Esporte inglês lidera boicote global às redes sociais contra insultos online
AFP - Apagão nas redes sociais. O esporte inglês lidera um boicote global, seguido por grandes estrelas, clubes e federações, neste fim de semana para protestar contra os insultos online, principalmente os xingamentos racistas.
Manchester United, o heptacampeão mundial de Fórmula 1 Lewis Hamilton, mas também a Federação Internacional de Tênis (ITF) e até a Uefa: depois de alertar nas últimas semanas, o movimento esportivo entra em ação nessa sexta-feira.
As injúrias aos jogadores nas redes sociais se multiplicaram em 4,5 desde setembro de 2019, denunciou nesta sexta-feira o Manchester United, cujos jogadores Anthony Martial e Marcus Rashford foram vítimas desses insultos racistas.
LEIA MAIS
> PSG poupa Mbappé do Campeonato Francês de olho em decisão pela Champions League
> Novo formato da Liga dos Campeões já é alvo de críticas
> Conmebol vai entregar a federações nacionais vacinas doadas pela China contra a covid-19
Os 'Red Devils' não vão alimentar suas contas no Facebook, Twitter e Instagram neste fim de semana como forma de protesto.
O United recentemente sancionou seis torcedores, incluindo três sócios, por insultar o atacante sul-coreano do Tottenham, Son Heung-min, nas redes sociais.
O clube não será o único a se desconectar. "A partir das 15h de hoje (11h, pelo horário de Brasília), deixaremos de alimentar nossas redes sociais e permaneceremos em silêncio até terça-feira, 4 de maio", disse a Premier League inglesa nesta sexta-feira.
"Assumimos esta posição, junto à comunidade do futebol, no combate às injúrias online e à discriminação nas redes sociais", afirmou a organização.
"Os insultos online devem parar. As redes sociais têm de se manifestar. #NoRoomForRacism (não há lugar para o racismo) #StopOnlineAbuse (parem com o abuso online)", escreveu a Premier League no Twitter
O príncipe William, segundo na linha de sucessão à rainha Elizabeth II e presidente de honra da Federação Inglesa de Futebol (FA), se juntou "a toda a comunidade futebolística" no boicote às redes sociais e não utilizará as redes sociais neste fim de semana.
MOVIMENTO GLOBAL
Outras organizações britânicas, como as Federações de Rúgbi e Ciclismo, assim como as Federações de Críquete Inglesa e Galesa, aderiram ao movimento.
Na França, a Federação Francesa de Rugby (FFR) anunciou sua adesão nesta sexta-feira "respondendo ao apelo ao boicote das redes sociais com o objetivo de sensibilizar e denunciar o flagelo do racismo, assédio e discriminação na internet", assim como o clube de futebol Nantes.
Vários pilotos de Fórmula 1 também seguirão o boicote, liderados por Hamilton, o único piloto negro na história da categoria e muito comprometido na luta contra o racismo.
"Como demonstração de solidariedade com o mundo do futebol, minhas redes sociais ficarão negras neste fim de semana. A discriminação, online ou não, não tem lugar na sociedade. Por muito tempo, tem sido fácil para alguns postar mensagens odiosas atrás de suas telas", escreveu o astro da F1 em suas redes sociais.
Dois compatriotas de Hamilton no 'paddock', Lando Norris e George Russell, anunciaram a mesma decisão nesta sexta-feira, assim como o finlandês Valtteri Bottas, o holandês Max Verstappen, o monegasco Charles Leclerc e o francês Esteban Ocon.
PRESSÃO CONTRA FACEBOOK E TWITTER
A F1 manifestou na quinta-feira seu apoio ao movimento, mas destacou que não vai participar. Já outras entidades internacionais participam da ação.
Entre elas está a Federação Internacional de Tênis (ITF) que apontou a responsabilidade das plataformas.
"É hora de as empresas líderes de mídia social assumirem uma posição e apoiarem os esforços do esporte para impedir os insultos, em todos os lugares nas redes sociais", disse a ITF em um comunicado, seguida depois pelos torneios do Grand Slam de Roland Garros e Wimbledon.
Na quinta-feira, a Uefa também falou por meio de seu presidente, o esloveno Aleksander Ceferin, que lamentou "uma cultura de ódio que pode crescer na impunidade".
No dia 11 de fevereiro, em uma carta aberta ao chefe do Twitter, Jack Dorsey, e ao dono do Facebook, Mark Zuckerberg, dirigentes do futebol do Reino Unido pediram que eles agissem "por simples decência humana".
O Twitter respondeu que não tinha a intenção de censurar comentários de contas anônimas.
Os apelos para que os jogadores se retirem temporariamente das 'redes sociais' se multiplicaram nas últimas semanas. A lenda do Arsenal, Thierry Henry, anunciou no final de março que estava deixando as redes até que as plataformas fizessem mais para combater o racismo e o assédio.