Por débito com o Sporting, Sport terá R$ 6 milhões a menos para montagem do time, afirma VP jurídico

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Lucas Holanda

Publicado em 03/03/2021 às 13:03
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O débito que o Sport tem junto ao Sporting, de Portugal, vem tirando o sono da torcida e diretores leoninos, uma vez que o Rubro-Negro está punido pela Fifa e não pode registrar novas contratações, já que não quitou o valor de pouco mais de R$ 6 milhões com o clube português (equivalente a 907.500 mil euros), dívida referente à compra do atacante André, ainda em 2017. No momento, o Sport aguarda o recebimento da premiação pela permanência na Série A, no valor de R$ 11,9 milhões, para pagar à vista esse montante ao Sporting, uma vez que os portugueses não aceitam o parcelamento. No entanto, por conta da quitação da dívida de maneira integral, esse valor será retirado da montagem do time ao longo da temporada, como disse nessa terça-feira o vice-presidente jurídico do Leão, Manuel Veloso, em entrevista ao programa Movimento Esportivo, da Rádio Jornal.

"A proposta que a gente fez foi um dinheiro que estava sendo acumulado na CBF para mostrar boa fé, esse valor ser pago como sinal e a CBF adiantar o resto, mas infelizmente o clube português não está aceitando. Ele só quer o pagamento à vista. E disse que o próximo passo caso a gente não pague é pedir outro tipo de punição ao Sport. Então a gente não tem outra alternativa, é pagar. Pagando esses 6 milhões, ou através de um financiamento, de um empréstimo ou de um sacrifício pessoal do presidente e alguns diretores, como fizeram em 2019, lembrem-se: esse dinheiro vai prejudicar a formatação do time. O torcedor tem que saber que nós vamos ter R$ 6 milhões a menos para fazer o time em 2021 por um dívida de 2017. Hoje a gente não tem esse dinheiro, infelizmente essa é a verdade", pontuou.

Ainda segundo o vice-presidente jurídico do Sport, caso a atual gestão seja reeleita para o biênio 2021-2022, o plano é usar o montante a mais que o time terá no orçamento, no valor de R$ 18 a 20 milhões, para tentar fortalecer o clube em três áreas: base, consórcio de credores (não necessariamente com esse nome) e também na montagem do time. Porém, de acordo com o dirigente, o débito de R$ 6 milhões com o Sporting faz esse montante cair para o total de R$ 12 a 14 milhões, o que diminui o investimento. No entanto, segundo o diretor, o pagamento será feito de todo jeito.

"Nós nunca mentimos nada para o torcedor. O torcedor sempre soube que esse assunto existia, era uma pendência. O Sporting infelizmente não quer fazer acordo conosco. Inclusive um certo candidato foi para Portugal quando era diretor e infelizmente não conseguiu nada. A gente está falando de 900 mil euros, é dinheiro demais. A gente está tentando resolver desde 2019, isso é uma espada nas nossas costas que a gente tenta pagar, mas infelizmente o dinheiro é muito pouco", completou o dirigente.

De acordo com apuração do repórter Antônio Gabriel, da Rádio Jornal, a CBF e a Federação Pernambucana de Futebol estão como interlocutores do Sport junto à Federação Portuguesa. A entidade máxima do futebol brasileiro já repassou aos portugueses que o Leão tem um valor a receber e que o dinheiro deve ser pago nos próximos dias. Desta forma, o Rubro-Negro aguarda o recebimento para quitar o débito junto ao Sporting.

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SPORTING NEGOU TODAS AS PROPOSTAS DO SPORT

Segundo o vice-presidente jurídico do Leão, o Sport até fez três propostas para tentar quitar esse débito com o Sporting, mas todas foram recusadas, já que o débito é de 2017 e até agora o clube português não recebeu absolutamente nada, desejando o pagamento apenas de forma à vista. O time de Portugal alega que o Leão usou o jogador, teve o retorno técnico, conseguiu vender (André foi para o Grêmio em 2018 e o Rubro-Negro recebeu cerca de R$10 milhões pelo atacante) e mesmo assim não cumpriu o que tinha acordado com o Sporting.

"A gente tentou vários acordos, oferecendo vários parcelamentos. Chegou até um procedimento para a CBF adiantar isso. Só que a detentora dos direitos televisivos não quis concordar com isso porque a gente não tinha a garantia que iria ficar na A. Como a gente não tinha essa garantia, a gente não sabia quanto iria receber. Ela obviamente não quis arriscar, já que a gente devia 16 milhões para ela, e aí o acordo lá atrás não saiu em razão disso", detalhou.

"E quando a gente conseguiu outro financiamento, veio a pandemia e aí travou tudo. Ficamos com isso nas costas e sem poder pagar. Aí veio a multa do Oleiros, que foi outro jogador que contrataram , não pagaram e a gente teve que pagar 44 mil euros. Infelizmente a gente nunca faz o ideal, faz o possível. A gente tem que escolher a quem pagar, é algo muito difícil. A gente não pagou porque não pôde. Ou a gente paga agora, ou a gente paga agora. E infelizmente vai ter que sair R$ 6 milhões do caixa", completou o VP jurídico.

Punido desde a última segunda-feira, o Sport não pode inscrever novas contratações, como a do atacante Maxwell, já acertado com o Leão. No entanto, apesar da punição, o Rubro-Negro tem como as renovações, como as extensões dos volantes Ronaldo e Marcão, do meia Thiago Neves e do técnico Jair Ventura. Até a publicação desta matéria, nenhuma renovação foi registrada.

ENTENDA O CASO

Na gestão do ex-presidente Arnaldo Barros, em 2017, o Sport acertou a compra de 50% dos direitos econômicos do atacante André. No entanto, o Sporting alega que não recebeu nenhum pagamento do clube pernambucano, até mesmo depois que o Leão vendeu o jogador ao Grêmio pelo valor total de cerca de R$ 10 milhões no ano seguinte. Dessa maneira, o time europeu entrou com uma ação na Fifa, em janeiro de 2020, cobrando o débito.

NÃO É A PRIMEIRA VEZ

Em 2020, o Sport sofreu dois bloqueios do mesmo tipo. O primeiro por causa de uma dívida com o meia Mark González e o segundo devido ao débito com o Oleiros, de Portugal, em torno do também meia Diego Felipe. A diferença entre esses dois processos é que o caso de Mark estava correndo na Câmara Nacional de Resolução e Disputa (CNRD) e o impasse com o Oleiros na Fifa. Mas, em ambos, o Leão ficou impossibilitado de regularizar atletas.

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