Em referência ao Dia Mundial de Conscientização da Epilepsia, confira mitos e verdades sobre a doença

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 25/03/2016 às 17:00
cerebro-235 FOTO:

Imagem de raio-x de cérebro (Foto: Free Images) Epilepsia doença neurológica caracterizada por descargas elétricas anormais e excessivas no cérebro, causando crises diversas (Foto: Free Images)

A epilepsia é uma doença neurológica caracterizada por descargas elétricas anormais e excessivas no cérebro, causando crises epilépticas que vão desde alterações da consciência ou diversos eventos motores. Historicamente, ainda é um distúrbio que gera muito preconceito e estigmas que vão muito além da medicina. Pensando em conscientizar a população sobre a doença, foi criado em 2008 o Purple Day, movimento internacional celebrado todo dia 26 de março.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a epilepsia atinge mais de 50 milhões de pessoas no mundo - destes, cerca de 3 milhões são brasileiros. Para esclarecer algumas dúvidas sobre a doença, a neurologista Adélia Henriques Souza, presidente da Liga Brasileira de Epilepsia (LBE) explicou uma série de mitos e verdades sobre o assunto.

Confira:

1. A epilepsia é uma doença contagiosa.

MITO. A epilepsia é uma doença neurológica não contagiosa. Portanto, qualquer contato com alguém que tenha epilepsia não transmite a doença.

2. Durante uma crise convulsiva, deve-se segurar os braços e a língua da pessoa.

MITO. Durante uma crise o ideal é colocar o paciente deitado com a cabeça de lado para facilitar a saída de possíveis secreções e evitar a aspiração de vômito. A cabeça deverá ser apoiada sobre uma superfície confortável. É importante não introduzir qualquer objeto na boca, não tentar interromper os movimentos dos membros e não oferecer nada para a pessoa ingerir.

3. Toda convulsão é epilepsia.

MITO. A crise convulsiva é uma crise epiléptica na qual existe abalo motor. Para considerar que uma pessoa tem epilepsia ela deverá ter repetição de suas crises epilépticas, portanto a pessoa poderá ter uma crise epiléptica (convulsiva ou não) e não ter o diagnóstico de epilepsia.

4. Epilepsia é uma doença mental.

MITO. A epilepsia é uma doença neurológica, não mental.

5. Os pacientes com epilepsia não podem dirigir.

MITO. Segundo a Associação Brasileira de Educação de Trânsito, o paciente com epilepsia que se encontra em uso de medicação antiepiléptica poderá dirigir se estiver há um ano sem crise epiléptica - dado que deve ser apresentado através de um laudo médico. Caso o paciente esteja em retirada da medicação antiepiléptica, ele poderá dirigir se estiver há no mínimo dois anos sem crises epilépticas e ficar por mais seis meses sem medicação e sem crise. Já a direção de motocicletas é proibida.

6. É possível manter a consciência durante uma crise de epilepsia.

VERDADE. Sim, é possível. A manifestação clínica da crise epiléptica relaciona-se com a área do cérebro de onde a crise é gerada. As crises epilépticas APRESENTAM-SE de diferentes maneiras: podem ser rápidas ou prolongadas; com ou sem alteração da consciência; com fenômeno motor, sensitivo ou sensorial; únicas ou em salvas; exclusivamente em vigília ou durante o sono.

7. O estresse é um fator desencadeador de crises de epilepsia.

VERDADE. O estresse é um dos fatores que pode deflagrar uma crise epiléptica.

8. Existem medicamentos capazes de controlar totalmente a incidência das crises.

VERDADE. Cerca de 70% dos casos de epilepsia são de fácil controle após o uso do medicamento adequado. Os 30% restantes são classificados como epilepsias refratárias de difícil controle.

9. A epilepsia pode acometer todas as idades.

VERDADE. A epilepsia acomete desde o período neonatal até o idoso, e pode ter início em qualquer período da vida.

10. O paciente com epilepsia pode ter uma vida normal.

VERDADE. Pacientes com epilepsia, desde que controlados, podem e devem ser inseridos completamente na sociedade, ou seja, devem trabalhar, estudar, praticar esportes, se divertir.

Sobre a data

A data foi criada em 2008 por Cassidy Megan, à época com nove anos, em Nova Escócia, no Canadá. O movimento contou com a ajudar da Associação de Epilepsia da Nova Escócia (EANS). Em 2009, a Fundação Anita Kaumann, sediada nos Estados Unidos, tornou-se parceira do movimento. No Brasil, o Purple Day está presente desde 2011.

Em várias cidades, locais serão iluminados neste sábado (26) com a cor roxa, em referência ao Dia Mundial de Conscientização da Epilepsia. No Recife, o lugar escolhido foi a Praça do Arsenal da Marinha, no Recife Antigo, área central da capital pernambucana.

xxxxxxx