Por Carlyle Paes Barreto
Antes mesmo de o termo raiz ganhar projeção, Nereu Pinheiro já o era. Técnico sem frescura. E com talento de descobrir craques. Enquanto treinadores de forma geral querem ser chamados de professores, Nereu era apenas Nereu. Cabelos despenteados, barriga projetada para frente. E popular.
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Nada de extremos desequilibrantes, jogo apoiado ou externos. Com ele era zagueiro, volante, meia e atacantes. Jogou bem, fica. Jogou mal, sai.
Foi assim com o Sport em 1989, levando o Leão ao vice-campeonato na primeira edição da Copa do Brasil. E com erros de arbitragem na final com o Grêmio, que poderia ter lhe colocado em outro patamar.
Dez anos depois, afastou todos medalhões do Santa Cruz. Queriam nada, dizia na época. Preferiu a garotada que mal havia saído da base. Com eles eliminou o poderoso São Caetano, dono da melhora campanha na fase classificatória da Série B. E que viria a ser a sensação do País nos anos seguintes. Vice-campeão brasileiro. Vice da Libertadores.
Nereu também fracassou. Claro. Como qualquer um. Foi e voltou do Sport quatro vezes. Do América. Confiança, Ferroviário, Olinda. Deixando história e estórias por onde passou.
Nunca dava ré ao dirigir. Também não permitia que motoristas o fizesse. Muitas vezes fazendo com que o ônibus que levava seus times desse volta no quarteirão, para não voltar alguns metros. Sem falar nas camisas da sorte. Se ganhava um jogo no inicio do campeonato, iria até o final com ela.
Técnico raiz. E que deixa belos frutos.