A sinceridade que Itamar Schulle vem demonstrando nas entrevistas, cobrando dirigentes, expõe um lado amador de um esporte cada vez mais profissionalizado. E o técnico do Santa Cruz não é exceção, num futebol que ainda não encontrou a fórmula de gestão ou co-gestão para dirigentes e funcionários.
Em qualquer cadeia de comando, seja em multinacional ou em pequenas empresas, o gestor manda. O empregado cumpre. Itamar sabe disso. Mas também é ciente que a cobrança maior é sobre ele, por resultados. Por isso vive pedindo reforços. Expondo a cúpula do clube. Na teoria, treinador deveria se limitar a comandar dentro de campo. Solicitando reforços, claro. Mas não dispensando atleta, vetando outros ou insistir em contratação. Se o clube pode se reforçar, ótimo. Se não tem dinheiro, o ônus deveria ser da gestão.
Itamar não deve ter sido enganado quando aceitou ir para o Santa. Sabia das condições. Mas dá para entender seu lado. Geralmente os dirigentes não cumprem acordos, não dão condições e acabam demitindo para dar satisfação. Esse é o lado amador do profissional futebol brasileiro.