Cirurgia bariátrica pode contribuir para aumento de risco de fraturas ósseas, aponta estudo

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 03/11/2016 às 15:38
Pesquisas revelam que cirurgia bariátrica com componente disabsortivo podem dificultar absorção de aporte adequado de cálcio e outras substâncias (Foto ilustrativa: Free Images)
Pesquisas revelam que cirurgia bariátrica com componente disabsortivo podem dificultar absorção de aporte adequado de cálcio e outras substâncias (Foto ilustrativa: Free Images) FOTO: Pesquisas revelam que cirurgia bariátrica com componente disabsortivo podem dificultar absorção de aporte adequado de cálcio e outras substâncias (Foto ilustrativa: Free Images)

Estudos divulgados recentemente apontaram que a cirurgia bariátrica, procedimento adotado para a redução de peso, pode contribuir para o aumento no risco de fraturas ósseas. Entre os três tipos - restritivas, disabsortivas e mistas - as pesquisas revelaram que no segundo tipo da cirurgia há maior perda ponderal, mas também maior dificuldade da absorção e manutenção de aporte adequado de cálcio, vitamina D e proteínas.

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Os procedimentos com componente disabsortivo evitam a passagem do alimento do intestino para o sangue, reduzindo o tamanho do intestino delgado que entra em contato com os alimentos. “A maior parte dos estudos mostra que há perda significativa de massa óssea, principalmente em fêmur, mas há poucos dados sobre o risco de fraturas; além de informações em idosos e adolescentes submetidos ao procedimento”, pontua o endocrinologista Sérgio Setsuo Maeda, da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso).

O especialista explica que a acentuada perda ponderal que ocorre no pós-operatório de cirurgia bariátrica leva à diminuição das massas óssea, gordurosa e muscular e representa, em grande parte, um ajuste ao novo status de peso do paciente. Esse fator pode pode ser agravado pela associação da hipovitaminose D e menor absorção de cálcio associada ao hiperparatiroidismo secundário. "Há ainda dificuldade de manter um aporte proteico adequado pela ingesta e digestão mais difícil destas fontes, além da contribuição das doenças e uso de medicações prévias", comenta Maeda.

Pesquisas atuais tentam compreender a contribuição dos mecanismos neuro-hormonais na fisiopatologia da perda óssea associada à cirurgia bariátrica. Existe possível contribuição dos hormônios intestinais como grelina, leptina, adiponectina, osteocalcina. Outros estudos estão voltados para outras avaliações de imagem, além da densitometria óssea, método no qual há limitação de peso e o fato de ser uma avaliação areal quantitativa da massa óssea, como por exemplo, a tomografia quantitativa tridimensional.

O tema foi debatido no 7º BRADOO (Congresso Brasileiro de Densitometria, Osteoporose e Osteometabolismo), que aconteceu entre os dias 29 de outubro e 1º de novembro, em Joinville (SC).