"O futebol te leva aonde ele quer", diz Pochettino sobre comandar a seleção da Argentina

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Davi Saboya

Publicado em 02/03/2021 às 9:03
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AFP - O técnico argentino do Paris Saint Germain, Mauricio Pochettino, em entrevista à AFP, disse nessa segunda-feira, que não sabe se a possibilidade de comandar a seleção argentina um dia cruzará seu caminho, no futuro.

Pochettino, que se prepara para o jogo de volta das oitavas-de-final da Liga dos Campeões, diante do Barcelona, depois de ter vencido por 4 a 1 na ida no Camp Nou, ecoa, neste sentido, um conselho que lhe foi dado por um dos seus mentores no Newell's Old Boys de Rosario, Jorge Griffa, que foi o treinador das categorias de base do clube.

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Pergunta: Com a carreira que você está construindo na Europa, seu nome às vezes aparece como um futuro técnico da seleção argentina, a médio ou longo prazo. Quando seria?

Resposta: "Não sei. Existem treinadores argentinos muito bons, muitos jovens como eu. Tem que haver uma circunstância, o 'timing' vai ser importante. Jorge Griffa me disse que o futebol vai te levar aonde o futebol quiser, não onde você quer ir e que quando o futebol tomar essa decisão você tem que estar preparado, então você sempre tem que se preparar para qualquer eventualidade. Sigo à risca os conselhos que o Jorge me deu quando eu era garoto".

P: Você é um dos últimos grandes nomes de Santa Fé a emergir como treinador de ponta, depois de César Menotti, Marcelo Bielsa, o próprio Griffa, Lionel Scaloni, Jorge Sampaoli, Gerardo Martino, Edgardo Bauza. Por que surgem tantos treinadores gabaritados, além de jogadores, na província de Santa Fé?

R: "Muitos técnicos saíram do Newell's Old Boys. E a influência de Jorge Griffa e Marcelo Bielsa teve muito a ver com isso. Quando há educadores como Jorge Griffa e Marcelo Bielsa, acho que os alunos aprendem da forma correta. São líderes, personalidades e personagens que inspiram as pessoas, que inspiraram seus jogadores e, neste caso, todos nos sentimos felizes por ter encontrado inspiração nesses grandes mestres para desenvolver mais tarde nossas carreiras. Acho que aí está o segredo, nessa liderança que eles transmitiram. Muitos destes nomes passaram pelas mãos de Jorge Griffa e Marcelo Bielsa".

P: Justamente Mauricio Pochettino é classificado como aluno de Marcelo Bielsa pelo seu estilo de jogo. Você ainda mantém contato com Bielsa?

R: "Não sou amigo dele, sou uma pessoa bastante sortuda por ser um jogador que esteve intimamente ligado, intimamente relacionado ao Marcelo, porque passamos muitos anos juntos. Também não me considero um discípulo, porque não estudei com ele, não trabalhei com ele para ser treinador. Sim, tive uma carreira onde coincidimos, onde fui jogador dele por muitos anos. Para mim, para ser discípulo, temos que falar mais de muitos ex-jogadores que foram se formar com o Marcelo e beberam da fonte dele. Eu me formei por outro caminho. Me formei como treinador na Espanha, nos cursos da federação espanhola. Tive professores como Xabier Azkargorta. Passei mais de dois anos com ele e aprendi muito. Ele me deu muita experiência, mas não me considero um discípulo do Marcelo".

P: Agora você tem sob seu comando um jogador de Rosario no Paris Saint Germain, Angel Di María. Na Argentina, muitos acham que sua ausência na final da Copa do Mundo de 2014 (derrota de 1 a 0 para a Alemanha) foi importante e que com ele a seleção 'albiceleste' teria vencido. O que ganha uma equipe ao ter Di María e o que ela perde, como o PSG agora, quando ele se machuca?

R: "A beleza do futebol é que todos podemos ter uma opinião e todos podemos falar com o jornal na segunda-feira, como sempre dizemos. Quando você ganha, está tudo bem, mas quando você perde, dizem que teriam feito isso, teriam mudado tudo. Entendemos isso, nós que estamos há alguns anos neste esporte que movimenta tantas emoções e paixões. Ángel é um jogador já com experiência. Ele tem mostrado seu nível em cada equipe em que atuou, é um jogador com enorme talento e isso não passa despercebido. Vai ser um jogador importante em qualquer equipe em que estiver".

P: Você cresceu no Newell's Old Boys como jogador e amadureceu no Espanyol de Barcelona. Com qual clube você se identifica mais?

R: "A resposta é muito difícil. Em cada período foi algo que senti e vivi com muita intensidade. Pude chegar ao Newell's Old Boys aos treze anos, realizando o sonho de criança, jogando em todas as categorias de base. Começar a lutar pela camisa, estrear e ganhar títulos com o clube que te vê nascer é algo único, que te marca pelo resto da vida. O que acontece é que depois também foram muitos anos no Espanyol. E a gente começa a criar outros laços. Os meus filhos nasceram em Barcelona e se tornaram torcedores do Espanyol porque foi a fase que acompanharam quando fui jogador e depois treinador. De quem você gosta mais gosta mais: da mãe ou do pai? Você ama os dois. Ambos são diferentes. Você não pode escolher um ou outro".

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