Os erros do VAR e o grito de desespero do Sport
Como era esperado, a partida Sport 0 x 1 Palmeiras, no último sábado, ia render muita polêmica. Em tempos de redes, o assunto rende mais ainda. Desde o momento que o árbitro Dyorgenes José Padovani anulou o pênalti que marcou, após conferir o VAR, e sequer conferiu o árbitro de vídeo num lance em Hernane foi derrubado dentro da área. Os torcedores, jogadores, comissão técnica reclamaram muito da arbitragem. Com toda razão. Mas, infelizmente, quem perdeu a razão foi quem não poderia perder: a diretoria do Sport.
O assunto merece ser discutido em partes.
Primeiro, o VAR:
Quando se falou, nos primórdios, que a tecnologia seria instalada no futebol, eu fui contra. Digo logo. Fui contra mesmo por um motivo mais arcaico possível. Eu ficava pensando... pôxa, se coloca a tal tecnologia, o que será das resenhas pós-jogo? Que injusto fui eu (e provinciano), já que não iria pensar os que perderam jogos importantes por aqueles erros bizarros de arbitragem.
E quando de fato o VAR foi implantado, fiquei mais maleável. Mas com uma certeza: a polêmica não vai acabar. Muitas das regras do futebol cabem interpretações. Sendo assim, mesmo com imagens, um lance pode ser visto de forma diferente por árbitros, cronistas, torcedores, dirigentes... etc. O toque na mão, por exemplo, já mudou de critério muitas vezes. E causa polêmica. Muita. O VAR chegou naquela partida Sport x Salgueiro, pelo Estadual. E foi uma confusão. As confusões continuam. Sem falar que é um saco esperar cerca de 5 minutos para o árbitro tomar uma decisão. Uma insegurança de fazer medo.
Agora, vamos ao jogo de sábado. Ou melhor, ao desdobramento dele.
Para mim, o árbitro da partida Sport x Palmeiras errou três vezes. Teve pênalti em Jonatan Gomez, que poucos estão falando, mas o jogador rubro-negro foi derrubado. O lance em Hernane foi Kong fu, ou outra arte marcial, menos futebol. E o lance da mão de Rony, mais difícil de ser marcado, mas que eu acho que o jogador palmeirense levanta o braço quando a bola vem em sua direção. O árbitro marcou e voltou atrás por causa do VAR. Em outra partida, o VAR confirmou pênalti em lance semelhante.
Aí, vem o Sport com um capítulo absurdo. Quer que a CBF retire o VAR dos jogos da Ilha do Retiro. Isso não vai acontecer. Podem tirar o cavalinho da chuva. Porque a entidade vai tirar só de um clube? Outra coisa, o Sport poderia estar numa situação bem pior no Brasileiro se não houvesse o tal árbitro de vídeo. Basta lembrar dos jogos contra o Grêmio, Bahia e, recentemente, Fortaleza. O Leão também pediu a anulação da partida contra o Palmeiras. Também não vai acontecer. Fico imaginando a CBF acatando tal solicitação. Que baderna seria. Por fim, o diretor Fred Domingos, em entrevista à Rádio Jornal, pediu o afastamento do chefe da comissão de arbitragem, Leonardo Gaciba.
O clube rubro-negro tem todo direito de reclamar. Afinal, foram três lances que poderiam originar o gol de empate do Sport contra o Palmeiras. Ou até da virada. Sabe-se lá o que poderia acontecer. Mas mudaria a história da partida, com certeza. Mas a postura do Leão não pode ser mergulhada na emoção. Porque aí soa como bravata. A própria diretoria sabe que não vai conseguir nada do que divulgou. Façam a queixa, reclamem, mostrem que foram prejudicados e que a arbitragem precisa de uma reciclagem para se entender melhor com o árbitro de vídeo. No entanto, é preciso ter os pés no chão e a cabeça no lugar. Para que a reclamação não pareça simplesmente um grito de desespero.