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Clássico das Multidões esvaziado: torcedores de Sport e Santa Cruz relatam sensações para a partida

Lucas Holanda
Lucas Holanda
Publicado em 19/07/2020 às 11:02
Clássico das multidões será com portões fechados. Fotos: Arquivo pessoal
Clássico das multidões será com portões fechados. Fotos: Arquivo pessoal

POR LUCAS HOLANDA E LOURENÇO GADÊLHA

Um clássico conhecido por levar multidões para o Arruda ou Ilha do Retiro, mas que neste domingo será esvaziado. Por conta da pandemia do novo coronavírus, a partida entre Sport x Santa Cruz será com portões fechados. Além disso, os torcedores não vão poder se encontrarem em bares - seja nos arredores do estádio ou em outro lugar - e também se reunirem na casa de alguém para assistirem ao clássico, por conta das recomendações de distanciamento social.

Aos 21 anos, Ian Rio, torcedor do Sport e que é assistente de auditoria, já acompanhou diversos Clássicos das Multidões. No entanto, no único duelo dos rivais em 2020 ele não teve como ir ao jogo - foi a última partida do Leão recebendo público na Ilha do Retiro. Para o rubro-negro, ter um clássico desta dimensão com portões fechados e no meio de uma pandemia, é um cenário bem triste e frustrante. "Antes de tudo é válido ressaltar que não é o momento ideal para o retorno do futebol pela quantidade de casos que existem e dos novos diários, mas já que vai voltar... Vamos aproveitar para matar a saudade dos nossos times, né?", comentou Ian, que completa explicando o sentimento para a partida deste domingo.

"É um pouco frustrante ter um clássico das multidões nessa situação. Já são poucos os confrontos durante o ano entre os dois times e é justamente o jogo de maior rivalidade. É um tipo de jogo que tem muito engajamento entre os torcedores e você faz de tudo para estar presente, seja na Ilha ou no Arruda. Quando não (consegue ir), você sempre se junta com uma turma para assistir e estamos impedidos disso. Entendo que é para o bem coletivo, mas é um pouco triste ter este clássico sem torcida e no meio de uma pandemia", afirmou Ian, que finaliza comentando sua expectativa para o jogo.

"Em relação à ansiedade, aqui continua alta, pelo fato de estarmos há muito tempo sem jogo e, por ser um clássico, querendo ou não bate um pouco de nervosismo e ansiedade até para matar a saudade também. O que diminui é a animação, já que vou acordar no dia e não vou me preparar para ir ao estádio ou ver os amigos, terei que ficar em casa só aguardando o horário do jogo para assistir", finalizou o torcedor do Sport.

Ian no gramado da Ilha do Retiro após o Sport confirmar o acesso à Série A de 2020. Foto: Acervo Pessoal

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Mariana Dourado, servidora pública de Pernambuco e torcedora do Sport, já viveu muitas emoções no Clássico das Multidões. Aos 34 anos, ela esteve presente no último duelo entre os rivais, no dia 7 de março, na Ilha do Retiro, onde o Leão venceu o Tricolor por 1x0. Sobre a emoção do jogo deste domingo, a torcedora rubro-negra acredita que será uma peleja estranha, especialmente pelo fato da pandemia ter impossibilitado a confraternização no próprio estádio ou em outro lugar.

"Posso definir que é muito estranho. Já há alguns anos, grande parte da graça da experiência do jogo para mim consiste em chegar um pouco antes no estádio, me reunir com os amigos, cornetar a escalação e, de repente, até abraçar um desconhecido na hora de um gol mais comemorado. Então tirar esse aspecto da confraternização, em que todos estão ali reunidos pelo mesmo objetivo é, de fato, muito estranho", explicou a torcedora, que completa falando da expectativa para o clássico.

"Como disse, hoje em dia grande parte da graça de frequentar o estádio é, em última análise, encontrar com os amigos e viver aquele momento em que dezenas de milhares de pessoas estão concentradas em torno de um só objetivo. Com certeza, ver pela televisão, ainda que acompanhando com outras pessoas pelas redes sociais, não será a mesma coisa. Fora que todo o entorno incerto acerca da situação sobre a pandemia deixa a gente na dúvida se essa volta não está sendo precipitada e, por isso, além de tudo, gera uma certa preocupação", finalizou Mariana Dourado.

Mariana Dourado e um amigo na sede do Sport antes de uma partida. Foto: Acervo Pessoal.

Aos 32 anos, Wellington Dias, torcedor do Sport e assistente administrativo, já viveu diversas emoções na Ilha do Retiro. No entanto, para ele nada se compara ao Clássico das Multidões. Assim como Mariana, ele também esteve no último duelo entre os rivais e carrega boas lembranças daquela partida. O rubro-negro entende que a partida sem torcida é uma atitude necessária, mas lamenta pelo fato do espetáculo acontecer desta forma: sem poder curtir com os amigos e também em meio à pandemia do coronavírus.

"Será uma sensação estranha (assistir ao jogo de domingo). O Clássico das Multidões é o jogo mais emocionante para ir ao estádio, pela festa das torcidas e por ter o estádio cheio. É um jogo que ninguém quer perder. O último clássico aconteceu em março e também foi na Ilha. Eu estava lá com os amigos e saímos com a vitória, mas desta vez será diferente. Além de não poder ir ao campo, será cada um torcendo de casa, sem ter como fazer aquela resenha com os amigos", detalha Wellington, que finaliza comentando sobre a sua expectativa para o duelo.

"O Clássico das Multidões por si só já gera expectativa. Semana de clássico é diferente. É um jogo que para a cidade. Quem frequenta o estádio, sabe que o clima é outro. Num cenário normal, com certeza a Ilha estaria cheia no domingo. Quando toca a corneta e o cazá, cazá antes do jogo, arrepia qualquer um. Só que desta vez a Ilha estará vazia e isso quebra um pouco o clima de clássico", afirmou o rubro-negro.

Wellington no setor da cadeira central na Ilha do Retiro. Foto: Acervo Pessoal.

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LADO TRICOLOR

No lado tricolor, o sentimento de estranheza em relação a um Clássico das Multidões sem torcida não é diferente. Apaixonado pelo Santa Cruz, o estudante Lucas Fernandes, 21, lamenta não poder ir ao tradicional clássico deste domingo na Ilha do Retiro, estádio onde pôde comemorar a conquista de três campeonatos estaduais em cima do rival na última década. “É um sentimento de tristeza porque não poderei estar presente fisicamente na casa do meu maior rival, onde a gente já tem o costume de fazer festa por lá. Mas entendo o momento atípico que o país e o mundo vive e que merece, de fato, todas as preocupações. A torcida vai fazer falta porque não vai ter aquele 12º jogador que dá força para os jogadores”, disse.

Presente na última derrota para o Sport na Copa do Nordeste, quando o Santa Cruz perdeu por 1 a 0 na Ilha do Retiro, no dia 7 de março, Lucas demonstrou confiança para um desfecho positivo desta vez. O estudante relata que vai assistir o jogo ao lado da família, todos tricolores, além de está planejando uma videochamada com os amigos para criar a atmosfera habitual que se cria em relação ao Clássico das Multidões.

“Será uma videochamada com os amigos para fazer o pré-jogo e dar uma animada com as músicas do time. A expectativa é a melhor possível. Vejo os jogadores bem concentrados, que não caíram na provocação do adversário, na figura do jogador Leandro Barcia. Estamos entalados com aquela derrota (Copa do Nordeste) e vamos com tudo para vencer o Sport. Em caso de vitória, vamos continuar a resenha para comemorar com os amigos a participação do Sport no quadrangular do rebaixamento”, assegurou.

Lucas vai fazer uma videochamada com os amigos antes da partida. Foto: Acervo Pessoal

Presente em todos os jogos do Santa Cruz no Arruda neste ano, o produtor cultural Raul Cavalcanti não esteve presente na Ilha do Retiro no último duelo entre as equipes antes da pandemia. Agora, com a volta do futebol em Pernambuco, o torcedor classificou como um “momento de tristeza” a realização de um clássico desta magnitude sem a presença do torcedor. “Clássico das Multidões sem torcida é uma coisa que não combina mesmo. É atípico, mas é atípico para todo mundo. Essa realidade é muito cruel. A torcida vai fazer falta para os dois times, até mais para o Sport que joga em casa e precisa do resultado para garantir a classificação no Pernambucano. Um clássico das Multidões sem público é algo bem impactante mesmo”, lamentou.

À viagem em São Paulo desde a última quinta-feira (16), Raul afirma que está “quebrando a cabeça” junto com o filho para arrumar uma forma de assistir o Clássico das Multidões na capital paulista. “Estamos tentando fazer uma gambiarra para assistir o jogo. Vamos tentar colocar no computador e jogar para a TV através do cabo HDMI. Estamos na ansiedade para ver o jogo, trouxe camisa e o clima a gente vai criar na hora. Ninguém quer perder, até porque clássico é clássico. Se nada der certo na TV, a gente bota na Rádio Jornal e escuta”, explicou Raul, admitindo que a pressão maior está no lado rubro-negro, já que o Sport precisa vencer para garantir matematicamente a classificação para o mata-mata.

“O jogo vale muito para o Sport, mas o Santa Cruz está mais tranquilo. Tem a questão da rivalidade, da chance de eliminar o Sport do mata-mata, mas é preciso entender também que os jogadores estão há quatro meses parado e a gente tem um jogo decisivo na Copa do Nordeste. Então, acho que o viável seria poupar alguns jogadores, mas a chance de eliminar o Sport e colocá-los na cova é bem sedutor também. Então se a gente ganhar e o Sport for participar do quadrangular da morte, vai ser greia três anos e três dias seguidos”, brincou o torcedor.

Raul vai assistir o jogo em São Paulo. Foto: Arquivo pessoal

Para o jornalista Asaph Saboia, torcedor do Santa Cruz, a novidade de um Clássico das Multidões sem a presença do público será um fato estranho devido a ausência da tradicional festa que as duas torcidas faziam nos clássicos. “É tudo muito novo. Vai ser estranho demais ver o campo vazio. O Santa Cruz sempre foi muito valente jogando na casa do Leão, acho até que pelo fato de estar em desvantagem. O Santa tem muito disso, de ser um time de guerreiros. A adversidade e o domínio do Sport nas arquibancadas, acabava gerando um sentimento de superação no time do Santa Cruz. Foi com esse enredo que vimos o Tricolor ser o campeão da década, com alguns títulos conquistados na Ilha do Retiro”, afirmou o jornalista, relembrando vitórias emblemáticas do Santa Cruz na casa do rival.

Apesar de assistir o jogo sozinho, Asaph conta que a tradicional resenha vai se intensificar ainda mais nas redes sociais e nos celulares. Esse novo momento levou torcedores a transferirem a rotina de comemorações nos estádios para celebrações no mundo virtual. “Jogar com o Sport é sempre assim, você já começa o dia nervoso. Vou comentar tudo através dos grupos nas redes sociais. Cada lance, é um áudio. Vou cornetar muito, só que através da tela do celular. Acho que isso ajuda ainda mais a gerar este ambiente de clássico. É uma partida que não tem favorito, mas estou confiante em despacharmos o Leão em plena Ilha e com gol de Jeremias”, projetou.

“Com este isolamento, a resenha do pós-jogo vai ser ainda mais imediata. É o juiz apitando e as redes sociais começarão a encher das famosas resenhas. Quem ganha, passa um dia tirando onda. Quem perde, fica torcendo para esse tempo acabar logo”, acrescentou o jornalista Asaph Saboia.

Por fim, Saboia acredita que o negacionismo em relação ao coronavírus acabou apressando a retomada das partidas. Por isso, ele alerta que apesar de toda tristeza em relação a um Clássico das Multidões sem torcida, o momento exige prudência de todos envolvidos, inclusive, as torcidas dos clubes. “Espero que seja mantido a ausência de torcida por um bom tempo. Vai ser chato, vai. Mas é melhor a chatice com vida do que uma euforia com mortes e propagação do coronavírus. Se tivesse o poder, eu esperaria um pouco mais para retomar o futebol em Pernambuco e no Brasil. O momento é de muita prudência”, avaliou o torcedor tricolor.

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