OMS convoca comitê de emergência para tratar do vírus zika

Cinthya Leite
Cinthya Leite
Publicado em 28/01/2016 às 15:21
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Até o momento, 23 países já reportaram casos de zika, transmitida pelo Aedes aegypti (Foto: Rodrigo Lôbo/JC Imagem) Até o momento, 23 países já reportaram casos de zika, transmitida pelo Aedes aegypti (Foto: Rodrigo Lôbo/JC Imagem)

A diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan, anunciou, nesta quinta-feira (28), a criação de um comitê de emergência para tratar do vírus zika. O grupo deve se reunir na próxima segunda-feira (1º) em Genebra para tratar, entre outros assuntos, do aumento de casos de malformações em bebês e de doenças neurológicas possivelmente associado à infecção.

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De acordo com a OMS, o comitê também deve definir se a epidemia do vírus zika constitui emergência em saúde pública de importância internacional, como aconteceu na recente epidemia de ebola detectada na África Ocidental.

Durante sessão realizada em Genebra, Margaret Chan avaliou que a situação do vírus no mundo mudou drasticamente e que o zika, após ser detectado nas Américas em 2015, espalha-se agora de forma explosiva. Até o momento, segundo a diretora-geral, 23 países já reportaram casos da doença.

“O nível de alarme é extremamente alto”, disse, em discurso. “A chegada do vírus a algumas localidades foi associada a um grande aumento no nascimento de bebês com cabeças anormalmente pequenas e casos de síndrome de Guillain-Barré (doença neurológica que provoca fraqueza muscular e paralisia em membros do corpo)”, completou.

Ainda de acordo com a diretora-geral da OMS, uma relação causal entre o vírus zika e casos de malformação congênita e síndromes neurológicas ainda precisa ser estabelecida, mas há uma suspeita muito forte.

“As possíveis ligações, apenas recentemente levantadas, rapidamente mudaram o perfil de risco do zika, de uma leve ameaça a algo de proporções alarmantes. A crescente incidência de microcefalia é particularmente alarmante, já que coloca um fardo de partir o coração sobre famílias e comunidades.”

A situação é preocupante, segundo Margaret Chan, por causa de fatores como a ausência de imunidade entre a população, a falta de vacinas, tratamentos específicos e testes de diagnóstico rápido, além da possibilidade de disseminação global da doença, quando considerada a presença do mosquito Aedes aegypti em diversas partes do planeta. O mosquito é o transmissor do vírus.

“Além disso, condições associadas aos padrões de clima impostos pelo El Niño este ano devem aumentar a população de mosquito de forma significativa em diversas áreas”, alertou. “O nível de preocupação é alto, como o nível de incerteza. Perguntas não faltam. Precisamos obter algumas respostas rapidamente", diz Margaret.