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Meia pernambucano relata volta do futebol na Coréia do Sul após pandemia do coronavírus

Filipe Farias
Filipe Farias
Publicado em 31/05/2020 às 8:22
Foto: Busan Ipark/ divulgação
Foto: Busan Ipark/ divulgação

Brasil e Coréia do Sul não estão distantes apenas na quilometragem (17.594 km o separam). Os números de casos da covid-19 apresentados pelos dois países também estão bem distantes um do outro. Enquanto a nossa pátria tem uma quantidade alarmante de infectados (mais de 440 mil casos confirmados e mais de 26 mil mortes), no país asiático a situação é muito mais controlada, com pouco mais de 11.400 casos e menos de 300 casos fatais. Diante da análise desses cenários díspares, fica mais fácil compreender o porquê o futebol coreano retornou e a retomada das competições brasileiras ainda é uma incógnita.

Atuando no Busan Ipark, da Coréia do Sul, desde a temporada 2017, o meia pernambucano Rômulo relatou que o governo coreano foi bastante eficiente no combate à pandemia do novo coronavírus. Além disso, a educação e a consciência da população coreana foram fundamentais para evitar o surgimento de novos casos da covid-19. "Claro que no começo da pandemia foi um pouco assustador porque não tínhamos a informação completa desse novo vírus e o que ia acontecer no país. Mas a Coréia do Sul conseguiu realizar uma grande campanha no combate à covid-19... Aqui teve um sistema de monitoramento online, o governo fez vários testes em massa. Um exemplo: aqui, se um vizinho ficasse infectado, eu ficava sabendo por esse monitoramento online, pois eles (o governo) enviavam alertas de emergência. Também nos avisava os locais que as pessoas infectadas passaram nos nove dias e, se a gente tivesse passado, éramos obrigados a ir a um posto de saúde para realizar os testes", explicou o meio-campista, em entrevista à reportagem do Jornal do Commercio.

Segundo o meia de 24 anos, o país asiático não precisou do 'lockdown'. "O isolamento aqui nunca foi obrigatório. Foi mais conscientização da população. O governo pedia para ficar em casa, que os trabalhos fossem realizados de casa, mas as coisas nunca foram fechadas. Tudo permaneceu aberto. Funcionou porque a população respeitou esse momento e conseguiu ter essa consciência de ficar em casa e não disseminar o vírus. A única coisa que foi fechada foram as escolas. Mas, fora isso, nada foi obrigatório fechar. O que acontece aqui é que se uma pessoa infectada passou por um estabelecimento, esse lugar é obrigado a fechar (para desinfectar)", contou Rômulo. "Hoje a pandemia está controlada. Semana retrasada uma pessoa infectada passou por três boates e acabou infectando em torno de 100 a 200 pessoas. O governo coreano correu atrás e identificou todas as pessoas e elas ficaram em quarentena. Do resto, a população vive a sua rotina normal, claro que com as devidas precauções e cautela, pois sabemos que a qualquer momento pode surgir uma segunda onda de infectados", complementou.

A temporada 2020 da K-League (Primeira Divisão do Campeonato Sul Coreano) já está rolando há um mês, com a primeira rodada sendo disputada no dia 5 de maio. O meio-campista pernambucano não escondeu o receio de retornar aos gramados. "Ficamos apreensivos para saber como seria esse retorno. Um pouco ansioso para ver o que estaria por vir pela frente. A família não chegou a ficar preocupada, pois sabe como a saúde é tratada com a devida importância pelos coreanos. O campeonato aqui só começou quando a pandemia estava controlada. Temos os procedimentos nos treinos... Precaução e cautela normais, evitar abraçar muito, cada um tem a sua garrafa de água e de isotônico. O Busan Ipark é um grande clube e propõe aos jogadores toda a estrutura de segurança à saúde. Em primeiro lugar está a saúde dos atletas e dos funcionários e tomamos todos os cuidados com isso. Medimos a temperatura corporal quando chegamos e quando saímos. Virou uma rotina", revelou Rômulo, que quando não está trabalhando, diz se manter confinado com a família. "Tenho uma filha pequena e que não está acostumada com a máscara. Então, não posso sair muito. E, diante dessa situação de pandemia, tenho optado por não sair mesmo. Minha rotina é trabalho e casa. Só quando precisa, eu vou no mercado e volto. Aqui a população já tinha esse costume de usar a máscara e isso nos dá mais tranquilidade, de ver que todos se cuidam".

Dentro de campo, com a bola rolando, Rômulo descreveu as diferenças que ele observou nas partidas após a pandemia. "A volta dos jogos, infelizmente, aconteceu sem a presença do nosso torcedor. Mas, pelo que o mundo vive, concordo que tenha de ser assim, pois a saúde do ser humano em primeiro lugar. Tivemos alguns protocolos impostos pela federação, como não poder se abraçar em campo, não podemos entrar perfilados, evitar nos cumprimentarmos com as mãos, no gol não comemorar juntos. Sabemos que tudo isso é difícil, pois futebol é emoção e sem ela não valeria a pena jogar, mas procuramos cumprir ao máximo as regras impostas pela federação. Minha avaliação é positiva. É um sinal que aqui a volta está voltando ao normal, que o país está mostrando ao mundo que realizou grandes campanhas e hoje pode dar esse grande exemplo no combate ao coronavírus, pois foi o primeiro país das grandes ligar a voltar com o futebol", declarou o meia, que já marcou gol nesse início de campeonato coreano.

Diante da experiência que está vivenciando na Coréia do Sul e do que enxerga à distância do Brasil, o meia pernambucano acredita que ainda é cedo para o futebol brasileiro retornar a normalidade. "Eu acredito que é pouco cedo para falar sobre isso, sobre a volta futebol no Brasil. Porque o futebol não envolve só os jogadores, mas muitas pessoas que não entram em campo e fazem parte do futebol também. O momento que o País está passando é difícil, com muitas vidas perdidas infelizmente. Todas as vidas importam e, por isso, acho que é muito cedo para voltar o futebol. É preciso mais cautela, porque pelo que eu vivi aqui (na Coréia do Sul), o futebol só voltou depois que a pandemia foi controlada. Acredito que o mais complicado de colocar em prática no Brasil é a conscientização da população, até porque o País é muito grande. Então, fica difícil de controlar (a pandemia). O que importa nesse momento é a conscientização das pessoas, pois infelizmente a população não é consciente do que está acontecendo no mundo e no Brasil como um todo. Se houvesse mais essa conscientização, o Brasil talvez não estaria atravessando esse momento difícil. Mas acredito que o País vai sair dessa. Oro bastante pra isso", desejou Rômulo.

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