Foto ilustrativa: Pixabay)
Embora considerado raro, câncer de testículo representa 5% dos tipos de tumores que afetam os homens, principalmente aqueles em idade reprodutiva (Foto ilustrativa: Pixabay) FOTO: Embora considerado raro, câncer de testículo representa 5% dos tipos de tumores que afetam os homens, principalmente aqueles em idade reprodutiva (Foto ilustrativa: Pixabay)

Outubro Rosa e Novembro Azul. Quando o assunto é relacionar cores a meses para conscientizar a população sobre determinadas doenças, essas duas referências provavelmente serão as mais lembradas. Mas poucas pessoas sabem que este mês é marcado pelo Abril Lilás, período de combate e prevenção ao câncer de testículo. Embora considerada rara, a doença representa 5% dos tipos de tumores que afetam os homens, principalmente aqueles em idade reprodutiva (entre os 15 e 50 anos). Os dados são do Instituto Nacional de Combate ao Câncer (Inca).

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A maior incidência em jovens, geralmente em uma faixa etária sexualmente ativa, aumenta a chance desse tipo de tumor ser confundido (ou mascarado) com inflamações dos testículos e/ou epidídimos (pequeno ducto que coleta e armazena os espermatozoides produzidos pelo testículo) transmitidas através do sexo. "Alteração no tamanho dos testículos, presença de nódulo ou caroço, sensação de peso, sangue na urina, aumento ou sensibilidade dos mamilos e dores na virilha, na parte inferior do abdômen ou no testículo são alguns sinais", alerta o urologista Filipe Tenório, do Hospital Santa Joana Recife.

Ainda de acordo com o especialista, o desenvolvimento deste tipo de câncer está associado a lesões, histórico familiar e a criptorquidia, que acontece quando os testículos estão posicionados fora da bolsa escrotal. "Indivíduos com essas características possuem um risco 50 vezes maior de desenvolver câncer", ressalta o médico. Outro grupo com maior incidência de câncer de testículo são os homens que lidam com a infertilidade. Nesses casos, a presença do tumor pode ser a causa da diminuição da produção de espermatozoides.

A melhor forma de prevenção é o autoexame. O hábito, que deve ser mensal, pode identificar nódulos ou endurecimento nos testículos ainda na fase inicial do problema. "Se outro sintoma aparecer é preciso consultar um urologista. Ele deve solicitar um exame de sangue que vai confirmar ou não o diagnóstico", pontua Tenório. O câncer de testículo possui marcadores tumorais sanguíneos, como a alfa-feto proteína e beta-HCG, que auxiliam a detecção da doença.

Os exames de imagem também são de extrema ajuda no manejo das neoplasias dos testículos. Esses procedimentos ajudam a localizar o tumor, determinar sua relação com as estruturas adjacentes e a avaliar a sua extensão no próprio testículos e para órgãos adjacentes. "Geralmente a avaliação por imagem começa através da ultrassonografia com Doppler, método que é muito sensível na detecção e caracterizado das lesões do testículo", afirma o radiologista Lucilo Maranhão Neto, do Lucilo Maranhão Diagnósticos.

Outro método de diagnóstico é a ressonância magnética. "Com a ressonância conseguimos determinar o tamanho, localização e avaliar a presença ou não de metástases regionais ou a distância, possibilitando o estadiamento do tumor para melhor definir o tratamento a ser proposto ao paciente", ressalta o especialista.

Em relação ao tratamento, a evolução do tumor é que ditará a intervenção terapêutica adequada. Cirurgia, radioterapia e quimioterapia estão entre os procedimentos mais comuns. Normalmente o tratamento é iniciado com cirurgia para retirar o testículo afetado e todas as células cancerígenas. "Nesses casos de retirada do órgão é recomendado o congelamento do sêmen como uma forma de precaução, pois a infertilidade pode atingir ou não o paciente", explica o urologista.

Nos casos mais graves, pode ser necessário fazer radioterapia ou quimioterapia para eliminar as células tumorais remanescentes. Quanto ao aspecto estético, o urologista esclarece: atualmente são utilizadas próteses testiculares de silicone quase imperceptíveis visualmente quando comparadas ao testículo normal.