Dia Nacional da Esclerose Múltipla: confira 5 mitos e verdades sobre a doença

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 30/08/2016 às 18:26
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cerebro-600 Doença que atinge mais de 35 mil brasileiros, a esclerose múltipla ainda é pouco conhecida e gera diversas dúvidas (Foto ilustrativa: Free Images)

Doença autoimune e crônica, a esclerose múltipla é caracterizada pelas dificuldades motoras e sensitivas do paciente causadas pelo comprometimento do sistema nervoso central. Nesta terça-feira, 30 de agosto, é celebrado o Dia Nacional da Esclerose Múltipla, data que visa reforçar a conscientização sobre a doença que atinge mais de 35 mil brasileiros, segundo dados da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem), mas que ainda causa muitas dúvidas.

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A médica Soniza Alves Leon, professora neurologia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e chefe do centro de referência em esclerose múltipla do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ, listou uma série de mitos e verdades sobre a doença. Confira:

1. Esclerose múltipla é uma doença mental e suscetível de prevenção.

MITO. Por ser uma doença neurológica que pode comprometer a dicção e cognição, além de alterações motoras, há uma percepção equivocada em relação ao problema, que não pode ser considerado uma doença mental. Trata-se de uma doença desencadeada pelo sistema imunológico da pessoa acometida. Devido ao desconhecimento sobre as causas da doença, não é possível, até o momento, falar em prevenção. O melhor a fazer é buscar o máximo de informações possível para lidar e tratar a enfermidade.

2. Pode ser silenciosa e se manifestar de diferentes formas ao longo do tempo, tornando difícil o diagnóstico.

VERDADE. As lesões no cérebro e na medula espinhal causadas pela doença podem ocasionar diferentes sintomas, que podem se apresentar de forma sutil e transitória, e que vão desde visão dupla ou embaçada, fadiga, formigamentos, perda de força e falta de equilíbrio, até incontinência urinária, ocorrendo de forma isolada ou em conjunto. A diversidade e intensidade de sintomas podem levar os pacientes a buscar ajuda de diferentes especialistas e usar diversos tratamentos até chegar ao correto diagnóstico, em geral feito por um neurologista.

3. Tem relação direta com a idade avançada.

MITO. Apesar de muitas pessoas associarem esta patologia a idade avançada, os pacientes têm, em média, 30 anos quando recebem o diagnóstico da doença, sendo que o principal grupo de risco são mulheres jovens, segundo dados do Atlas da Esclerose Múltipla 2013, da Federação Internacional de Esclerose Múltipla. A doença também pode acometer homens, crianças e, eventualmente, pessoas acima dos 50 anos.

4. A esclerose múltipla é uma doença fatal em todos os casos.

MITO. Apesar de ser crônica e autoimune, que atinge o sistema nervoso central, a enfermidade não é considerada fatal. "A maioria das mortes associadas à EM são devido a complicações em estágios avançados e progressivos da doença. Por isso o tratamento precoce é de extrema importância, pois pode contribuir na desaceleração da progressão da doença, além de ajudar a prevenir complicações", completa a neurologista.

5. Tem tratamento, mas não é curável.

VERDADE. Embora não haja cura para a esclerose múltipla, existem tratamentos disponíveis que atenuam os efeitos e podem impactar a progressão da doença. O uso de imunomoduladores diminuem a frequência dos surtos, agindo sobre os mecanismos imunológicos e minimizando a atividade inflamatória. De acordo com a Abem, transtornos emocionais também podem ser indicativos da doença, ou seja, em alguns casos, os pacientes se tornam depressivos ou sofrem de excesso de ansiedade.

Dessa forma, o tratamento muitas vezes é combinado com antidepressivos. Além disso, uma forma de complementação do tratamento com medicamentos é a realização de fisioterapia, para alongamento e fortalecimento muscular, que pode tornar atividades diárias mais fáceis de se praticar e menos cansativas para os pacientes. A esclerose múltipla deve ser tratada de forma multidisciplinar.