Ao solicitar um transporte via aplicativo, o passageiro não conhece quem é o motorista que vai chegar. Mas, imagine a surpresa de alguns torcedores pernambucanos ao pedir o carro e Cláudio é o que aceita a corrida. Até aí, tudo bem. Ao abrir a porta do carro, atrás do volante está o ex-árbitro Cláudio Mercante. Fora de campo, é assim que ele trabalha atualmente.
Mercante parou de apitar em 2015, aos 39 anos. Ele era um dos principais árbitros do estado e continuou por mais um ano como instrutor de árbitros da Federação Pernambucana de Futebol (FPF). "Depois, a Federação me descartou. Me inscrevi no Uber e até hoje", disse, em entrevista ao Blog do Torcedor nesta sexta-feira (20).
LEIA MAIS:
>Executivo do Santa Cruz confirma negociações avançadas com dois jogadores
>Em meio a críticas, Raul Prata chega à quarta temporada no Sport e se firma no clube
>Como estão Sport e Náutico a um mês do primeiro clássico de 2020
Há três anos, o ex-árbitro é reconhecido por quem gosta de futebol e entra em seu carro. Mercante coleciona as boas histórias, dos elogios ao trabalho. Mas, os torcedores mais rancorosos admitem. "Tem uns que reclamam, diz que já esculhambou. Mas a maioria sempre elogia o trabalho que foi feito", emendou o motorista. Por sua vez, ele prefere evitar as polêmicas como 2011, na famosa final do Campeonato Pernambucano entre Sport e Santa Cruz.
E eu que acabei de solicitar um Uber e somente quando chegou me dei conta que o motorista era o ex-árbitro Cláudio Mercante. Conversamos sobre a final de 2011, quem aí se lembra? ?
Brincadeiras à parte, é um cara arretado. Conheço inclusive familiares do mesmo. pic.twitter.com/Uh5nmqrM7M
— Rafa Contente (@Rafacontente) December 19, 2019
DO APITO PARA O VOLANTE
O trabalho no aplicativo começou pela necessidade. Ao sair da FPF, o ex-árbitro se deparou com um mercado de trabalho ruim. "Vi uma oportunidade boa de ganhar dinheiro honestamente dirigindo pelo aplicativo", contou. Para conseguir tirar um bom salário, ele estipula metas diárias, saindo de manhã cedo e retornando à noite.
Na opinião do ex-árbitro, a maior dificuldade enfrentada é a falta de segurança. "A gente está a mercê, está na rua. Infelizmente, a plataforma ainda não dá essa segurança para o motorista que está trabalhando honestamente", completou.
Durante 20 anos, Cláudio Mercante se dedicou exclusivamente à arbitragem. Agora, apita todos os domingos uma pelada em Jardim Paulista Baixo, na Região Metropolitana do Recife, para não perder a forma e fazer o que gosta. "Quando gosta, não esquece."
A vontade de voltar a instruir existe, mas ele não vê possibilidade por enquanto. Então, segue no volante sendo reconhecido pelos torcedores. Inclusive os mais rancorosos.