Último título do Náutico nos Aflitos foi contra o Santa Cruz e criou o bordão 'hexa é luxo'; relembre

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Lucas Holanda

Publicado em 19/05/2021 às 14:32
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O Náutico pode voltar a ser campeão dentro dos Aflitos após quase 47 anos de jejum. Caso conquiste o título em cima do Sport, no próximo domingo, o Alvirrubro dará a volta olímpica nos seus domínios, algo que não acontece desde 1974. Naquela ocasião, o Timbu bateu o Santa Cruz por 1x0, sagrou-se campeão estadual e, mais do que isso, evitou que o rival fosse hexacampeão, feito que apenas o Náutico tem até hoje, pois ganhou os Pernambucanos de 1963 até 1968. O último título do Alvirrubro nos Aflitos, inclusive, criou o bordão 'hexa é luxo'.

Não foi um título comum no Estadual, nem tampouco uma simples conquista que evitou uma taça para um rival. O hexacampeonato é, até hoje, o maior orgulho do torcedor do Náutico. E naquele ano de 1974 estava ameaçado pelo Santa Cruz, que na época tinha um timaço - não por acaso venceu os Pernambucanos de 1969, 1970, 1971, 1972 e 1973. Era um domínio tricolor em Pernambuco, com o clube coral também fazendo boas campanhas a nível nacional.

Só que do outro lado tinha um Náutico pronto para impedir um rival. Um Náutico que contava com o craque Jorge Mendonça na sua equipe, além de outros bons nomes como o goleiro Neneca, que só tomou seis gols no campeonato, e outras peças como Paraguaio, Vasconcelos e Dedeu. Um Náutico que sofreu um baque grande no primeiro turno, mas comandado por Orlando Fantoni deu a volta por cima e, nos Aflitos, bateu o Santa Cruz. Um Náutico para a história.

Trio de ataque fez história. Foto: Reprodução/ livro Náutico - a bola e as lembranças

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PRIMEIRO TURNO DEU SANTA CRUZ

A disputa entre Náutico e Santa Cruz já começou no primeiro turno do campeonato, com o Tricolor do Arruda levando a melhor. Com uma campanha de 16 jogos, 13 vitórias e três empates, a Cobra Coral venceu o turno de maneira invicta, conquistando 29 pontos contra 28 do Náutico. Ao Alvirrubro coube lamentar, sobretudo porque a única derrota na campanha havia sido para o Santa, num jogo no Arruda, em que o meio-campista Luciano Veloso fez o gol a favor dos corais.

E sobre esse primeiro Clássico das Emoções, aliás, ele tem um detalhe curioso. Após a partida, o técnico Orlando Fantoni não poupou críticas ao elenco do Náutico, que perdeu o jogo para o rival mesmo tendo a vantagem de um jogador a mais durante mais de 50 minutos. Segundo relataram jornais da época, o treinador alvirrubro disse que a sua equipe havia sido "covarde" e tinha "tremido" ante o Santa Cruz, que já tinha uma vantagem de não perder para o Náutico há dois anos. Ou seja, desde 1972.

"COVARDES" DÃO A VOLTA POR CIMA E GANHAM O SEGUNDO TURNO

A declaração do técnico Orlando Fantoni mexeu com o elenco do Náutico, que voltou com fome de vitória para o segundo turno. Com uma campanha impecável, o Alvirrubro venceu o returno do Pernambucano, que foi disputado por apenas seis times - diferentemente do primeiro, que contou com nove equipes. De maneira invicta, o Timbu somou 19 pontos, tendo conquistado dez vitórias e apenas um empate. E sobre o tabu de não vencer o Santa Cruz... ele acabou no dia 1º de dezembro de 1974.

Nos Aflitos, o Timbu enfrentava o Santa Cruz precisando vencer, pois o Tricolor do Arruda faturava o hexacampeonato com apenas um empate. E o roteiro do jogo começou da pior forma, pois o atacante Zé Carlos abriu o placar para a Cobra Coral. No entanto, era dia alvirrubro. Com gols do meia Vasconcelos e dos atacantes Dedeu e Jorge Mendonça, o Timbu virou para cima do Santa Cruz, quebrou um jejum de mais de dois anos sem vencer o rival e faturou o título do returno.

LIMA: O HERÓI DE 1974

Como cada clube havia vencido um turno, Santa Cruz e Náutico iriam decidir o Campeonato Pernambucano de 1974 em uma melhor de três. No primeiro jogo, no estádio do Arruda, deu Timbu. Aos 23 do segundo tempo, o atacante Lima marcou o gol da vitória alvirrubra. Como venceu a partida de ida, o Náutico poderia sagrar-se campeão estadual já no jogo de número dois, pois caso triunfasse abria 2x0 na série e aí não teria a necessidade do terceiro confronto. E foi o que aconteceu.

Em um Aflitos que recebeu um ótimo público, com pouco mais de 20 mil pessoas, o Náutico bateu o Santa Cruz pelo mesmo placar da ida: 1x0. E, assim como no Arruda, o gol do jogo foi marcado pelo atacante Lima, o herói da decisão de 1974. Com o título, o Alvirrubro voltou a ser campeão pernambucano após cinco anos de jejum e, de quebra, evitou o hexa do Santa Cruz. Ao fim do confronto, uma certeza na festa e que dura até hoje: hexa é luxo.

Elenco do Náutico campeão. Foto: Reprodução/ Livro Náutico acima de tudo

Escalação da final: Neneca; Baiano; Djalma Sales (Borges), Sidclei e Drailton; Juca Show e Vasconcelos; Dedeu, Jorge Mendonça, Paraguaio e Lima. Técnico: Orlando Fantoni

NÚMEROS DA CAMPANHA VITORIOSA

Jogos: 28

Vitórias: 24

Empates: 3

Derrota: 1

Gols marcados : 78

Gols sofridos: 6

Maior goleada: Náutico 8x0 Santo Amaro, com oito gols de Jorge Mendonça

Fonte dos dados: Náutico - a bola e as lembranças, de Lucídio José de Oliveira

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