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Uma relação conflituosa: Maradona e os Estados Unidos

Davi Saboya
Davi Saboya
Publicado em 28/11/2020 às 15:06
Maradona: o polêmico ídolo. Foto: AFP
Maradona: o polêmico ídolo. Foto: AFP

AFP - Reverenciado em todo o continente americano, Diego Armando Maradona manteve uma relação complexa com os Estados Unidos, que incluiu polêmicas políticas e sua expulsão da Copa do Mundo de 1994 por doping, onde nasceu o famoso "cortaram minhas pernas".

Em um país onde o futebol não está entre os esportes mais populares, a morte do craque argentino ocupou lugar de destaque na quinta-feira nas capas e chamadas dos principais meios de comunicação.

"O gênio atormentado do futebol", intitulou o New York Times para a capa do camisa 10.

Outros jornais, como The Washington Post e Los Angeles Times, também dedicaram espaços ao "herói do futebol argentino", todos com uma foto de Maradona hasteada com o troféu da Copa do Mundo de 1986, no Estádio Azteca.

O AMARGO USA-1994

Se a Copa do Mundo mexicana foi o ápice da atuação de Maradona, os Estados Unidos significaram, em vez disso, o fim abrupto e chocante de sua carreira na Albiceleste.

O gênio do Villa Fiorito concordou em retornar à seleção nacional para ajudá-la a se classificar em uma dramática repescagem.

No início de sua quarta Copa do Mundo, com 33 anos e sem seleção, Maradona empolgou seu país mais uma vez ao liderar em Boston uma espetacular primeira vitória por 4 a 0 sobre a Grécia, na qual marcou um dos gols, celebrado com entusiasmo frente às câmeras.

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No segundo jogo, novamente em Boston, onde a Argentina venceu a Nigéria por 2 a 1 com um gol de Maradona na assistência de Claudio Caniggia, uma de suas imagens mais icônicas aconteceu quando ele deixou o campo do Foxboro Stadium (Massachusetts), nas mãos de uma enfermeira a caminho do teste de doping.

Três dias depois, a Argentina e todo o mundo do futebol ficaram em estado de choque ao saber que Maradona havia testado positivo para cinco substâncias com efeitos estimulantes, sendo expulso da Copa do Mundo, levando também a uma suspensão de 15 meses pela FIFA.

"Cortaram minhas pernas", declarou Maradona, que sempre negou sua responsabilidade no positivo, culpando um medicamento contra a gripe.

"Meus braços estão caídos, minha alma está despedaçada. Quero que fique claro para todos os argentinos que não corri para as drogas, corri pela camisa", disse o líder da seleção argentina que, totalmente abatido, foi eliminado nas oitavas de final pela Romênia.

REJEIÇÃO A BUSH E TRUMP

Maradona nunca mais voltou aos Estados Unidos após sua saída da Copa do Mundo e desde então teve vários episódios problemáticos com suas autoridades.

Junto com Hugo Chávez e outros líderes da esquerda latino-americana, Maradona fez campanha contra o projeto de George W. Bush da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) e contra sua visita a Mar del Plata (Argentina) para a Cúpula do Américas de 2005.

Maradona então chamou Bush de "assassino" por anunciar a guerra do Iraque em 2003.

Em 2018, o argentino queria estar presente no processo cível contra sua ex-mulher Claudia Villafañe em Miami mas, segundo seu advogado Matías Morla, os Estados Unidos não lhe concederam visto para viajar.

Morla disse que o pedido foi interrompido depois que Maradona disse que o presidente Donald Trump é um "chirolita" (fantoche).

ÍDOLO DE KOBE E OUTROS ASTROS

Esses incidentes, no entanto, não diminuíram a admiração nos Estados Unidos por um dos melhores atletas da história.

O ex-astro da NBA, do Los Angeles Lakers, Kobe Bryant - outro gigante do esporte que morreu em 2020 - reconheceu há alguns anos que o argentino foi uma de suas figuras mais adoradas durante o período em que viveu na Itália.

"Maradona, meu ídolo. Eu amo Maradona. Quando eu era pequeno, na Itália, sempre olhei para Maradona quando ele jogava pelo Napoli", contou Bryant, que morreu em 26 de janeiro em um acidente de helicóptero.

O jogador também contou a emoção que sentiu no primeiro encontro com Maradona, durante os Jogos Olímpicos de 2008, pedindo-lhe um autógrafo e para que tirassem uma foto juntos.

Na quarta-feira, horas após a morte do argentino, outras personalidades do esporte americano expressaram seus sentimentos pela perda.

"A Mão de Deus, Maradona, nos deixou. Em 1986, ambos ganhamos nossos campeonatos. Eles costumavam nos comparar. Ele era um dos meus heróis e um amigo. Eu o respeitava muito. Sentiremos muitas saudades", escreveu no Twitter o lendário boxeador, Mike Tyson, que em 2005 foi um dos astros convidados para o programa de televisão de Maradona, "La noche del 10".

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