Kanté e a viagem da periferia parisiense ao topo da Europa

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Davi Saboya

Publicado em 28/05/2021 às 14:04
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AFP - "Ele é pequeno, ele é gentil, ele parou Leo Messi", diz a canção que os torcedores criaram em sua homenagem: à força da abnegação, N'Golo Kanté se estabeleceu na elite do futebol e no próximo sábado disputará a final da Liga dos Campeões, um dos poucos troféus que ainda não possui.

O volante do Chelsea cresceu em uma família numerosa em Rueil-Malmaison, na periferia de Paris.

"Toda vez que ele volta a Paris vem nos ver para nos cumprimentar. Se fazemos algo pra comer, ele fica para comer, aceita tirar fotos com todo mundo, brinca com os meninos...", conta Karim El-Moudkhil, que foi seu professor em Rueil.

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Na casa de sua juventude no bairro, quase tudo lembra o herói: fotos dele adolescente com o time local ou um retrato gigante do francês.

Karim El-Moudkhil lembra muitas anedotas com Kanté, e não para de mostrar vídeos do craque, que foi campeão mundial com a França e da Premier League com Chelsea e Leicester.

Ele afirma que Kanté é "um exemplo vivo" para os meninos da pequena cidade a poucos quilômetros de Paris.

"No verão aqui todos usam camisas do Caen, do Leicester, do Chelsea, da seleção francesa", as equipes por onde Kanté passou.

Amado e respeitado por todos - companheiros de equipe, torcedores e adversários - por sua gentileza e humildade, o atleta francês conquistou a reputação de jogador generoso e discreto, qualidades que combinam com sua personalidade fora de campo.

"A fama não subiu à sua cabeça", confirma Karim El-Moudkhil. "E seus irmãos são parecidos, gostaria de saber a receita para poder dar a todo mundo", sorri.

Uma reação impulsiva em um jogo, um acesso de raiva, uma emoção negativa? "Estou procurando uma anedota ou coisa parecida, mas francamente não me lembro... nunca o vi bravo desde que o conheci", responde o professor, quase se desculpando com o jornalista por não ter conseguido responder à pergunta.

"VONTADE DE MELHORAR"

Foi no Suresnes, um clube modesto, que Kanté, agora com 30 anos, jogou na juventude.

Apesar de seu talento óbvio, nenhum dos principais clubes da região de Paris confiou em suas qualidades, especialmente devido a sua baixa estatura.

E talvez também por causa de sua personalidade que muitas vezes o levava a ficar em segundo plano.

"N'Golo não se exibe, por isso não era muito visível", explicou em 2018 à AFP Pierre Ville, um dos líderes do clube.

Aos 19 anos, quando assinou com o Boulogne-sur-Mer, começou a brilhar. Kanté subiu rapidamente os degraus, até integrar a equipe principal do Nacional (terceira divisão da França).

De lá passou pelo Caen (2013-2015) antes de voar para a Inglaterra, onde a glória o esperava no Leicester, com o qual conquistou a Premier League em 2016. Depois, Chelsea.

"Desde que assinou com o Boulogne-sur-Mer, sabia que a sua carreira estava lançada", afirma Karim El-Moudkhil, "só precisava estar numa estrutura profissional".

"O que mais chamava a atenção era sua vontade de melhorar: era uma esponja, absorvia todos os conselhos", lembra Christophe Raymond, ex-técnico da filial de Boulogne-sur-Mer, que teve sob seu comando entre 2010 e 2012 o jogador que mais tarde brilharia nas recentes semifinais da Champions contra o Real Madrid.

"Sentíamos que tinha potencial, mas seria mentira dizer que imaginávamos que chegaria a esse nível", reconhece.

Em Rueil, para o seu antigo educador, é um dos grandes favoritos ao prêmio Bola de Ouro: "Se ganhar a Eurocopa e a Liga dos Campeões, ele consegue".

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