Presidente da Uefa contra as 'cobras' que 'cospem na cara' do futebol

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LOURENÇO GADÊLHA

Publicado em 20/04/2021 às 10:28
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AFP - O presidente da Uefa, Aleksandar Ceferin, foi duro na sua resposta aos clubes fundadores da Superliga Europeia, torneio independente que irá rivalizar com Liga dos Campeões. Em uma mensagem aos doze promotores desta iniciativa (Arsenal, Manchester City, Manchester United, Liverpool, Tottenham, Chelsea, Barcelona, Real Madrid, Atlético Madrid, Juventus, AC Milan, Inter de Milão), Ceferin disse que a Superliga "cospe na cara" dos amantes do futebol e que sente-se traído pelas "cobras", numa alusão aos dirigentes com quem já colaborou nos últimos dias e que agora buscam um caminho independente.

A seguir, os principais trechos das declarações do dirigente à imprensa:

"Cospem na cara"

O advogado esloveno que está à frente da entidade que comanda o futebol europeu classificou a Superliga de "uma proposta vergonhosa e egoísta de alguns clubes movidos exclusivamente pela ganância". "Eles já têm muito dinheiro. Não são pobres e querem cada vez mais e mais", lamentou, referindo-se aos clubes que promovem essa separação.

A nova competição "cospe na cara dos amantes do futebol. Não vamos permitir", prometeu, duvidando que a Superliga Europeia venha a ser uma realidade. "Se isso vai se materializar? Não acho que um comunicado à imprensa será suficiente", destacou.

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Traído por "serpentes"

“Já vi muita coisa na minha vida. Sou advogado criminal há vinte anos, mas nunca vi gente assim (...) Éramos ingênuos, não sabíamos que tínhamos serpentes tão perto de nós", afirmou. "Vamos começar com Ed Woodward (gerente geral do Manchester United, um dos clubes dissidentes), que me ligou na noite de quinta-feira para dizer que estava muito satisfeito e apoiou totalmente a reforma da Liga dos Campeões", disse Ceferin sobre o plano da Uefa aprovado na segunda-feira para a temporada que terá início em 2024.

"Tudo o que ele queria discutir era o fair-play financeiro, quando visivelmente já havia assinado outra coisa", acrescentou. Mas as palavras mais duras foram para o presidente da Juventus, Andrea Agnelli, "a maior decepção de todas".

Até ao anúncio da Superliga Europeia, era presidente da Associação Europeia de Clubes (European Club Association, ECA), membro do Comitê Executivo da Uefa e figura próxima de Ceferin, que é padrinho da sua filha. "Nunca vi ninguém mentir com tanta frequência e tanta persistência. É incrível. Falei com ele no sábado à tarde. Ele me disse para não me preocupar, havia boatos de que ele me ligaria em uma hora. Aí ele desligou o telefone dele", contou.

Represálias

Embora seja "muito cedo" para especificar quais as medidas legais que a Uefa irá tomar, o organismo irá acionar os seus consultores jurídicos na terça-feira, anunciou Aleksander Ceferin. Mas, no momento, foi destacado que "os jogadores que disputam a Superliga não poderão participar da Copa do Mundo e da Eurocopa, não serão autorizados a representar as suas seleções.

Aleksander Ceferin diz ter o apoio do presidente da Fifa, Gianni Infantino, que deve "condenar veementemente o projeto" em um discurso na terça-feira. Por outro lado, a Uefa "está em contato com as ligas nacionais", que podem decidir excluir clubes dissidentes.

Se o campeonato não garantir vaga  para a Superliga, “vocês que acreditam que alguém vai jogar a sério?”, perguntou antes de responder: “Não, vão colocar uma equipe B, C ou D, não vai importar para eles”.

A futura Liga dos Campeões, aprovada

A Uefa oficializou nesta segunda-feira o novo formato da Liga dos Campeões a ser adotado a partir de 2024, aumentando de 32 para 36 clubes e uma remodelação radical da fase de grupos. Esta reforma "irá permitir a viabilidade, prosperidade e crescimento a longo prazo para todos no futebol europeu", disse o dirigente.

O que acontecerá com os clubes dissidentes da Superliga Europeia? "Faremos (o novo formato da Liga dos Campeões) com eles ou sem eles", acrescentou Ceferin, deixando a porta aberta a um eventual regresso das equipes que se arrependam e decidam regressar às estruturas da Uefa. "Não disse que estão afastados para sempre do futebol europeu (...) Seria um grande passo se um desses clubes dissesse que cometeram um erro", afirmou.

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